esmo com o aumento histórico na contratação de seguro de Vida no Brasil e com o crescimento da arrecadação do setor de seguros (24,4% em setembro e 18,1% no ano), ainda há uma lacuna gigantesca a ser preenchida quando se trata da penetração do seguro, sobretudo nas camadas mais pobres da sociedade.
Somente 15% da população brasileira tem um de seguro de Vida
Apesar do crescimento do setor e do destaque para o seguro de Vida, segundo reportagem da CNN Brasil, apenas 15% da população brasileira tem um plano de seguro de Vida contratado, uma realidade divergente da observada em países desenvolvidos, cuja cobertura da modalidade é aderida de forma massiva.
Taxas de penetração de seguros são baixas em mercados emergentes
Usando como medidas a proporção de prêmios subscritos em relação ao PIB, as taxas de penetração de seguros são absurdamente baixas em mercados emergentes. A Ásia emergente tem taxa de penetração de apenas 3,7% em média, em comparação com 11,7% nos EUA e 11,1% no Reino Unido.
Milhões em risco de perdas financeiras incapacitantes
Nos mercados emergentes, a lacuna na proteção do seguro deixa milhões em risco de perdas financeiras incapacitantes devido a choques como desastres naturais ou doenças. Os países emergentes respondem por US$160 bilhões (96%) da lacuna global de proteção de seguros.
Aumento na demanda por seguros entre consumidores mais pobres
Ao contrário do que o senso comum pode inferir, a baixa penetração de seguros não é impulsionada pela falta de demanda. O fato é que há taxas altas de demanda por seguros nos mercados emergentes, segundo o recente índice de riqueza e saúde emergentes de 2022 da LeapFrog, um estudo de quase 4.000 consumidores de baixa e média renda em oito mercados. De acordo com o estudo, o seguro é um dos produtos que os entrevistados mais desejam usar nos próximos 12 meses.
Crescente conscientização é oportunidade para as seguradoras
No geral, o seguro se classificou aproximadamente no mesmo nível de poupança e investimentos como o produto financeiro que os consumidores mais desejam usar no próximo ano. Os resultados do estudo apontam para uma crescente conscientização sobre os benefícios do seguro e uma grande oportunidade para as seguradoras aproveitarem a demanda robusta com novos produtos inovadores.
Consumidores de baixa renda são os que mais têm a ganhar com um acesso adequado a produtos de seguro
Em um artigo de Manuel Thedim, no Cadernos de Seguro da ENS, intitulado “Seguro e Inclusão Social”, ele aborda a questão de o mercado segurador estar muito pouco exposto aos estratos mais pobres da população, apesar de estarem justamente nestes mencionados estratos os consumidores que mais teriam a ganhar com um acesso adequado aos produtos de seguros.
Partindo desse pressuposto, o autor tece a seguinte provocação: “Afinal, por que os pobres não têm acesso adequado a produtos de seguro, se são os que mais teriam a ganhar com isso?”.
É preciso conhecer o risco da população a ser segurada
No exercício de buscar soluções para a pergunta/provocação acima, Thedim afirma que: “É fundamental conhecer o risco da população a ser segurada, não só para desenhar produtos adequados, mas também para precificá-los, distribuí-los e evitar a seleção adversa de clientes. Sem um esforço de longo prazo para conhecer a população mais pobre será impossível ampliar o mercado em direção à base da pirâmide social”.
A tecnologia pode ajudar a preencher a lacuna de seguros para consumidores de baixa renda
Sabendo que a demanda por proteção é alta nas camadas menos favorecidas, tanto no Brasil quanto no mundo, e que – conforme análise do texto supracitado de Manuel Thedim, é preciso ampliar o mercado, aumentar a penetração de seguros entre os consumidores de baixa renda, não há melhor maneira para fazer isso senão por meio da tecnologia. Basta notar que em praticamente todos os lares brasileiros há acesso a, pelo menos, um smartphone. Na verdade, há mais celulares que pessoas no Brasil.
A ferramenta tecnológica mais acessível
Sendo assim, os celulares podem se configurar em potenciais ferramentas para que as seguradoras ofereçam seguros para os cidadãos de baixa renda. Obviamente, há diversos outros meios tecnológicos pelos quais as seguradoras podem alcançar seus públicos alvos. No entanto, tratando-se das camadas sociais mais vulneráveis economicamente, o celular se configura como uma tecnologia mais acessível e pela qual as seguradoras poderão estreitar os laços com os consumidores, seja por meio da comunicação direta, seja pelos dados compartilhados em redes sociais (como preferências, costumes e potenciais riscos, respeitadas as regras da LGPD). Usando a tecnologia dessa maneira, será possível para as seguradoras, como disse Manuel Thedim no seu artigo já mencionado: “Encará-los como consumidores com necessidades e dinâmicas próprias, com uma estrutura de renda capaz de absorver produtos desenhados especificamente para sua realidade e também rentáveis para a indústria seguradora”.