a última edição do CQCS Insurtech & Innovation, Rosely Boer - Diretora Executiva de Operações e TI Allianz Brasil e Ramón Gomez - Vice-Presidente Comercial da MetLife Brasil contribuíram com seus conhecimentos e experiências durante os painéis: “Tecnologia como caminho para o surgimento e melhora dos produtos” e “O legado dos desafiadores tempos recentes na distribuição de seguros”, respectivamente. A Insurtalks estava presente e separou algumas das várias ideias que se destacaram. Confira abaixo:
Cenário inexplorado requer mais atenção
De acordo com Ramón Gomez, a pandemia foi apenas um catalisador de coisas que já vinham acontecendo e esse catalisador mudou tudo de uma forma definitiva.Nas palavras dele: “As coisas nunca mais vão voltar a ser do jeito que eram antes da pandemia e também não serão do mesmo modo que eram durante a pandemia. Estamos entrando em um novo cenário completamente inexplorado e a gente precisa ficar alerta com algumas coisas (...) Se você avaliar a essência global de movimentos, a Primavera Árabe, Coletes Amarelos, na França, Black Lives Matter e coisas do gênero, o mundo vinha, já na pré-pandemia, em um movimento de ebulição muito grande (...). Várias coisas que aconteceram durante a pandemia, elas nunca mais deixarão de ser parte de como a gente vive, trabalha e etc.”.
As novas gerações e o mercado de trabalho
O vice-presidente comercial da MetLife Brasil fala sobre as novas gerações e o mercado de trabalho: “Pela primeira vez, desde começou o Great Resignation*, as pessoas começaram a falar que era culpa dos millennials. Quando eu comecei a falar dos millennials eles eram uma parcela que estava entrando no mercado de trabalho, hoje eles são 50% de todo o atendimento, compra e etc. Vocês podem observar que o Great Resignation está acontecendo em todas as faixas etárias, por motivos diferentes, mas está acontecendo”.
*Great Resignation (Grande Renúncia, em português), é uma tendência econômica em que os funcionários voluntariamente se demitem em massa de seus empregos.
Fenômeno que merece atenção do mercado
Gomez explica que as pessoas estão se aposentando antecipadamente e, por isso, o mercado está perdendo pessoas com mais experiência. Ele detalha a explicação da seguinte maneira: “Mulheres também estão saindo aos montes dos empregos porque perceberam o que é trabalhar em um lugar, cuidar de filho, viver cozinhando e tudo mais. Então, esse é um fenômeno que eu acho que merece muita atenção por parte de todo o mercado”.
Trabalho híbrido não está mais em pauta
Segundo o vice-presidente comercial da MetLife Brasil, outro ponto importante é que não há mais o que discutir sobre trabalho híbrido. Ele enfatizou: “Isso já passou, já foi, está ultrapassado. A discussão é sobre flexibilidade. O híbrido chegou e não vai embora mais”.
“Se a gente fechar os olhos para isso, a gente corre o risco de ter justamente isso: pessoas que estão dentro da empresa simplesmente pouco mobilizadas para fazer as empresas funcionarem”
Na conclusão de seu raciocínio, Gomez chama a atenção para que o mercado esteja atento às necessidades dos funcionários das seguradoras para que eles continuem fazendo a empresa funcionar: “Acho que é importante ter atenção a essas coisas que estão acontecendo porque nós, como empresários e executivos, não podemos negar as coisas e falar: ‘ Vão voltar a trabalhar, sim e quem não quiser, vá embora’. No Brasil, já são 600 mil demissões e nos níveis mais seniores que têm(...). Se a gente fechar os olhos para isso, a gente corre o risco de ter justamente isso: pessoas que estão dentro da empresa simplesmente pouco mobilizadas para fazer as empresas funcionarem”.
Usar todo o arsenal que a tecnologia permite
Falando da experiência da Allianz, Rosely Boer dá algumas dicas e, sobre dados, ela diz: “Com relação aos dados: repensar bem para quê que a gente aquela informação e como obtém essa informação. É importante se estruturar (...). Testar modelos, testar hipóteses e desafiar o status quo. Estamos tentando rever essas hipóteses e para onde a gente possa conduzir melhor os negócios baseado em IA e em todo esse arsenal que a tecnologia nos permite”.
Projetos tecnológicos
A diretora executiva de operações e TI da Allianz Brasil fala sobre os projetos tecnológicos da Allianz: “Na área de projetos tecnológicos, a gente tem buscado sempre que possível, utilizar uma tecnologia ágil na construção dos projetos e buscar sempre que possível um modelo de mínimo produto viável porque isso permite essa rapidez da gente começar pequeno e ir melhorando as entregas ao longo do tempo e com mais facilidade”.
Tecnologia no Seguro Agro
Falando sobre exemplos de bom uso que a Allianz faz da tecnologia, Boer diz que a empresa implantou, junto com um parceiro da área de informações, um modelo de verificação das coordenadas dos croquis. Ela disse: “A gente consegue verificar aquele risco: se ele está listado nas bases do Ibama, nas bases de institutos de tecnologia, de reservas ambientais, povos indígenas e tudo mais. Isso traz uma assertividade muito grande e mais um upgrade no processo, com uma correta aceitação e uma rapidez no processo todo de emissão do Agro”.
Principais tecnologias da indústria 4.0
Sobre as principais tecnologias da indústria 4.0, Boer destacou:
- Big Data: Todos os dados disponíveis em grande base de dados. Os dados são analisados através de IA (Inteligência Artificial);
- Sistemas de Simulação: Retratam em tempo real o que ocorre no mundo físico em um ambiente virtual e permite testar e ajustar facilmente os processos antes de implantá-los;
- Internet das Coisas (IoT): Os objetos conectados à internet permitem coletar dados em tempo real tornando os processos mais eficientes;
- Computação em Nuvem: Apresenta vantagens como: usar a própria internet para armazenar os dados, redução da necessidade de espaço físico, possibilidade de armazenar quantidades enormes de dados;
- Machine Learning: Aprendizado com base em análise de dados passados e repetições. Quanto mais dados disponíveis, maior a assertividade de decisão;
- Robôs Autônomos: O objetivo é ser usado para trabalhos pesados, repetitivos ou perigosos da linha de produção.
O mundo BANI
No final de sua palestra, explicando sobre o mundo pós pandêmico, Rosely evocou conhecimentos sociais profundos: “Acho que o mundo VUCA, que foi um conceito que estava em voga recentemente (já não está mais vigente). Há um novo conceito, trazido por um antropólogo futurista americano, Jamais Cascio, que é o mundo BANI. Depois da pandemia, a gente foi inserido em um mundo que é ainda mais complexo. BANI são as iniciais do conceito e significa: frágil, ansioso, não linear, incompreensível. Então, nesse contexto, acho que a gente precisa, mais do que nunca, desenvolver a capacidade de resiliência e de empatia”.