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transição para um modelo econômico sustentável é uma necessidade crescente em nossa sociedade. As seguradoras, tradicionalmente focadas em proteger bens e vidas, estão agora buscando maneiras de contribuir para a sustentabilidade ambiental. Por isso, produtos de seguros que incentivam a reutilização e reciclagem de recursos estão ganhando destaque, promovendo práticas que beneficiam tanto o meio ambiente quanto a economia.

Brasil é terreno fértil para investir em produtos sustentáveis

Em setembro de 2023, o governo brasileiro revelou um recorde na expansão da energia proveniente de fontes renováveis. Este crescimento reflete a contínua aposta do Brasil em uma matriz energética sustentável, com cerca de 83,79% da eletricidade nacional advinda de fontes renováveis. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou que o Brasil está em uma posição privilegiada para assumir a liderança na transição energética global, devido ao seu vasto potencial e investimentos em tecnologias limpas.

Iniciativas sustentáveis no setor de seguros

O avanço nas fontes renováveis de energia é apenas uma das várias frentes em que o Brasil está se destacando em sustentabilidade. As seguradoras estão seguindo essa tendência ao criar apólices que incentivam a fabricação e o consumo de produtos reciclados e reutilizáveis. Empresas que produzem eletrônicos com componentes reciclados, por exemplo, podem obter reduções consideráveis em suas apólices. Este incentivo promove a escolha por alternativas sustentáveis e reduz a quantidade de lixo eletrônico, alinhando-se com os objetivos nacionais de sustentabilidade.

Grupo de Trabalho “Seguros e Transformação Ecológica”

A importância da sustentabilidade no mercado de seguros ganha contornos cada dia mais sérios e regulamentares. Prova disso é que a Susep publicou, em junho deste ano, a Portaria nº 8.300, que constitui o Grupo de Trabalho (GT) “Seguros e Transformação Ecológica”, com o propósito de discutir e propor recomendações de aperfeiçoamento regulatório de produtos e coberturas securitárias relacionados aos objetivos do Plano de Transformação Ecológica (PTE) do Governo Federal. O GT será composto por quatro subgrupos, que terão como referência os seguintes eixos temáticos, integrantes do PTE: finanças sustentáveis, bioeconomia e sistemas alimentares, economia circular e transição energética.

Cobertura para Processos de Reciclagem

A cobertura de seguros para processos de reciclagem é outra inovação importante. Empresas que investem em tecnologias de reciclagem podem proteger esses investimentos com apólices que cobrem falhas técnicas e interrupções operacionais. Isso torna a reciclagem mais viável financeiramente e encoraja o desenvolvimento de novas tecnologias neste campo. Além disso, a utilização de materiais reciclados pode resultar em economias de custo para as empresas, tornando a reciclagem uma escolha tanto sustentável quanto economicamente vantajosa.

Energia solar é um motor econômico e ambiental

Desde 2012, a energia solar tem sido um motor potente para a economia brasileira, atraindo aproximadamente R$128,5 bilhões em novos investimentos. Esse fluxo de capital foi impulsionado por políticas governamentais favoráveis e resultou em uma arrecadação de mais de R$39,4 bilhões aos cofres públicos. Além do impacto econômico, a expansão da energia solar gerou mais de 783,7 mil empregos no país. Em termos ambientais, a adoção dessa fonte energética evitou a emissão de 34,5 milhões de toneladas de CO2 na produção de eletricidade.

Tendência global e vantagens ambientais

Ronaldo Koloszuk, presidente do conselho de administração da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), declarou que o rápido crescimento do setor de energia solar é uma tendência global. Ele ressalta que o Brasil, beneficiado por recursos solares abundantes, está bem posicionado para liderar na produção de hidrogênio verde (H2V) a um custo competitivo. Além disso, o país tem potencial para avançar em tecnologias complementares, como armazenamento de energia e veículos elétricos. A energia solar oferece muitas vantagens para o meio ambiente devido à sua natureza sustentável e baixa emissão de carbono.

Preferências dos condutores

Um estudo realizado pela Solera, empresa global de tecnologia automotiva, revelou que três quartos dos motoristas considerariam mudar para uma companhia de seguros que comprovasse seu compromisso ambiental. A pesquisa, que incluiu 10.000 motoristas e 500 especialistas em sinistros, investigou a postura em relação a práticas ambientais, sociais e de governança (ESG) no setor de seguros de automóveis. No setor de seguros e automotivo, há uma demanda crescente por soluções que atendam a esses critérios. Jing Liao, Diretor Administrativo e Presidente do Comitê ESG da Solera, destacou que essa tendência pode melhorar a reputação das empresas, aumentar o valor de vida do cliente, gerar economias a longo prazo e oferecer benefícios fiscais. Isso incentiva o desenvolvimento de novos produtos enquanto contribui positivamente para o meio ambiente.

Escolhas de consumo e sustentabilidade

De acordo com o Fórum Econômico Mundial, 65% dos consumidores desejam que suas escolhas de consumo promovam uma vida mais saudável e sustentável. No entanto, anos de declarações de marketing infundadas sobre práticas ESG suscitaram dúvidas sobre a real sustentabilidade das empresas, criando uma cultura de "greenwashing". Muitos consumidores exigem evidências concretas de progresso em ESG. A Solera acredita que as seguradoras podem obter vantagens reais se conseguirem demonstrar de forma verificável suas práticas ambientais.

Sustentabilidade e rentabilidade

Apesar do aumento da consciência sobre a sustentabilidade, muitas empresas ainda a veem como uma mera formalidade, e não como uma parte essencial da gestão empresarial eficaz. Para algumas, a busca pela sustentabilidade parece conflitar com a prioridade de maximizar a rentabilidade. Estudos iniciais da Solera revelam que cada aumento de um ponto percentual na reparabilidade dos produtos pode resultar em um ganho de US$10 por sinistro. Além disso, ao incorporar componentes ecológicos, cada aumento na proporção de peças verdes utilizadas nos sinistros pode resultar em uma economia adicional de US$35 e uma redução de 30 kg nas emissões de CO2, beneficiando tanto as seguradoras quanto os consumidores.

O papel das seguradoras na economia circular

As seguradoras desempenham um papel fundamental na promoção da economia circular. Ao oferecer produtos de seguros que incentivam a reutilização e reciclagem, elas ajudam a criar um ciclo econômico onde os recursos são utilizados de forma mais eficiente e sustentável. Esta abordagem contribui para a redução de resíduos e a preservação dos recursos naturais, beneficiando toda a sociedade.

Os seguros colaboram para um futuro sustentável

O mercado segurador participa ativamente da economia circular ao criar apólices e incentivos verdes que promovem práticas sustentáveis entre seus clientes. Seguradoras estão desenvolvendo produtos específicos que oferecem cobertura para processos de reciclagem e reutilização de materiais, tornando essas práticas financeiramente viáveis e atraentes para empresas e indivíduos. Além disso, muitas seguradoras estão implementando descontos em prêmios para clientes que adotam tecnologias sustentáveis, como veículos elétricos ou edifícios construídos com materiais reciclados. Dessa forma, as seguradoras contribuem para a proteção do meio ambiente e criam novas oportunidades de negócios e benefícios para seus clientes. Em um mundo onde a sustentabilidade é cada vez mais importante, essas inovações são essenciais para o desenvolvimento de uma economia mais circular e resiliente.

Postado em
5/8/2024
 na categoria
Inovação

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