ascensão dos ativos digitais introduziu novas modalidades de fraude e criminalidade financeira, exemplificadas notoriamente pela trama do documentário "Criptofraude". A narrativa do documentário parte de um crime real, no qual três homens exploram o mercado de criptomoedas para aplicar golpes em investidores e bancar uma vida de luxo. A trama gira em torno da empresa Centra Tech, fundada por vários golpistas confessos, cujo objetivo era arrecadar fundos por meio de uma oferta inicial de moedas para uma criptomoeda chamada Centra.
Avanços tecnológicos envolvem riscos que destacam a necessidade de mecanismos de proteção
Além da moeda suspeita, a Centra Tech também afirmou que estava em processo de criação de um cartão de débito real que permitiria facilmente aos usuários gastar Centra e várias outras criptomoedas em tempo real. Com isso, a Centra promoveria a chegada de cartões de débito para seus investidores gastarem suas criptomoedas. O fácil acesso ao produto evitaria que as pessoas que detivessem moedas ou tokens precisassem abrir contas bancárias para consumir. Todos os meandros desse documentário exemplificam como os avanços tecnológicos podem, paradoxalmente, abrir portas para golpistas explorarem investidores desavisados, destacando a urgente necessidade de mecanismos de proteção robustos.
Seguro para ativos digitais
A indústria de seguros responde a esse desafio através do desenvolvimento do seguro para ativos digitais (também conhecido como Seguro Criptográfico). Essa ferramenta, ainda em evolução, visa aumentar a confiança no setor de blockchain e criptomoedas. Contudo, a variação das coberturas e a dependência de regulamentações locais apontam para a complexidade desse campo e os desafios que precisam ser superados.
Desafios do Seguro Criptográfico
Embora o mundo das criptomoedas não seja exatamente uma inovação recente, ainda é relativamente novo a ponto de faltar uma base histórica substancial. Essa carência de dados passados é particularmente problemática para seguradoras comerciais, que dependem dessas informações para mensurar e determinar o custo do risco associado a um determinado setor. Diante da ausência desses dados, as seguradoras se deparam com desafios significativos ao tentar antecipar diferentes tipos de vulnerabilidades. Um exemplo claro é a dificuldade dos subscritores em estimar a chance de um hacker conseguir subtrair ativos digitais ou o impacto financeiro resultante de um furto de uma carteira digital privada. Adicionalmente, a questão dos preços nesta área criptográfica é complicada. As moedas digitais estão entre os ativos mais instáveis do mercado, com variações dramáticas no valor de moedas como Bitcoin ou Ethereum, que frequentemente são notícia devido às suas significativas flutuações de preço. Essa instabilidade torna extremamente desafiador estabelecer um valor fixo para as criptomoedas, complicando ainda mais a tarefa das seguradoras em definir cotas de seguro precisas.
Banco Central pretende regular o mercado de criptoativos
No Brasil, a regulamentação do mercado de criptoativos pelo Banco Central indica um movimento em direção à integração e supervisão desse mercado com o sistema financeiro tradicional. Esse esforço regulatório visa, principalmente, a gestão e mitigação dos riscos associados a esses ativos (alguns já explorados no parágrafo acima), ecoando a necessidade global de uma abordagem cautelosa e baseada em critérios muito bem pré-estabelecidos.
Como a indústria precisa atuar para garantir uma navegação segura nesses ecossistemas digitais
Em recente entrevista, sobre o que a indústria precisa fazer hoje para garantir uma navegação segura nesses ecossistemas digitais, Genevieve Jubitana – Chefe de Seguros da Avata afirmou que a indústria de seguros já possui as ferramentas necessárias para se adaptar e prosperar nesse novo ecossistema digital. Segundo ela, o ponto inicial para o sucesso reside na capacitação, no apoio regulatório claro e na partilha responsável de dados. Segundo a líder, se alguém perguntar: “O que há depois do amanhã?”, ela responderia: “Um mundo de oportunidades!”
As seguradoras poderão se tornar protagonistas na construção de um ambiente digital mais seguro e regulado
O documentário "Criptofraude" traz à tona as complexidades e os desafios enfrentados no âmbito da inovação digital, ilustrando as vulnerabilidades presentes no setor de criptoativos. Ao mesmo tempo, destaca a necessidade imperativa de mecanismos robustos de segurança nos ecossistemas digitais. Como segurança é a palavra-mãe da indústria seguradora, ela é um elemento indispensável na mitigação de riscos, atuando na promoção de confiança e estabilidade necessárias para navegar com segurança nas novas fronteiras digitais. Nesse aspecto, a perspectiva de regulação do mercado de criptoativos pelo Banco Central do Brasil é um passo positivo, já que visa estabelecer parâmetros claros de atuação para proteger os investidores e fortalecer o mercado. Assim, à medida que as seguradoras vencerem os desafios para implementação e expansão do Seguro Criptográfico, elas irão se tornar protagonistas na construção de um ambiente digital mais seguro e regulado, reforçando a confiança do consumidor nos ativos digitais e contribuindo para um desenvolvimento mais sustentável e protegido dos ecossistemas digitais.