ramo segurador se transformou radicalmente nos últimos anos por conta do avanço das tecnologias. A Justos é uma das players que têm acompanhado esse avanço com a adoção de um modelo inovador no mercado de seguros ao integrar tecnologia e análise de dados para tornar os serviços mais acessíveis e personalizados. Com o uso da telemetria, a empresa avalia o comportamento dos motoristas e oferece benefícios diretos a quem dirige de forma segura. Além disso, a gamificação e o foco na prevenção têm ajudado a transformar a experiência do cliente. Para entender essas mudanças e o que esperar para os próximos anos, entrevistamos Dhaval Chadha, CEO da Justos, que explicou como essas tecnologias estão impactando o setor e quais são as principais tendências para 2025.

Insurtalks: Se os avanços em inteligência artificial e IoT tornarem possível prever acidentes ou sinistros com alta precisão, ao ponto de ficar próximo dos 90%, como você enxerga o impacto disso na estrutura dos seguros? Poderia haver um modelo em que a prevenção se torne o foco principal em vez da reparação?

Dhaval Chadha: A previsão de acidentes com alta precisão pode revolucionar a indústria de seguros que, a partir da análise de dados confiáveis, conseguirá migrar de um modelo predominantemente reativo para um modelo preventivo. Um exemplo disso é o que fazemos na Justos com o uso de telemetria e dados de comportamento para incentivar a direção responsável. Quando, no futuro, o foco de mudar da reparação para a prevenção, as seguradoras terão um papel mais consultivo, ajudando clientes a evitar riscos e criando um mercado onde precaver-se é tão valorizado quanto proteger-se. É assim que enxergamos o futuro do setor. 

Insurtalks: O uso de sensores em dispositivos conectados está ganhando relevância no mercado. Qual você acha que é o nível de influência dessa tecnologia na redução de custos operacionais?

Dhaval Chadha: Os sensores em dispositivos conectados têm um impacto significativo na redução de custos operacionais, especialmente na identificação de fraudes, detecção precoce de riscos e automação de processos de sinistro. 

É por isso que, na Justos, consideramos essa tecnologia um dos pilares fundamentais para oferecer seguros mais acessíveis e personalizados. São os sensores que possibilitam, por exemplo, avaliar se os motoristas dirigem seguindo as leis de trânsito e, a partir dessa análise, recompensar devidamente aqueles com bom desempenho ao volante com desconto na mensalidade e outros benefícios listados no nosso programa de recompensas. 

Insurtalks: Como o modelo de precificação da Justos, baseado em telemetria veicular, tem impactado a fidelização de clientes, especialmente considerando o benefício da redução de até 30% para motoristas responsáveis?

Dhaval Chadha: Nosso modelo de precificação com base em telemetria tem sido um grande diferencial na fidelização de clientes porque, ao recompensarmos diretamente motoristas responsáveis com descontos de até 30%, criamos um senso de justiça e de transparência muito valorizado pelos nossos segurados. Além disso, eles percebem que têm controle sobre o quanto pagam, o que contribui para um relacionamento de longo prazo baseado em confiança.

Insurtalks: A Justos adota um sistema de pagamento mensal para os seguros. Quais foram os principais aprendizados e desafios ao implementar essa alternativa em um mercado que historicamente trabalha com renovação anual?

Dhaval Chadha: O principal aprendizado foi entender a importância de oferecer flexibilidade e conveniência aos clientes, aspectos que eles valorizam muito. Também notamos que o modelo mensal reduz barreiras financeiras iniciais, permitindo que os segurados ajustem sua cobertura conforme suas necessidades mudam. Além disso, conseguimos oferecer descontos mensais com base no comportamento de direção, devolvendo aos bons motoristas o benefício que merecem. O maior desafio foi educar o mercado sobre essa inovação. Porém, os resultados demonstram uma alta adesão, especialmente entre pessoas que valorizam a praticidade e o uso de tecnologia para reduzir a burocracia.

Insurtalks: Há outras melhorias que estão sendo planejadas para continuar otimizando a experiência do cliente?

Dhaval Chadha: Sim, estamos constantemente trabalhando em melhorias. Um exemplo é a inclusão de novos benefícios mensais no programa de recompensas. Também estamos aprimorando o atendimento, oferecendo suporte 24 horas por telefone e WhatsApp.

Insurtalks: Com a popularização de veículos autônomos e conectados, como você acredita que as seguradoras podem repensar a definição de responsabilidade e risco? O conceito de "bom motorista" ainda será relevante?

Dhaval Chadha: Independentemente de a responsabilidade de risco recair sobre o segurado, a montadora ou o fornecedor de software, a transição para veículos autônomos não muda o fato de que avaliar as habilidades de direção continuará sendo uma parte importante na precificação do seguro. Com os carros conectados, é possível obter sinais mais confiáveis sobre os hábitos de direção (diretamente do veículo em vez de dispositivos externos, acesso à fonte de verdade em relação à velocidade em vez de estimativas por GPS, etc.), e esses sinais relacionados às habilidades de direção só tendem a melhorar.

Insurtalks: A gamificação está ganhando espaço em diversos setores. Você acredita que tecnologias como realidade aumentada ou jogos baseados em comportamentos seguros poderiam ser aplicadas para engajar os clientes e transformar a maneira como eles interagem com seguros?

Dhaval Chadha: De certa forma, é o que fazemos na Justos, afinal, a gamificação é a base do nosso programa de recompensas. Funciona assim: motoristas que dirigem de forma responsável, seguindo critérios como aceleração, velocidade, frenagem e direção focada, acumulam pontos que podem ser trocados por recompensas, como vouchers de Uber, descontos em gasolina e alimentação, além de pontos Livelo. Esse é só um exemplo de como a gamificação tem um enorme potencial no setor de seguros. Também podemos citar o caso de tecnologias como realidade aumentada, as quais têm sido testadas para transformar hábitos de direção por meio de desafios interativos, testando o conhecimento do motorista, colocando sua habilidade ao volante à prova e, portanto, incentivando comportamentos seguros de forma lúdica. No caso da Justos, estamos continuamente avaliando como expandir essas mecânicas de gamificação para torná-las ainda mais interativas e atrativas, promovendo tanto o engajamento quanto a segurança no trânsito.

Insurtalks: A Justos está entre as três melhores seguradoras do Brasil, segundo avaliação no Reclame Aqui. Que práticas ou filosofias internas têm sido essenciais para conquistar e manter esse reconhecimento?

Dhaval Chadha: Acreditamos que essas conquistas se devem, em parte, ao nosso compromisso com a transparência e também à nossa filosofia de que o cliente deve estar no centro de tudo o que fazemos. Desde contratos claros até um suporte ágil e humanizado, priorizamos soluções que realmente atendam às necessidades dos corretores e segurados. Além disso, tem o fato de que investimos continuamente em tecnologia para resolver problemas rapidamente e em canais de comunicação que garantem uma relação próxima com nossos clientes e parceiros.

Insurtalks: Vocês arriscam apontar que tipo de tecnologia pode ter um impacto maior na relação entre seguradoras e consumidores em 2025?

Dhaval Chadha: Aqui, na Justos, nós apostamos nessa combinação de inteligência artificial com IoT — acreditamos que essa “dupla” continuará a ser o maior divisor de águas no mercado. Isso porque é essa capacidade de coletar, analisar e agir em tempo real com base em dados provenientes de sensores conectados, como em veículos, residências e dispositivos pessoais, que permite um nível de personalização e eficiência sem precedentes. Juntas, essas duas tecnologias criarão uma relação mais proativa entre seguradoras, corretores e consumidores, onde, voltando para o início da nossa conversa, o foco será a prevenção e a experiência do cliente.