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VTOLs da Embraer passam por regulamentação na ANAC

Com as operações previstas para começar em 202 e com aproximadamente três mil encomendas, os veículos de decolagem e pouso vertical elétricos (eVTOLs), mais conhecidos como "carros voadores", desenvolvidos pela Embraer, estão passando por uma regulamentação na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Esses carros voadores, estruturalmente semelhantes aos helicópteros, são projetados para viagens de curta distância, atendendo às necessidades de deslocamento dentro de uma mesma cidade ou entre cidades próximas. 

Distinção entre eVTOLs e helicópteros

Uma característica distintiva dos eVTOLs é o uso de motores elétricos, ao contrário dos helicópteros, que normalmente são movidos a querosene ou gasolina. Essa diferença, por si só, já demonstra que eVOLs são mais afinizados com a sustentabilidade.

Além disso, há diferenças notáveis na configuração das asas, que podem ser fixas no caso dos carros voadores, e nos tipos de hélices utilizados.

O Brasil está realmente preparado?

A KPMG elaborou um ranking para avaliar a preparação dos países em relação ao futuro com a utilização de carros voadores. Esta é a terceira edição do ranking. O Brasil, que anteriormente estava em 8º lugar, caiu para a 11ª posição devido a problemas relacionados às "oportunidades de negócios", que considera aspectos como turismo, mercado de táxi aéreo, tráfego e acomodação de passageiros. Na primeira edição do ranking, divulgada em 2021, o Brasil ocupava a 25ª posição entre 60 países, enfrentando dificuldades regulatórias e na obtenção de dados sobre a evolução tecnológica nacional. Os Estados Unidos lideram o ranking de 2023, seguidos pela China e Reino Unido. No Brasil, os pontos mais altos deste ano foram na percepção do consumidor, tecnologia e inovação, ocupando a 5ª posição. O desenvolvimento do eVTOL pela EVE (Eve Air Mobility), uma subsidiária da Embraer (EMBR3), contribuiu significativamente para esse desempenho. “O Brasil tem um longo caminho a percorrer para garantir a segurança, antes da popularização dos veículos de decolagem e pouso vertical. Como se trata de uma área nova da aviação, ainda estão em discussão questões como as especificidades para que um aparelho possa voar, como serão as licenças para controladores e operadores de um equipamento e quais rotas poderão ser utilizadas, por exemplo” – destacou o InfoMoney.

Em 2030, a Brasil vai corresponder a 30% do mercado de eVOLs no mundo

A Eve calcula que o mundo terá cerca de 50 mil eVTOLs em operação em 2030. Desse total, a participação brasileira corresponderia a 30% desse mercado, o que já coloca o valor da empresa controlada pela Embraer acima do valor da própria Embraer. Apesar de ainda estar em fase de desenvolvimento, a Eve já recebeu encomendas para 2.850 aeronaves, superando o valor das encomendas da Embraer. Um dos principais desafios regulatórios é determinar onde essas aeronaves irão pousar, dado o aumento da sua presença. 

Papel da ANAC na mitigação de potenciais desafios

O progresso na criação de um ecossistema para os eVTOLs, incluindo rotas e pontos de abastecimento, é mais avançado no Rio de Janeiro e em São Francisco, nos EUA. No Rio de Janeiro, espera-se uma demanda de 4,5 milhões de passageiros por ano, exigindo a implantação de 37 "vertiportos" para recarga das baterias e embarque dos passageiros. Portanto, a regulamentação da ANAC é necessária para estabelecer padrões de segurança, operação e certificação que garantam a integridade dos passageiros, dos equipamentos e do espaço aéreo em geral, além de também pode ajudar a estabelecer confiança no mercado, tanto para investidores quanto para potenciais usuários, contribuindo para a aceitação e adoção dessas novas tecnologias. 

Possibilidade de acidentes e como o seguro atua na responsabilidade civil

Naturalmente, os emitentes de seguros têm poucas informações em mãos, por isso continua difícil prever a sua abordagem, mas muitos acreditam que as empresas eVTOL não terão dificuldade em obter seguros. O Fullsteam Insurance alega que o tipo de cobertura mais importante que uma empresa eVTOL precisará é de Responsabilidade Civil de Aeronaves ou Responsabilidade Civil Geral Comercial para todas as operações de aeronaves. “Em sua essência, uma apólice de responsabilidade civil de aeronaves protege a empresa contra reclamações de lesões corporais e danos materiais de terceiros. O exemplo mais óbvio é um passageiro ou espectador ferido devido à aeronave” – explica o portal. Outro risco citado é o dano à propriedade, que seria provável caso uma aeronave caísse do céu. Assim como o seguro de carro ou de automóvel comercial, o seguro contra danos físicos de aeronaves busca proteger o veículo contra danos, roubo, incêndio, vandalismo e outros incidentes. Além disso, a “responsabilidade do produto” é essencial para empresas envolvidas na concepção, fabricação, locação ou fornecimento de tecnologia ou propriedade física. 

Os "carros voadores" podem transformar o conceito tradicional de seguro auto

Os carros voadores representam uma nova categoria de veículos que demandará coberturas específicas. Os seguros automotivos convencionais lidam principalmente com acidentes terrestres, já os seguros para carros voadores precisarão abranger riscos aéreos, como colisões no ar, falhas mecânicas durante o voo e danos causados por condições meteorológicas adversas. Considerando o caráter inovador desses veículos, junto ao uso de tecnologias, é possível viabilizar uma evolução no seguro auto. Os avanços em telemática, por exemplo, podem permitir uma coleta mais precisa de dados sobre o comportamento do condutor e as condições de voo. À medida que os carros voadores se tornam uma realidade, a indústria seguradora precisará estar preparada para se adaptar a essa nova era da mobilidade. Com isso, as seguradoras de automóveis podem criar novas oportunidades, reavaliando a maneira como analisam riscos e desenvolvendo estratégias para tornar o seguro auto mais disruptivo. 

Já existe parceria entre insurtechs para promover inovação e adaptação no setor de Mobilidade Aérea Avançada

Enquanto exploram um novo tipo de cobertura que pode preparar nossas cidades para o futuro da mobilidade, a Skyrisks se juntou à Quotech em parceria estratégica. A Skyrisks, com sede em Londres, está colaborando com a Quotech, especializada em desenvolver plataformas tecnológicas para equipes de subscrição e corretagem, para oferecer seguro para o setor de Mobilidade Aérea Avançada (AAM), que está em rápido crescimento. Esse setor abrange tecnologias emergentes, como decolagem e aterrissagem vertical (eVTOL), como táxis aéreos e drones autônomos de entrega. Além disso, o AAM engloba uma ampla gama de tecnologias inovadoras para voos pilotados e autônomos. As duas seguradoras afirmam estar “mudando o jogo para cargas de passageiros e cargas em uma variedade de operações comerciais, privadas e militares”. Dessa forma, a parceria entre essas duas insurtechs pode servir de exemplo para os players de seguro brasileiros (quando os “carros voadores” estiverem regulamentados) no desenvolvimento de produtos de seguro altamente especializados e adaptados ao futuro da mobilidade aérea.

O surgimento de carros voadores no espaço aéreo gera oportunidades e requer atenção especializada do setor de seguros

Os carros voadores introduzem uma complexidade adicional devido à sua natureza tridimensional de locomoção. A introdução desses veículos requer uma abordagem cuidadosa e mais sofisticada na avaliação de riscos, desenvolvimento de produtos e interação regulatória. Para garantir que o futuro do transporte urbano seja acessível e seguro, é essencial promover um diálogo contínuo entre empresas reguladoras, seguradoras e consumidores. Isso implica em estabelecer padrões de segurança robustos, políticas regulatórias claras e coberturas que se adaptem às mudanças tecnológicas e às necessidades dos usuários. A participação de seguradoras em conjunto também demonstra um passo importante, ao promoverem um trabalho em prol de serviços mais adaptados às demandas desse novo produto. Assim, com a colaboração entre as entidades responsáveis pela segurança, é possível garantir que a inclusão de coberturas relacionadas aos carros voadores no setor de seguros seja um passo importante em direção a uma nova realidade.

Postado em
1/4/2024
 na categoria
Inovação

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