ideranças do Mercado de Seguros se reuniram para debater ideias e caminhos a respeito de como a IA pode servir de ferramenta para alavancar negócios para os Corretores de Seguros. Líderes e especialistas falaram sobre a realidade e as perspectivas do setor, sobre como os algoritmos de IA podem analisar padrões de dados para identificar possíveis fraudes, automação de documentos, IA generativa na gestão de sinistros e personalizações exclusivas para o cliente com base nos dados. Esses e diversos outros assuntos foram abordados e debatidos durante a 4ª edição do “Conexão Futuro Seguro”, realizado pela Fenacor. Nomes como: Armando Vergilio – presidente da Fenacor, Dyogo Oliveira – presidente da CNseg, Alessandro Octaviani – superintendente da SUSEP e Lucas Vergílio – presidente da ENS, além dos especialistas: Ícaro Leite – superintendente de Seguros da B3, Eduardo Mendes Machado – especialista em IA, autor de 22 livros e integrou o laboratório de ciência da computação e inteligência artificial do MIT e Danilo Silva – professor da ENS no curso de Aceleração Digital para Corretores de Seguros, consultor e desenvolvedor de tecnologia. Confira abaixo alguns destaques:
É preciso ter um banco de dados complexo e analisado
O professor Eduardo Mendes Machado iniciou sua palestra explicando que separou cerca de 200 temas para falar sobre como a IA generativa pode ser utilizada nas atividades do dia a dia, mas decidiu abordar dez deles (os demais temas podem ser obtidos junto à ENS). As 10 áreas que ele abordou nas quais a IA pode ajudar os corretores de seguros são: análise de dados e precificação, assistência de dados e precificação, atendimento ao cliente, personalização de políticas com base em informações detalhadas sobre os clientes, detecção de fraudes, automação de documentos, previsão de tendências, treinamento e educação, aprimoramento da experiência do cliente e gestão de sinistros. Segundo ele, em relação à análise de dados e precificação, por exemplo, o corretor “precisa ter um banco de dados extremamente complexo e analisado”. Além disso, o uso precisa de um alto investimento em uma série de outras tecnologias.
“Toda e qualquer solução para o cliente tem que ter no mínimo dois pilares: o pilar pragmático e o pilar hedônico”
Falando sobre a personalização de políticas com base em informações detalhadas sobre os clientes, Machado explica:
“Toda e qualquer solução para o cliente tem que ter no mínimo dois pilares: o pilar pragmático e o pilar hedônico; ou seja, tem que ser fácil para o cliente poder usar a proposta que você elaborou ou o cliente entender que aquilo está gerando valor para ele. Uma coisa bastante interessante quando fazemos as nossas propostas é que não mostramos o valor que estamos protegendo, o valor que estamos gerando para o consumidor pelo fato de protegê-lo com relação a um risco ou uma vulnerabilidade”.
Desenvolver soluções para os clientes enxergarem seguro como investimento, não como custo
Na continuidade do raciocínio, o especialista esclarece que a vulnerabilidade é mais importante que o risco. Ele diz: “O mais importante é a vulnerabilidade porque se tiver uma gestão boa de risco, a vulnerabilidade cai e é isso que é muito importante quando se faz qualquer proposta política de preços, política de normativas com relação aos clientes. É preciso entender – do cliente para a empresa – como é possível desenvolver uma solução para que o cliente consiga entender que aquilo é uma coisa boa e que não é um custo, é um investimento”.
Algoritmos de IA podem analisar padrões de dados para identificar possíveis fraudes
Explicando o tópico sobre detecção de fraudes por meio de IA, Machado diz que os algoritmos de IA podem analisar padrões de dados para identificar possíveis fraudes. “É possível alimentar uma base com milhares de dados relativos a fraudes ocorridas e aos acidentes ou eventos que são efetivamente aqueles que deveriam ser tratados como seguro, fazer o contraste disso, e aí estabelecer se um novo evento que entra está à esquerda dos que são legítimos ou está à direita dos que são fraudes. É esse o papel que a inteligência artificial vai fazer com relação à detecção de fraudes, mas é necessário treinar a IA para isso. É preciso subir um banco de dados muito grande permitindo que ela consiga caracterizar o que é uma demanda legítima e o que não é”.
Análise preditiva
Falando sobre a IA usada para prever tendências, o especialista ressalta que “os modelos preditivos guardam uma certa relação com o erro” e esclarece: “Isso ocorre porque quando é feita a avaliação de qualquer modelo preditivo, ela é baseada na relação entre o modelo e um evento temporal, no entanto não é possível saber o que que aconteceu naquele momento, naquele instante que fez com que aquilo acontecesse daquela forma. São os modelos causais.Teve até um ganhador de prêmio nobel eleito por criar esse modelo que busca entender qual é a causalidade que está por trás disso e não simplesmente fazer um modelo em que se associa ao tempo a maneira como tal coisa está evoluindo. Isso não dará a resposta que o corretor precisa para se garantir com relação ao serviço que ele está prestando para o seu cliente”.
IA generativa na gestão de sinistros
Segundo Machado, a IA generativa pode ser uma ferramenta interessante na gestão de sinistros. “A gestão de sinistros pode ser desenvolvida por atividades de Inteligência Artificial generativa e ela pode assim caracterizar também (por algumas variáveis) o porquê aqueles sinistros ocorreram, ou seja, ela consegue montar uma estatística causal e dar uma informação bastante precisa para a seguradora”.
“Corretores, prestem bastante atenção antes de entrar em qualquer aventura de Inteligência Artificial generativa…”
O especialista em IA faz uma provocação reflexiva aos corretores: “Corretores, prestem bastante atenção antes de entrar em qualquer aventura de Inteligência Artificial generativa porque elas custam caro e para isso eu digo o seguinte: pensem sempre se estão comprando uma enxada de ouro porque às vezes você não tem escalabilidade e não tem volume para isso e as soluções podem ser pragmáticas de outras formas sem utilizar uma ferramenta tão sofisticada e cara – por enquanto”.
Distribuição aliada à IA
Para o presidente da ENS, Lucas Vergílio, o corretor está pronto para trabalhar com IA, contanto que tenha as ferramentas. Ele explicou:
“O corretor de seguros, se tiver as ferramentas, está preparado para trabalhar com inteligência artificial nos meios digitais, porque ele tem o relacionamento com o seu segurado. O corretor pode investir em IA para prospectar novos clientes, novos negócios, obter novas formas de se comunicar, novas formas de esclarecimento. Podemos ter a distribuição aliada à IA. Para isso, a ENS, que vem qualificando os profissionais do setor e busca se antecipar a tendências, criou um curso de open insurance com a presença do corretor de seguros”.
O ChatGPT pode ser multifuncional para o corretor de seguros
De acordo com Danilo Silva, proofessor da ENS, o ChatGPT pode ser multifuncional para o corretor de seguros.
“Ferramentas como ChatGPT podem ajudar em algumas atividades, se comportando como: gestor de mídias sociais, assistente administrativo, gestor de mídias sociais, atendimento ao cliente, redator e consultor de SEO”.
Além dessas funções, Danilo acrescenta: “Inclusive, o corretor pode fazer seu planejamento de negócios e marketing através do ChatGPT, script de vendas e geração de conteúdo, bem como identificar as melhores palavras-chaves para que seu conteúdo possa ser encontrado mais facilmente no Google.”
“Imagina o quanto a inteligência artificial vai potencializar o mercado de seguros através da criação de produtos e serviços”
Para Danilo, a IA vai beneficiar todo o mercado por meio da análise de dados. Ele explica:
“Para nós que somos corretores de seguros, sabemos o quanto é frustrante quando o nosso cliente pede uma cotação e, infelizmente, temos que dizer para eles que o risco não teve aceitação. Imagina o quanto a inteligência artificial vai potencializar o mercado de seguros através da criação de produtos e serviços. E como isso será possível? A partir da análise de um volume gigantesco de dados. Assim será possível criar novos produtos, precificar melhor, entender o risco e todo o mercado será beneficiado: as seguradoras porque poderão ofertar e vender mais produtos, nós corretores de seguros que faremos essa distribuição e os clientes que não ficarão descobertos”.