promessa de segurança digital oferecida por tecnologias de autenticação biométrica vem sendo questionada à medida que criminosos encontram maneiras de driblá-la. O caso ocorrido em Belo Horizonte é um exemplo claro dessa realidade: um aposentado de 65 anos, cadeirante e com dificuldades na fala devido a um derrame, teve sua identidade usada de maneira fraudulenta para a obtenção de um empréstimo bancário. A abordagem dos criminosos foi calculada e explorou a vulnerabilidade da vítima de forma meticulosa. A questão é que, mesmo projetadas para aumentar a segurança, tecnologias de reconhecimento facial podem se tornar uma ferramenta perigosa nas mãos de criminosos.
O golpe envolveu biometria facial e estratégia de engenharia social
Se passando por representantes de uma organização não governamental, entraram em contato por telefone e ofereceram uma cesta básica gratuita. A falsa ação solidária levou a família a acreditar que se tratava de um auxílio legítimo. No momento da entrega, os golpistas exigiram o registro fotográfico da identidade e do rosto do aposentado, justificando a necessidade de cadastro.
Essa coleta de dados possibilitou a abertura de uma conta digital e a contração indevida de um empréstimo de R$22 mil, cuja primeira parcela já foi descontada da aposentadoria do idoso.
Especialista explica como identificar abordagens suspeitas e agir rapidamente para evitar prejuízos
Conforme Walter Faria, diretor adjunto da Febraban – Federação Brasileira de Bancos– , explicou em entrevista divulgada pelo portal G1, esse tipo de fraude apresenta um nível de sofisticação maior, o que torna essencial que a vítima acione as autoridades policiais. Ele alerta que é importante manter a desconfiança diante de ofertas inesperadas, como cestas básicas, benefícios adicionais do INSS, brindes ou qualquer outro tipo de presente, especialmente quando há a exigência de fornecimento de informações pessoais para a finalização da entrega. No caso específico da biometria facial, ele destaca que nunca se deve aceitar tirar fotos ou selfies a pedido de terceiros sem a devida verificação. Caso a fraude seja concretizada e um serviço financeiro tenha sido concedido indevidamente, a recomendação é registrar um boletim de ocorrência imediatamente, entrar em contato com a instituição bancária e solicitar o cancelamento da operação.
Empresas precisam investir em soluções complementares de segurança digital
Para o setor de seguros, fraudes como essa representam um desafio difícil de contornar. As seguradoras dependem de mecanismos seguros de identificação para a concessão de serviços, como o pagamento de indenizações e reembolsos. Com a ampliação do uso de biometria e inteligência artificial para autenticação, a segurança dos clientes precisa ser reforçada para impedir que informações pessoais sejam exploradas de maneira indevida. A vulnerabilidade da biometria facial, quando associada a técnicas de engenharia social, exige que empresas invistam em soluções complementares de segurança digital.
O seguro cibernético ganha relevância como um recurso essencial
Em um cenário como esse, o seguro cibernético ganha relevância como um recurso essencial para empresas e consumidores. Esse tipo de seguro protege contra prejuízos decorrentes de ataques digitais, vazamentos de informações e fraudes eletrônicas. O crescimento dos golpes relacionados à identidade digital e o aumento das transações realizadas por meio de biometria indicam a necessidade de que seguradoras não apenas ofereçam esse tipo de proteção, mas também aprimorem seus mecanismos internos de verificação.
Combinação entre biometria facial e inteligência artificial garantiu lugar de prestígio entre as empresas mais inovadoras
A Bradesco Seguros é um dos exemplos de empresas que estão investindo na segurança digital por meio da combinação entre biometria facial e inteligência artificial. Desde o início de 2023, a companhia implementou um sistema avançado para identificar solicitações de reembolso, garantindo um controle mais rigoroso das operações e reduzindo os riscos de fraudes. A solução também permitiu a centralização do histórico de pedidos dos beneficiários, proporcionando maior transparência nos processos. Tal investimento em tecnologia rendeu à Bradesco Seguros um lugar no ranking das 100 empresas mais inovadoras no uso de tecnologia da informação,reforçando a importância de soluções tecnológicas no combate a fraudes digitais.
Tendência é a adoção de mecanismos avançados para garantir a autenticidade das transações e aumentar a proteção dos clientes
A incorporação da biometria facial nos serviços de players do porte da Bradesco Seguros demonstra uma tendência no setor de seguros: a adoção de mecanismos avançados para garantir a autenticidade das transações e aumentar a proteção dos clientes.
É claro que, além do investimento em tecnologia, é fundamental que haja também uma combinação de fatores para fortalecer a segurança digital. Entre as medidas necessárias, estão a educação dos usuários para reconhecer golpes, a implementação de verificadores adicionais de identidade e a ampliação da regulamentação sobre o uso de dados biométricos.
É preciso proteger as pessoas e suas informações sem criar novas vulnerabilidades
O caso do aposentado em Belo Horizonte é mais do que um episódio isolado: ele reflete um problema maior, que exige respostas concretas dos players de seguros e das instituições financeiras. A digitalização passa pela responsabilidade de garantir que as ferramentas tecnológicas sejam eficazes contra tentativas de fraude. O combate a crimes cibernéticos não pode depender apenas de novos dispositivos de autenticação, mas de uma estratégia ampla que envolva proteção regulatória, educação digital e colaboração entre empresas e autoridades. Apenas assim será possível garantir que a segurança digital cumpra sua verdadeira função: proteger as pessoas e suas informações, sem criar novas vulnerabilidades.