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fenômeno de “Ruptura” e sua crítica ao modelo corporativo

A série “Ruptura” (“Severance”, no original), disponível na Apple TV+, conquistou a crítica e o público nas últimas semanas, registrando 95% de aprovação no Rotten Tomatoes e garantindo uma nova temporada devido ao sucesso de audiência. O enredo acompanha a vida de funcionários de uma grande corporação que passam por um procedimento que separa suas memórias profissionais das pessoais, questionando os limites da cultura corporativa tradicional e suas implicações. A trama levanta reflexões sobre o ambiente de trabalho rígido, a alienação dos funcionários e a falta de flexibilidade dentro das empresas. No setor de seguros, essas questões são ainda mais relevantes, pois a indústria, historicamente conservadora, enfrenta desafios para se modernizar e acompanhar as transformações tecnológicas.

30% dos brasileiros sofrem de esgotamento no ambiente corporativo

Conforme divulgado pelo portal O Globo, mais de 30% dos profissionais no Brasil sofrem com altos níveis de estresse no ambiente corporativo, muitas vezes sem perceber que estão à beira do burnout, segundo um levantamento do ISMA Brasil. Caracterizado pelo esgotamento físico e emocional causado pelo excesso de trabalho e pela falta de equilíbrio entre vida profissional e pessoal, o burnout foi oficialmente reconhecido pela OMS em 2022, reforçando sua gravidade. A pressão constante por resultados, jornadas exaustivas e a dificuldade em separar trabalho e vida pessoal tornam líderes e executivos especialmente vulneráveis. A pandemia e o modelo híbrido ampliaram esse problema, evidenciando a necessidade de mudanças na cultura corporativa.A prevenção do burnout exige ações tanto dos profissionais quanto das empresas. Estabelecer limites, delegar tarefas e priorizar a saúde mental são estratégias fundamentais para garantir bem-estar e produtividade de forma sustentável.

O conservadorismo no setor de seguros e a urgência na adoção de tecnologias

O setor de seguros é marcado por processos burocráticos e uma estrutura organizacional hierárquica, onde a inovação nem sempre encontra espaço. Da mesma forma que é demonstrado em “Ruptura”, muitas seguradoras ainda operam dentro de modelos rígidos que limitam a criatividade e dificultam a adoção de novas abordagens para melhorar a experiência do cliente. Embora o conservadorismo seja importante para a gestão de riscos, ele entra em conflito com o ritmo acelerado de avanços como a inteligência artificial. Isso cria um cenário desafiador, mas também repleto de oportunidades. Para avançar, é necessário adotar uma estratégia que combine cautela e inovação. Esse equilíbrio permite que as seguradoras superem obstáculos como sistemas legados e qualidade de dados, tornando possível uma aplicação prática e eficaz da IA no setor.

Insurtechs redesenham o cenário tradicional apostando em inovação

As insurtechs vêm desafiando esse tradicionalismo, trazendo soluções tecnológicas que promovem maior eficiência, personalização e flexibilidade nos produtos e serviços. Com o uso de tecnologias avançadas, como automação e inteligência artificial, essas empresas simplificam processos, eliminam burocracias e oferecem atendimento mais rápido e eficiente. Aplicativos intuitivos e sistemas automatizados permitem que os consumidores tenham acesso a produtos sob demanda e preços ajustáveis às suas necessidades. Além disso, a IA possibilita análises detalhadas de grandes volumes de dados em tempo real, aprimorando previsões de risco e personalizando ainda mais os serviços. Para que essa evolução continue, é essencial que as insurtechs mantenham o foco na inovação e na criação de soluções acessíveis e centradas no cliente. No cenário atual, os consumidores exigem simplicidade, transparência e conveniência, e as seguradoras que souberem atender a essas expectativas estarão mais bem posicionadas para liderar o mercado.

Superando a cultura corporativa engessada

À medida que o mercado se torna mais dinâmico, seguradoras que insistem em manter processos ultrapassados correm o risco de perder espaço para empresas mais ágeis e inovadoras.  A transformação digital não se resume apenas à adoção de novas tecnologias, mas envolve uma mudança estrutural que afeta processos internos, cultura organizacional e a forma como os clientes interagem com os serviços. Tendo isso em vista, algumas ações podem ser incorporadas pelas seguradoras mais tradicionais:

  • Mudança cultural: A inovação não acontece apenas com tecnologia, mas também com uma mentalidade mais aberta e colaborativa. É fundamental que seguradoras tradicionais criem um ambiente de trabalho menos burocrático e mais flexível, incentivando a criatividade e o protagonismo dos colaboradores. Estratégias como metodologias ágeis, e programas de capacitação podem ajudar a romper com modelos ultrapassados e tornar a empresa mais adaptável às mudanças do setor.
  • Experiência do cliente no centro: O consumidor moderno espera praticidade, transparência e agilidade na contratação e no gerenciamento de seguros. O modelo tradicional, baseado em longos processos e atendimento presencial, precisa evoluir para soluções digitais que proporcionem uma jornada fluida e intuitiva. Aplicativos, plataformas de autoatendimento e seguros sob demanda são algumas das inovações que podem transformar a experiência do usuário, garantindo maior engajamento e fidelização.

Investir na “Ruptura” do paradigma tradicional

"Ruptura" faz uma crítica contundente ao corporativismo extremo, destacando a problemática que assola muitas empresas. No setor de seguros, essa crítica ressoa fortemente, já que o conservadorismo estrutural ainda impõe barreiras à modernização. Para romper com essa cultura engessada, as seguradoras precisam adotar medidas estruturais, transformação digital e mudança de mentalidade para manter a relevância no mercado. Incentivar um ambiente de trabalho mais colaborativo e menos burocrático é essencial para atrair talentos e impulsionar a inovação dentro da indústria, considerando também a saúde mental dos colaboradores. As insurtechs mostram que a mudança é possível, e as seguradoras que souberem ultrapassar paradigmas tradicionais, podem criar um ambiente mais dinâmico, oferecendo produtos e serviços que atendam às novas demandas dos consumidores.

Postado em
7/4/2025
 na categoria
Inovação

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