esafios da escassez de talentos e o envelhecimento da força de trabalho
Conforme destaca uma matéria do Insurance Innovation Reporter, o processo de subscrição é essencial para a lucratividade das seguradoras, já que a geração de novas apólices cria receitas contínuas e mantém o crescimento saudável do setor. Embora áreas como detecção de fraudes e automação de reivindicações tenham recebido bastante atenção, é a subscrição que forma a base de um portfólio sólido a longo prazo, ajudando a evitar problemas futuros, como vazamento de prêmios e aumento de sinistros. No entanto, o setor enfrenta um sério desafio: a lacuna de talentos em subscrição. Com a aposentadoria de uma força de trabalho experiente, o número de jovens profissionais que escolhem essa carreira é insuficiente para atender à demanda, o que ameaça a sustentabilidade do setor a médio e longo prazo. Para piorar esse cenário, o portal Insurance Business também revelou em matéria que apenas 4% dos millennials consideram a área nos Estados Unidos. Com 4,1 milhões de americanos completando 65 anos este ano, essa lacuna se intensifica. Michael Schwabrow, da Cloverleaf Analytics, aponta que a inteligência artificial pode ajudar a mitigar esse déficit de talentos.
Integração de IA como apoio, não substituição
Com a pressão por eficiência, seguradoras estão cada vez mais adotando IA para aprimorar a análise de dados e apoiar decisões na subscrição. A matéria do Insurance Business ressalta, contudo, que a tecnologia, embora útil, ainda não substitui a experiência humana, especialmente em decisões complexas que exigem julgamento especializado. Com a previsão de perder mais de 400.000 profissionais até 2026, o setor vê a IA como uma ferramenta de apoio essencial para capacitar novos talentos. A tecnologia permite que subscritores jovens acessem e interpretem grandes volumes de dados rapidamente, beneficiando tanto subscritores quanto executivos na tomada de decisões estratégicas. No entanto, conforme alerta Schwabrow, é preciso cautela com os vieses potenciais dos algoritmos, o que exige uma implementação ética e cuidadosa. Utilizada de forma responsável, a IA pode capacitar novos subscritores a promover mudanças impactantes, permitindo-lhes ampliar seu impacto sem sobrecarga de trabalho manual.
Riscos complexos exigem análise especializada
A complexidade dos riscos está em constante evolução, com novas ameaças, como o cibercrime, aumentando a demanda por uma subscrição mais especializada e ágil. As seguradoras precisam encontrar talentos para preencher essas lacunas, além de oferecer treinamentos contínuos para adaptar esses profissionais às exigências tecnológicas. Portanto, é preciso implementar soluções tecnológicas para monitorar riscos de maneira ágil, já que uma subscrição deficiente pode resultar em altas taxas de sinistralidade. Para evitar surpresas financeiras, é indispensável que seguradoras e insurtechs entendam a importância de ajustar os preços rapidamente. Isso requer uma abordagem operacional que combine soluções digitais, como gerenciamento de perdas, plataformas de subscrição digitais e modelos de inteligência artificial e machine learning, além da capacidade de integrar diversas fontes de dados — incluindo informações não estruturadas, vídeos, dados geoespaciais e de Internet das Coisas — para proporcionar insights e gerenciamento de risco em tempo real.
Brasileiros apontados como os mais capacitados na América Latina
Conforme um artigo publicado pela Forbes, os brasileiros foram sinalizados como os mais capacitados profissionalmente na América Latina. De acordo com um relatório da Coursera, o Brasil é líder em habilidades digitais, à frente de países como Chile, Uruguai e México. O país se destaca em negócios, tecnologia e ciência de dados, ocupando o 19º lugar global em proficiência geral de competências. Além disso, o Brasil obteve a maior pontuação na área de ciência de dados na região. A demanda por cursos de inteligência artificial generativa também teve um crescimento de 1.079% nas matrículas.
Segundo Jeff Maggioncalda, CEO da Coursera, isso aponta para a necessidade de estratégias inovadoras para formar uma força de trabalho competitiva. Embora sejam os mais capacitados da região, é necessário direcionar essa formação para áreas estratégicas, como a subscrição de seguros. O crescimento das insurtechs e o interesse por novas tecnologias tornam o país um ambiente promissor para o desenvolvimento de talentos especializados, tanto no mercado local quanto internacional.
Soluções para atração e retenção de talentos
Com o avanço da IA, as seguradoras podem explorar novas fontes de dados — como redes sociais, registros de GPS e dispositivos inteligentes — para aprimorar a subscrição. Para lidar com a escassez de talentos, elas podem adotar estratégias como programas de capacitação, que incluam tanto habilidades técnicas quanto interpessoais, essenciais para a adaptação ao uso de ferramentas de IA. Além disso, políticas de retenção com benefícios atraentes e oportunidades de crescimento são fundamentais para atrair as novas gerações, que buscam flexibilidade e aprendizado contínuo.
Transformações na subscrição de seguros de vida
Na palestra "Novos Processos de Subscrição nos Seguros de Vida", que ocorreu no evento INSUMMIT 24, da Segbox, diretores da MAG Seguros, discutiram as transformações na subscrição de seguros de vida, impulsionadas por mudanças demográficas e tecnológicas. Eles destacaram inovações que tornam os seguros de vida mais inclusivos, com produtos adaptados a grupos antes desassistidos, como idosos, pessoas com doenças crônicas e profissionais de risco. Exemplos incluem seguros para indivíduos até 85 anos e coberturas personalizadas para clientes com condições de saúde como diabetes, bem como produtos para profissionais da segurança pública. Estratégias e discussões como estas podem ampliar o alcance sobre o tema e auxiliar profissionais e empresas a aperfeiçoarem suas práticas para operarem de forma mais efetiva.
Caminho para sustentar o futuro da subscrição
A inovação tecnológica, especialmente com o uso de inteligência artificial, oferece um caminho promissor para otimizar processos e complementar o trabalho dos profissionais de subscrição. Contudo, a experiência humana ainda é insubstituível nas decisões mais complexas e a falta de profissionais qualificados para lidar com essas novas ferramentas pode frear os avanços no setor. Para enfrentar essa realidade, seguradoras devem investir em programas de capacitação que combinem habilidades técnicas e interpessoais, preparando novos profissionais para se adaptarem ao uso de tecnologias avançadas. Ao mesmo tempo, iniciativas de retenção e ambientes que valorizem o aprendizado contínuo e a flexibilidade são essenciais para atrair as novas gerações.
No Brasil, onde o potencial de desenvolvimento profissional no meio corporativo é alto, esses investimentos podem garantir a formação de talentos para competir no mercado global. Aliar tecnologia e capital humano, pode ajudar o setor de seguros de forma mais eficiente e personalizada às necessidades de públicos diversificados. Dessa maneira, a busca por novos talentos, apoiada pela inovação, pode ser o caminho para assegurar o crescimento e a competitividade do mercado de seguros.