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etor cresceu mais de 12% em 2024 no Brasil

Em 2024, o setor de seguros brasileiro demonstrou forte consolidação e expansão, registrando um crescimento de mais de 12% em relação ao ano anterior, mesmo em meio a desafios econômicos e políticos. Dados divulgados pela Susep indicam que a receita acumulada atingiu R$435,56 bilhões no ano – com um crescimento real de 7,6% após o ajuste pela inflação – e que, somente em dezembro, a arrecadação foi de R$40,97 bilhões. Além disso, o retorno à sociedade, por meio de indenizações, resgates, benefícios e sorteios, somou R$241,42 bilhões, representando um aumento de 6,8% em comparação ao ano anterior. Esse desempenho robusto reforça a confiança dos investidores e a capacidade do mercado de seguros nacional de se adaptar às novas demandas.

Investimento em modernização influencia no crescimento no setor

No ano que passou, o crescimento no setor foi marcado pelo foco em inovação e tecnologia. No Brasil, as seguradoras destinaram cerca de R$ 20 bilhões para modernização, representando 2,63% da arrecadação do setor, conforme a CNseg. Essa postura reforça a transformação digital como um fator essencial para aprimorar serviços e oferecer melhores experiências aos clientes. Além disso, avanços em sustentabilidade, digitalização e gestão de riscos, se destacaram – especialmente em relação a mudanças climáticas e cibersegurança. O Global Insurance Market Report 2024 destacou a estabilidade financeira do setor, com manutenção da solvência e lucratividade, além de melhora na liquidez. 

Resiliência e inovação em um cenário desafiador

O setor de seguros demonstrou resiliência diante de desafios como eventos climáticos extremos, avanços tecnológicos e mudanças demográficas. Segundo um estudo da PwC, as seguradoras precisam se reinventar para equilibrar inovação e sustentabilidade, colocando o cliente no centro das estratégias. A transformação do setor passa pela adoção de tecnologias como IA generativa e computação em nuvem, que agilizam processos e melhoram a gestão de riscos. O envelhecimento populacional também exige produtos mais acessíveis e personalizados para garantir segurança financeira na aposentadoria. Além disso, soluções sustentáveis, como coberturas paramétricas e incentivos para práticas ecológicas, ganham relevância. Ao mesmo tempo, a cibersegurança se destaca como prioridade, impulsionando investimentos para proteger dados e operações. “Instabilidade social, disrupção tecnológica, transformações demográficas e mudanças climáticas formam o que chamamos de multiverso de riscos. Neste cenário fragmentado, as seguradoras precisam cobrir uma gama mais ampla e frequente de ameaças cada vez mais intensas. É essencial que as organizações reinventem suas operações e se preparem para enxergar os riscos antes que eles se tornem, de fato, um problema” – pontuou Maria José Cury, sócia e líder do setor de Seguros da PwC. Essa combinação de fatores reforça a importância de uma postura proativa e adaptativa por parte das seguradoras.

“Olhando para trás para se preparar para o que vem a seguir em 2025”

No contexto internacional, o ano de 2025 já registrou um dos incêndios florestais mais devastadores da história dos EUA. De acordo com uma matéria do Insurance Innovation Reporter, em 2024, as seguradoras tiveram de lidar com a baixa lucratividade, altos índices de sinistralidade e impactos da inflação e da cadeia de suprimentos, o que provocou reajustes de tarifas, maior rigor na subscrição e ampliação do resseguro. Os desastres naturais também resultaram em prejuízos bilionários, tornando a gestão de riscos cada vez mais desafiadora. A escassez de profissionais qualificados também pressionou as operadoras, exigindo maior investimento em automação e treinamentos. Diante desse cenário, a inteligência artificial se tornou um ativo estratégico, com 70% das seguradoras já utilizando ou planejando implementá-la para otimizar processos e melhorar a experiência do cliente. Para 2025, a digitalização seguirá como prioridade, permitindo maior eficiência, precisão e resiliência diante das incertezas do mercado.

Perspectivas para 2025: COP 30 e novas tendências

As perspectivas para 2025 abordam a importância da COP 30 e seu impacto no setor de seguros, reforçando a necessidade de políticas sustentáveis diante das mudanças climáticas. O governo federal já iniciou as discussões sobre a participação social na conferência, que ocorrerá em Belém (PA) em novembro. O ministro Márcio Macêdo e o presidente da COP 30, André Corrêa do Lago, se reuniram para definir diretrizes e organização do evento, ressaltando a importância do engajamento da sociedade e dos movimentos sociais nacionais e internacionais. Os desastres naturais, como as enchentes no Rio Grande do Sul em 2024, reforçam o aumento dos riscos climáticos e a necessidade de ampliar a conscientização sobre a importância do seguro. O setor enfrenta o desafio de revisar seus modelos de precificação para fortalecer a proteção social. Segundo a Susep, há também uma lacuna de proteção no Brasil referente às questões climáticas. Esse déficit expõe a vulnerabilidade da sociedade e a necessidade de ampliar o acesso aos seguros, seja por meio de inovação ou políticas públicas. O fortalecimento dessa rede de proteção reduz a dependência de doações e recursos emergenciais, garantindo um sistema de resposta mais eficiente. Além disso, tecnologias como IA, automação e big data transformarão a avaliação e mitigação de riscos, permitindo um modelo de seguros mais integrado e adaptado aos desafios emergentes. A comunicação eficaz e a educação são partes integrantes na conscientização da população sobre a importância do seguro, corroborando o incentivo a uma cultura de prevenção.

Lições aprendidas e caminhos para o futuro

Analisar o desempenho de 2024 permite identificar práticas bem-sucedidas e pontos de melhoria. A experiência acumulada no último ano serve de base para estratégias futuras, para garantir o equilíbrio entre inovação, sustentabilidade e eficiência operacional. Essa reflexão é essencial para preparar o setor para os desafios e oportunidades que 2025 poderá trazer para o mercado segurador. O cenário dos seguros em 2024 demonstrou que, mesmo diante de desafios – como os eventos climáticos e os dilemas do contexto cibernético – o setor soube se reinventar e se adaptar, registrando, sobretudo, crescimento e inovação. As lições aprendidas durante esse período reforçam a importância de uma visão estratégica e de investimentos contínuos em tecnologia e sustentabilidade. Olhar para trás faz com que as seguradoras consigam celebrar seus sucessos e também identificar oportunidades para aprimorar processos e se preparar para um 2025 repleto de novas demandas e possibilidades.

Postado em
17/2/2025
 na categoria
Inovação

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