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estores de riscos têm enfrentado desafios 

A alta taxa de sinistralidade, a falta de investimentos em gerenciamento de riscos e a resistência a mudanças são grandes desafios para o setor de seguros. Os gestores de riscos enfrentam cada vez mais dificuldades devido à complexidade e interligação dos riscos globais, incluindo questões geopolíticas, econômicas, sociais, tecnológicas, climáticas e regulatórias. Desde 2017, o mercado de resseguros tem enfrentado dificuldades, agravadas pelas perdas causadas pela pandemia, guerras e mudanças climáticas. Executivos entrevistados pela Infomoney explicam que o setor de seguros ajuda a mitigar riscos, como ataques cibernéticos e interrupções na cadeia de suprimentos. Ilan Kajan, vice-presidente da Alper Seguros, destaca que os corretores ajudam os gestores de risco a enfrentar desafios que vão além dos riscos comerciais, como inflação e juros altos. Ele também aponta que as perdas globais afetam a oferta de capital para resseguros, pois as seguradoras priorizam o equilíbrio financeiro global.

A digitalização e a avaliação de riscos

Uma matéria elaborada pela Deloitte buscou discutir as implicações da rápida digitalização no setor de seguros, e como essas tecnologias operam para satisfazer as necessidades dos clientes. O artigo indicou que as gerações Z e Millennials esperam usar aplicativos móveis para gerenciar seus ativos e seguros, refletindo uma tendência crescente de busca por conveniência e personalização. O aumento das insurtechs responde a essa demanda, oferecendo produtos digitais, personalizados e convenientes, entretanto, é preciso manter considerar a fundo a avaliação de risco em resposta à crescente evolução do digital. Em Hong Kong, a Autoridade de Seguros publicou uma diretriz sobre gestão de riscos empresariais em 2019, com vigência a partir de 2020, estabelecendo expectativas para a estrutura de gerenciamento de risco. A matéria também explorou a função da IA nestes processos, além de pontuar que observações e análises devem partir de fontes confiáveis, destacando a importância das tendências discutidas e informações sobre a digitalização e regulamentação no setor de seguros.

IA na previsão de riscos

A inteligência artificial está permitindo a criação de novos produtos e até mesmo o desenvolvimento de mercados inteiros dentro do setor de seguros. Contudo, com o aumento do uso da IA, surgem novas necessidades de seguros que abordem os riscos associados a essa tecnologia, como questões de privacidade de dados e responsabilidades pelas suas consequências. Uma das principais vantagens da IA é sua capacidade de precificar riscos complexos, como os relacionados às mudanças climáticas, de maneira mais precisa. Isso ocorre porque os modelos de avaliação se tornam mais preditivos e menos dependentes de dados históricos, que podem não refletir os padrões atuais.

“Tendências tecnológicas de seguros que podem melhorar a resiliência ao risco”

Em um artigo da Majesco, chamado "Adapt or Leak: Three Insurance Technology Trends That Can Improve Risk Resilience"  são destacadas três principais tendências tecnológicas que podem melhorar a resiliência ao risco no setor de seguros:

  1. Uso de Dados Avançados e Análises Preditivas: As seguradoras estão cada vez mais adotando tecnologias de dados avançados e análises preditivas para avaliar riscos de maneira mais precisa. Isso permite uma melhor precificação dos seguros e uma gestão mais eficaz dos riscos, especialmente em cenários de risco complexos e dinâmicos, como mudanças climáticas e riscos tecnológicos.
  2. Digitalização e Automação: A digitalização dos processos de seguros, desde a venda até a gestão de sinistros, aumenta a eficiência e reduz os erros humanos. A automação de tarefas repetitivas libera recursos para que as seguradoras se concentrem em atividades estratégicas, melhorando a resposta a incidentes e a mitigação de riscos.
  3. Integração de Ecossistemas Digitais: A criação de ecossistemas digitais, onde diferentes tecnologias e parceiros podem se integrar, facilita a oferta de soluções de seguros mais abrangentes e personalizadas. Isso inclui a utilização de plataformas baseadas em nuvem, IoT (Internet das Coisas) e outras tecnologias emergentes que permitem uma resposta mais rápida e eficaz aos riscos emergentes.

Segundo o estudo, essas tendências são essenciais para que as seguradoras possam se adaptar a um ambiente de riscos em constante mudança e oferecer melhores serviços aos seus clientes, aumentando a resiliência ao risco e a eficiência operacional

Plataforma de controle de risco para clientes

A empresa “USI” anunciou o lançamento de sua plataforma proprietária de controle de risco, habilitada para tecnologia chamada PATH. A PATH utiliza dados específicos do setor para criar soluções personalizadas de controle de risco para seus clientes. Esse serviço abordará os principais motivadores de reclamações das organizações, considerando seus setores, subverticais, tamanho e localização geográfica. Os dados serão empregados para oferecer insights especializados e soluções sob medida. A USI destacou os desafios de desenvolver estratégias eficazes de controle de risco em um cenário de riscos em constante evolução. Equilibrando custo e complexidade, a USI acredita que a PATH pode proporcionar às empresas uma vantagem ao abordar suas lacunas na gestão de risco por meio de uma abordagem orientada por análises.

Seguradoras estão oferecendo serviços que ajudam os clientes a diminuir as ameaças digitais

Investir em serviços que previnam e reduzam riscos é fundamental para as seguradoras de hoje. Segundo o Relatório Global de Seguros de 2023 da McKinsey, essas empresas precisam ir além de simplesmente cobrir riscos, oferecendo também serviços que ajudem a evitar problemas antes que eles aconteçam. Um bom exemplo disso é a área de segurança cibernética. As seguradoras que estão na vanguarda dessa tendência ajudam seus clientes a diminuir as ameaças digitais e a tomar decisões mais seguras, fornecendo informações sobre possíveis ameaças, diversificando os locais onde os dados são armazenados, oferecendo consultoria especializada e treinando funcionários.

Parcerias com empresas para minimizar riscos

Um outro caminho interessante adotado por muitas seguradoras é a união com empresas de segurança cibernética para oferecer soluções como proteção dos dispositivos e sistemas dos clientes e autenticação multifatorial, que torna o acesso mais seguro. O relatório também destaca que as insurtechs têm uma grande oportunidade de criar produtos de proteção cibernética que funcionem como uma espécie de "vacina" contra riscos. Ou seja, quanto mais as empresas se protegem contra ataques cibernéticos, menor será o risco geral para todo o setor de seguros.

Plataforma de serviços de software para permitir a gestão de riscos de próxima geração

A AXA XL é um dos exemplos de seguradoras que fez parceria com empresa para mitigar riscos:  a AXA e a Amazon Web Services (AWS), uma empresa da Amazon.com, vão construir uma plataforma de serviços de software para permitir a gestão de riscos de próxima geração.  Segundo as empresas, a AXA Digital Commercial Platform (DCP) combina dados industriais, empresariais e ambientais com análises geoespaciais e tecnologias de IA generativa. Isso ajuda os clientes a monitorar seus ativos e a enfrentar riscos complexos e interconectados, como desastres naturais, interrupções na cadeia de suprimentos e ameaças cibernéticas. Com o poder analítico da Amazon, a AXA planeja oferecer diversos serviços para milhões de clientes globais da AWS nos próximos dois anos, utilizando o AWS Marketplace e o AWS Data Exchange.

O trabalho da AXA com a AWS é essencial para a transformação do nosso negócio, que inclui a evolução dos seguros tradicionais para a prevenção e mitigação de riscos”

Para disponibilizar a DCP, a AXA utilizará o Amazon Bedrock, um serviço que proporciona uma variedade de modelos de IA de empresas líderes do setor. Isso permitirá fornecer aos clientes empresariais dados e análises em tempo real, além de vastos conjuntos de dados históricos. Esses dados ajudarão a identificar e avaliar fatores que podem interromper operações ou afetar a reputação, segurança, proteção ou desempenho financeiro das empresas. Esses insights serão valiosos para os serviços de prevenção de riscos e para as áreas de subscrição e sinistros da AXA, permitindo uma melhor previsão de resultados e mitigação de riscos na criação de produtos de seguros. “A Amazon traz a profundidade, experiência e um amplo portfólio de serviços que precisamos para fornecer aos clientes recursos para ajudar a gerir os seus riscos”, disse Alexander Vollert, diretor de operações do grupo e diretor-geral de operações do Grupo AXA. “O trabalho da AXA com a AWS é essencial para a transformação do nosso negócio, que inclui a evolução dos seguros tradicionais para a prevenção e mitigação de riscos”.

É preciso equilibrar inovação com responsabilidade

Conforme as novas tecnologias se integram às operações das seguradoras, há uma transformação na maneira como os riscos são identificados, avaliados e gerenciados. Isso melhora a capacidade das seguradoras de avaliar o perfil de risco dos segurados e também de ajustar suas estratégias de precificação e políticas de cobertura de forma mais dinâmica e eficaz.  Sistemas de monitoramento contínuo e dispositivos IoT oferecem às seguradoras a capacidade de detectar problemas potenciais antes que se tornem reivindicações, possibilitando ações proativas para mitigação de riscos e redução de sinistros. Contudo, é essencial reconhecer os desafios que acompanham essa evolução tecnológica. Portanto, a mitigação de riscos através da evolução tecnológica representa uma oportunidade para melhorar a eficiência operacional, aumentar a satisfação do cliente e fortalecer a resiliência contra ameaças que surgem no setor. Ao equilibrar inovação com responsabilidade regulatória, as seguradoras criam um cenário mais sólido contra os riscos, fortalecendo seus serviços e ultrapassando a complexidade dos desafios provenientes da digitalização.

Postado em
15/6/2024
 na categoria
Tecnologia

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