onny Martins, gerente de Estratégia, Inteligência Comercial e Processos da ENS (Escola de Negócios e Seguros), concedeu entrevista exclusiva à Insurtalks e falou sobre os programas de imersão internacional em Tel Aviv e Londres. Na conversa, estiveram em pauta os objetivos da Instituição ao idealizar essas imersões, os conhecimentos adquiridos, as áreas abordadas, as parcerias com a SOSA - The open innovation company e o CII – Chartered Insurance Institute, e planos para futuras imersões. Confira abaixo:
Insurtalks: Quais foram os principais objetivos da Escola ao planejar uma imersão em Israel para profissionais do setor de seguros brasileiro?
Ronny Martins: Israel é uma referência em startups, em empresas que trabalham com tecnologia e inovação para soluções de problemas de toda natureza. O mercado brasileiro de seguros, em particular, tem passado por uma discussão tecnológica importante com o surgimento das insurtechs fazendo distribuição de seguros, mas também dentro das seguradoras convencionais procurando soluções de agilidade nos negócios e nos procedimentos internos. Como Israel é uma referência, entendemos que seria interessante montar uma delegação brasileira para visitar o ecossistema israelense e conhecer a mentalidade deles, que é muito diferente da nossa. O empreendedorismo é muito mais incentivado e o erro é muito aceito, é tratado como parte do negócio.
“As startups israelenses têm um índice de insucesso muito grande, mas isso não é encarado como um problema porque as grandes novidades, as grandes inovações, são passíveis de erros estratégicos”
Ainda falando sobre os objetivos da imersão, Ronny diz que a Escola já fez, em 2021, uma parceria com a Universidade de Tel Aviv, em um programa similar a esse, e, segundo ele, o fato de o erro ser bem aceito e tratado como um dos caminhos para o acerto era a primeira surpresa para os executivos brasileiros: “As startups israelenses têm um índice de insucesso muito grande, mas isso não é encarado como um problema, porque as grandes novidades, as grandes inovações, são passíveis de erros estratégicos. Isso é uma novidade para a mentalidade do brasileiro e é por isso que a gente começa o programa, de uma maneira geral, mais preocupados com a questão do mindset israelense e, depois, passamos para os cases práticos”, declarou Martins.
Insurtalks: Quais serão as áreas abordadas durante o treinamento e qual é o público-alvo?
Ronny Martins: O público-alvo são executivos com experiência no mercado de seguros brasileiro (preferencialmente, com 5 a 10 anos de experiência no setor) e C-Levels, ou seja, pessoas com alto nível de gestão estratégica.
Com relação ao programa do curso, ele tem quatro dias. No primeiro, apresentaremos a SOSA, que é nossa parceira. Trata-se de uma empresa de inovação aberta que já atua com algumas companhias brasileiras, mas não ainda no mercado de seguros brasileiro, embora muitas empresas internacionais que operam no Brasil já utilizem os serviços da SOSA. Depois, falaremos um pouco sobre o ecossistema de tecnologia de Israel, abordaremos tendências globais de seguros e faremos visitas a algumas startups.
No segundo dia, visitaremos o Peres Center for Peace and Innovation, que é um centro único em Israel, preocupado com inovação e prosperidade, mostraremos casos da SOSA com empresas brasileiras, trataremos do tema cibersegurança e seguros, e visitaremos startups.
No quarto dia, o tema em pauta será mudanças climáticas e seguros. Também realizaremos novas visitas a startups e organizaremos uma mesa-redonda com seguradoras de grande crescimento no país.
Um aspecto que merece destaque é que, no período em que estivermos em Israel, será realizada a InsurTech Israel Summit, maior conferência israelense do gênero. Esse evento não faz parte da programação oficial do nosso curso, mas deixamos o terceiro dia livre para os participantes que também desejarem conhecer esse programa.
Insurtalks: Quais são as expectativas para os participantes da imersão em termos de conhecimentos e habilidades adquiridos?
Ronny Martins: Como todo programa internacional, o que vem primeiro é o network. Eles terão a oportunidade de estar frente a frente com CEO’s de muitas startups. Muitos participantes do curso, inclusive, já trazem o contato para negócios posteriores e para incorporar as soluções operacionais em suas seguradoras no Brasil. As outras questões são a vivência e os conhecimentos aprendidos em cada tema, que também podem ser aplicados no dia a dia das corretoras e seguradoras no Brasil.
Insurtalks: A ENS mantém convênios com instituições internacionais há mais de 20 anos para realização de treinamentos no exterior. Neste ano, a Escola firmou parceria com a SOSA, um hub israelense de inovação aberta. Pode falar um pouco mais sobre essa nova parceria e como ela foi estratégica para viabilizar a imersão em Israel?
Ronny Martins: Nossos programas no exterior sempre têm um parceiro internacional que é a empresa que abre as nossas portas naquele determinado país. Nesse momento, em Israel, estamos em parceria com a SOSA, que nos proporciona todas as condições para levarmos nossos participantes, nossa delegação, para conhecer as startups, as seguradoras etc. É uma companhia que desfruta de grande prestígio e credibilidade por buscar sempre a excelência no que faz, assim como a ENS. Então, a SOSA é uma parceira fundamental, porque possibilita à ENS realizar essa imersão inédita de cinco dias em Israel.
Insurtalks: Vocês desenvolveram também um programa internacional em Londres, o Risk Management and Insurance Innovation. De que maneira a ENS selecionou os temas abordados neste programa internacional e como foi o envolvimento do corpo docente?
Ronny Martins: Em Londres, mantemos parceria há mais de 10 anos com o CII, que é o Chartered Insurance Institute. Nesse período, já levamos mais de 200 executivos para conhecer as práticas do mercado londrino. O fato de o Chartered Insurance Institute ser, talvez, a instituição de educação em seguros mais renomada no mundo, nos dá muita confiança na idealização de programas com eles. Em geral eles funcionam assim: selecionamos os temas que nos parecem oportunos, o staff do CII monta o programa e vamos avaliando e entendendo o que é mais relevante para o mercado brasileiro, até chegarmos a um conteúdo final. Esse é o nosso processo de criação.
Insurtalks: Quais são os objetivos do Risk Management and Insurance Innovation e como ele poderá contribuir para o aprimoramento dos profissionais que participarem?
Ronny Martins: Esse treinamento também contribuirá para a aquisição de conhecimentos e para o network. Os participantes terão a oportunidade de conhecer o Lloyd’s, o berço do seguro, portanto, um grande atrativo do programa. E o próprio conteúdo que as pessoas vão trazer para as suas empresas e que irá contribuir para repensarem seus procedimentos e atividades.
Insurtalks: Qual a importância da colaboração internacional no desenvolvimento de novas práticas e tecnologias em seguros?
Ronny Martins: O setor de seguros no Brasil, assim como o mercado financeiro, é bastante inovador e muito desenvolvido. Porém, vivemos em um país com nível de desenvolvimento um pouco abaixo do desejado. Então, o fato de estarmos em um núcleo financeiro como Londres e em um país como Israel, onde tecnologia e tradição se integram, é algo extremamente valioso. Eu diria que a experiência internacional é sempre um ponto de reflexão. É uma experiência que nos faz avaliar as nossas práticas, o que estamos fazendo de bom e devemos continuar, porque muitas vezes é melhor do que eles fazem, e o que estamos fazendo de errado. Portanto, essa comparação é muito interessante nas vivências internacionais.
Insurtalks: Quais são os planos da ENS para futuros programas de treinamento e colaboração internacional?
Ronny Martins: No próximo dia 26 de junho, iniciaremos um programa em Portugal, em parceria com a Universidade NOVA de Lisboa, cujas inscrições já estão esgotadas. A procura foi tão grande que decidimos organizar um segundo programa, em novembro. Como esse de junho será em Lisboa, optamos por fazer o de novembro na cidade do Porto.
Alunos entusiasmados com os programas internacionais
O gestor da ENS explica que, depois de anos sem poder realizar as imersões presenciais devido à pandemia, a Escola notou um grande entusiasmo dos alunos com o retorno dos programas internacionais in loco. “Acabamos de sair de um evento que atrapalhou bastante nossos programas internacionais que foi a pandemia. Durante 3 anos, fizemos apenas um treinamento a distância, com a Universidade de Tel Aviv. Estamos percebendo que, neste ano, nossos alunos vêm demonstrando um grande entusiasmo pelos programas internacionais. Acredito que muito também pelo fato de terem ficado tanto tempo sem ter essa oportunidade. Diante disso, temos alguns planejamentos otimistas para 2024”, disse Martins.
“Temos uma ambição, a despeito da complexidade, de levar uma delegação para a China”
De acordo com o gerente, apesar do grande entusiasmo, a Escola vai aguardar os resultados de 2023 para fazer os lançamentos. Mas já tem planos audaciosos: “Entendemos que, para 2024, há espaço para organizar um programa nos Estados Unidos, porque é um país que o público brasileiro gosta muito. Temos também uma ambição, a despeito da complexidade, de levar uma delegação para a China. Ouvimos bastante as pessoas dizerem que querem ir para a China, porque é onde as coisas estão acontecendo. Portanto, como planejamento para 2024, há um desejo de manter os programas atuais, em Portugal, Israel e Inglaterra, mas, também, de organizar um programa nos Estados Unidos, onde já fizemos no passado e é muito bem aceito, e outro na China, que seria um golaço”, finalizou Ronny Martins.