termo ESG (ambiental, social e governança) surgiu em 2004 em uma publicação do Pacto Global e do Banco Mundial, como resposta a uma provocação do então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, a lideranças do setor financeiro sobre a integração desses fatores no mercado de capitais. Desde então, ficou claro que priorizar aspectos socioambientais é benéfico para o meio ambiente e também pode ser vantajoso do ponto de vista financeiro.
Café brasileiro é eleito o melhor do mundo após anos de investimentos em sustentabilidade e reconhecimento dos princípios da agricultura regenerativa
Uma prova importante das vantagens que uma empresa pode ter ao adotar práticas ESG foi um importante prêmio conquistado em novembro do ano passado: a produtora brasileira de café São Mateus Agropecuária alcançou um feito histórico ao ser eleita como "Melhor dos Melhores" na 8ª edição do Prêmio Internacional Ernesto Illy, realizada em Nova York. Essa conquista inédita foi o resultado de anos de investimentos em sustentabilidade e na adoção dos princípios da agricultura regenerativa. A propriedade é certificada pelo programa "Certifica Minas Café", iniciativa governamental que incentiva práticas sustentáveis, melhora a qualidade dos grãos e amplia o acesso a mercados nacionais e internacionais.
99% dos investidores utilizam divulgações ESG para decidir se investirão em uma empresa
O exemplo acima demonstra como a implementação de práticas ambientais, sociais e de governança (ESG) pode levar ao reconhecimento global e abrir novas oportunidades de mercado. Assim como a São Mateus Agropecuária colheu os frutos de seu compromisso com a sustentabilidade, outros setores, como o de seguros, têm a oportunidade de trilhar caminhos semelhantes. Empresas que adotam práticas ESG ampliam sua competitividade, tanto local quanto globalmente, e ganham em termos de reputação, resiliência e redução de custos. De acordo com a consultoria EY, 78% dos investidores acreditam que vale a pena apostar em ESG mesmo com a possível diminuição dos lucros a curto prazo. Além disso, 99% dos investidores utilizam divulgações ESG para decidir se investirão em uma empresa, favorecendo aquelas que adotam essas práticas.
97% das seguradoras têm pelo menos um objetivo de baixo carbono
Atualmente, quase todas as seguradoras globais possuem pelo menos um objetivo de transição para baixo carbono, uma mudança substancial em comparação a dois anos atrás, quando apenas 2% tinham compromissos concretos, conforme indica a última pesquisa da BlackRock. Esse estudo, que envolveu 410 executivos seniores de empresas com ativos totais de US$27 trilhões, apontou que 97% das seguradoras têm pelo menos um objetivo de baixo carbono, sendo a meta de emissões líquidas zero até uma data específica a mais comum globalmente, enquanto as metas de redução de emissões anuais são as mais populares nas Américas do Norte e Latina. Além disso, 54% das seguradoras em todo o mundo afirmaram que estão respondendo aos interesses de acionistas e segurados.
Mercado ESG poderá movimentar cerca de US$53 trilhões até 2025
A boa notícia para as seguradoras que estão interessadas nas práticas sustentáveis é que um estudo da Infosys aponta que o mercado ESG poderá movimentar cerca de US$53 trilhões até 2025. Esse impacto também é sentido nas empresas que adotam ESG, uma vez que, segundo a mesma pesquisa, 90% dos executivos relatam que tal investimento trouxe retornos financeiros positivos para suas organizações.
Novas tecnologias que oferecem produtos mais sustentáveis
Muitas seguradoras já estão adotando práticas inovadoras no campo de ESG, aproveitando novas tecnologias para oferecer produtos mais sustentáveis e socialmente responsáveis. Por exemplo, algumas estão utilizando a IoT e sensores ambientais para criar seguros personalizados que recompensam empresas e indivíduos que adotam práticas sustentáveis, como a redução no consumo de energia. Outras estão empregando IA para avaliar e precificar riscos com base em dados de desempenho ESG, permitindo apólices mais precisas e ajustadas ao perfil de sustentabilidade dos clientes.
Oferta de produtos vinculados a projetos com impacto ambiental ou social positivo
Alguns players estão integrando o conceito de finanças verdes, oferecendo produtos vinculados a projetos com impacto ambiental ou social positivo, como coberturas para empresas que investem em energias renováveis ou se comprometem com a redução de emissões de carbono. A utilização de Big Data também está sendo aplicada na previsão e mitigação de riscos climáticos, permitindo que seguradoras ajustem suas apólices em tempo real em regiões vulneráveis a desastres naturais.
Infraestruturas de energia limpa e incentivo à adoção de veículos elétricos
Muitas empresas do setor estão oferecendo produtos especializados que cobrem riscos relacionados a infraestruturas de energia limpa, como painéis solares e turbinas eólicas, e incentivando a adoção de veículos elétricos com seguros que oferecem prêmios reduzidos. Além disso, seguradoras estão adotando plataformas de conformidade ESG para avaliar a adesão de clientes a padrões sustentáveis, ajustando apólices e recompensando boas práticas de governança e sustentabilidade. O apoio à economia circular também é evidenciado por meio de apólices especiais para empresas que adotam práticas de reutilização e reciclagem, alinhando a cobertura às necessidades específicas desses negócios focados na sustentabilidade de recursos.
Seguradoras uma postura proativa no desenvolvimento de proteções ESG
Diante desses exemplos, fica claro que a adoção de práticas ESG é essencial para as seguradoras. O reconhecimento internacional da São Mateus Agropecuária ilustra como investimentos em sustentabilidade podem levar a novas oportunidades e destaque global. Ao mesmo tempo, o fato de 97% das seguradoras já possuírem objetivos de baixo carbono sinaliza um compromisso do setor com a sustentabilidade. Com a expectativa de que o mercado ESG movimente cerca de US$53 trilhões até 2025, é imperativo que os demais players adotem práticas semelhantes e busquem inovar em suas abordagens. O futuro demandará das seguradoras uma postura proativa no desenvolvimento de soluções de proteção que gerenciem riscos e promovam a responsabilidade ambiental e social.