o dia 28 de fevereiro deste ano, aconteceu o Mesa Redonda do Seguro, com a participação do Superintendente Executivo de Sinistros da Bradesco Seguros, Rodrigo Herzog, como entrevistado. Com mediação do Gustavo Doria Filho, a live foi transmitida ao vivo no canal da TV CQCS, no YouTube. Nesta edição, participaram os jornalistas Luanna Mikaelle, da Insurtalks; Nicole Fraga, da Revista Apólice; Carol Rodrigues, da Revista Cobertura; Marcia Kovacs, da Revista Insurance Corp; Elaine Lisboa, do Jornal do Corretor de Seguros; e Ítalo Menezes, do CQCS.
Confira abaixo alguns destaques do bate papo:
Alícia Ribeiro: A gente vê que o mercado de seguros possui uma grande facilidade de absorver novas tecnologias. Tendo em vista essa questão, na sua visão houve uma redução de pagamento das indenizações com a utilização de ferramentas tecnológicas?
Rodrigo Herzog: Com certeza o mercado como um todo, e falando especificamente da gente aqui na Bradesco Seguros, quando nós implementamos a inteligência artificial (são algumas inteligências artificiais, alguns processos que foram implementados nessa inteligência), a gente sempre mirou numa melhor prestação de atendimento, numa melhor prestação de serviço aos nossos colegas Corretores e aos nossos clientes. Então, o indicador de tempo e qualidade são os dois indicadores que são medidos por nós em todas as nossas ações. Hoje a gente já teve um ganho de 10% no tempo de nossas indenizações, falando das indenizações integrais. Também tem uma outra Inteligência Artificial que a gente fez em perda parcial que aí a gente já ganha um pouquinho mais: tem um ganho de 15% no tempo do de conclusão do Sinistro. Isso tudo dá celeridade no processo e cria uma facilidade para o nosso cliente. Aceleramos alguns processos internos e a intenção é essa mesmo, reduzir o tempo do sinistro e melhorar a satisfação do cliente.
“Temos a sorte de trabalhar com os dois maiores sonhos do brasileiro que é o carro e a casa”
Ainda em resposta à Alícia, Herzog explica que a maior parte do trabalho da Bradesco Seguros está relacionado a dois grandes sonhos dos brasileiros: “Temos a sorte de trabalhar com os dois maiores sonhos do brasileiro que é o carro e a casa. Hoje 80% dos nossos sinistros são de carro ou de casa, então temos todo o cuidado e o carinho para dar o melhor atendimento possível aos nossos parceiros e aos nossos clientes”, diz ele.
Insurtalks: Rodrigo, você está na área de Inovação há bastante tempo e sabe que, sobretudo de 2020 até hoje, muitas tendências tecnológicas são apontadas para a área de seguros. Quais dessas tendências você acha que são mais urgentes para serem viabilizadas e quais você acha que vai demorar mais um pouco por conta de empecilhos técnicos ou socioeconômicos?
Rodrigo Herzog: Eu sou formado em Ciência da Computação, então sou apaixonado por tecnologia e na utilização da tecnologia para os negócios. O que eu vejo que é fundamental hoje para qualquer Companhia sobreviver é uma forte estruturação de dados. A gente fala da Era digital hoje só que para ter a Era digital, é preciso ter uma boa estruturação de dados. E aí não só aqueles dados (tentando tirar um pouco do técnico aqui), não só o dado que está estruturado numa base de dados daquele determinado sistema, mas sim aqueles dados que ainda não estão estruturados. Ou seja, como estruturar esse dado não estruturado para ele se tornar de fato uma informação? Para começar, hoje todas as empresas precisam ter dedicação e estruturação para ciência de dados. Eu sei que é um tema que tá na moda, mas ele também é um tema antigo.
Uso dos dados para evitar doenças e aumentar a longevidade das pessoas
O executivo traz uma vivência própria para exemplificar como é possível usar os dados em benefício da saúde e longevidade das pessoas. Ele explica: “Vou até trazer aqui um paralelo de uma experiência que a gente teve em contato com uma Startup de Israel, pela Escola Nacional de Seguros, que fez um treinamento com algumas pessoas e eu tive a sorte de participar desse evento. A gente teve um contato com uma Startup que tem o seguinte sistema: eu, por exemplo, tenho hoje 40 anos, se eu tivesse nascido em Israel, teria acesso a todos os meus exames de vida desde o dia que eu nasci. Seja exame de sangue, de urina, cardiológico, de esteira, todos. Então, eu teria acesso a todas as informações de saúde. Olha que interessante, podemos trazer o conhecimento cognitivo. Então, neste exemplo, você pega os parâmetros do Rodrigo Herzog, de colesterol , ferro, potássio, cálcio ou tireoide e começa a conjecturar isso e cruzar com pessoas que tinham aqueles indicadores e ao longo do tempo foram mudando esses indicadores. Assim, é possível evitar doenças e aumentar a longevidade da pessoa. Então essa parte de dados é fundamental para tudo. Dei exemplo de saúde, mas tem diversos outros exemplos aqui na linha de massificados para residência e automóvel.
“Nós ouvimos falar do ChatGPT, mas no fundo estamos falando de Inteligência Artificial Generativa”
Segundo Herzog, há pontos importantes, porém complicados para o setor de seguros. Ele diz: “Um ponto que a gente precisa atacar, precisa entrar de verdade e vai ser um pouco mais complicado, é um assunto que esse último mês ganhou muita força. Nós ouvimos falar do ChatGPT, mas no fundo estamos falando de Inteligência Artificial Generativa, que é aquela Inteligência Artificial que gera conteúdo a partir de pequenos insumos. No passado falávamos assim: ‘a máquina vai conseguir replicar a aprendizagem humana’. Isso era algo que já sabíamos que ia acontecer, era a inteligência cognitiva, que é a repetição de algo que alguém já conhece. Hoje a gente já vê cientistas, estudiosos e alguns pesquisadores conseguindo trazer e programar a máquina para ela aprender com as respostas dela mesma. Então, ela já não precisa mais de um humano ali configurando ela. Olha para onde a gente pode ir”.
A Inteligência Artificial Generativa será disruptiva para o setor
O Superintendente da Bradesco Seguros explica que a Inteligência Artificial Generativa será disruptiva para o setor de seguros: “Em relação à parte da comunicação, do nível de consciência: se a gente consegue criar conteúdo, se a máquina vem criando esse conteúdo, como é que a gente pode fazer a máquina interpretar qual tipo de cliente está pedindo acesso a ela e começar a dar conteúdo da forma que essa pessoa entende? Porque eu aprendo de um jeito, você aprende de outro, o fulano aprende de outro e a máquina pode fazer essa interpretação através de dados e começar a levar essa consciência da forma que cada um entende. Essa personalização junto com uma inteligência artificial generativa vai fazer toda a diferença na prestação de serviços do nosso ramo. Com certeza é algo que que vai ser, nos próximos dois anos, algo disruptivo e até lá a precisamos ter uma forte estruturação de dados. Se não tiver, não será possível conseguir gerar tudo isso. Esse é o caminho para o agora”.
Alícia Ribeiro: A tecnologia hoje é uma das aliadas mais fortes para prevenir e combater as fraudes no mercado. Quais medidas a Bradesco Seguros tem adotado, com apoio dessas ferramentas, para combater as fraudes?
Rodrigo Herzog: Tem duas formas de você trabalhar com fraude: uma é no combate,que é muito mais caro, e a outra é na prevenção. Nós estamos trabalhando muito forte na prevenção, desde a entrada do risco. Então é desde a aceitação, o under White, a entrada da proposta e vistoria prévia. Esse processo passa por diversas reformulações diárias, semanais, são diversas discussões entre os times que a gente tem que tratam desses temas para ter essa prevenção. Claro que existe um trabalho feito junto com todas as seguradoras, via Federação, onde também as seguradoras se juntam, se ajudam, trocam informações e isso tudo ajuda nessa prevenção também. No combate, após a iminência de um sinistro, temos a experiência da equipe, a experiência de um processo autônomo regido por uma inteligência artificial que monitora tudo que acontece com aquele sinistro. Em determinadas situações ele te dá um alerta de que pode ter acontecido alguma atividade suspeita. Nós trabalhamos com essas duas vertentes de prevenção e combate e sempre olhando para esse tema junto com a Federação e as outras seguradoras.
Insurtalks: Falando de futuro, Você acredita que a Internet das Coisas (IoT) vai chegar a viabilizar a atuação da indústria de seguros nas futuras Cidades Inteligentes? Se sim, como o potencial da indústria poderá ser totalmente aproveitado nessas cidades?
Rodrigo Herzog: Quando a gente fala de IoT, estamos falando de todos os ramos, de todos os possíveis negócios. Por exemplo, em 2015, eu trabalhei numa empresa do setor de alarmes e rastreadores de monitoramento. Olha a discussão que a gente tinha lá: o cliente contratar um alarme para residência do pai idoso, com problema de saúde e todo dia, às 9 horas da manhã, ele tem que tomar um remédio e, ao mesmo tempo, o cliente quer saber se ele tinha acordado ou não. Então, a gente tinha um tapete com sensor de peso debaixo do lençol onde o cliente colocava na cama dos seus pais ou da pessoa que você desejasse monitorar com alertas do tipo: ‘Fulano levantou, tal horário aí Fulano tem que tomar o remédio’. Dessa forma, você começa a colocar conceitos de um seguro, uma proteção Residencial, para uma proteção de um ente familiar. E aí isso pode ajudar em Seguros Saúde.
“Eu acho que a gente vai experimentar muita coisa ainda vindo da IoT”
Herzog acredita que há muito ainda por vir em relação ao uso de IoT na área de seguros e que as soluções virão para melhorar a vida das pessoas. Ele afirma: “Há alguns carros que já estão saindo com rastreadores que já monitoram aonde o motorista está andando com o carro, a velocidade que ele anda, a telemetria daquele carro completa. É um monitor online do veículo e com conexão para rastreamento caso o motorista tenha algum sinistro. Tudo isso é uma realidade da nossa vida atual e eu tenho certeza que cada vez mais essas conexões, essas soluções vão se juntar para levar uma vida melhor para todo mundo, seja para o para o consumidor seja para a seguradora. São coisas que vão andar juntas, horas por conta de negócios e horas por conta de Hobby. Então, eu acho que a gente vai experimentar muita coisa ainda vindo da IoT”.