última edição do evento “CQCS Insurtech & Innovation” bateu recorde de participantes (1.500) e reuniu uma grande diversidade de agências reguladoras, seguradoras, insurtechs, investidores, prestadores de serviços tecnológicos, corretores e distribuidores de seguro de todo o mundo para debater as principais tendências sobre tecnologia e inovação no ramo.
A evolução dos produtos de seguros, o aumento da demanda por proteção, o aumento dos eventos climáticos, o prejuízo dos ataques cibernéticos, a subscrição do futuro e a união entre seguro e tecnologia para a construção de uma sociedade melhor foram alguns dos diversos temas abordados no evento.
A evolução dos produtos de seguros e as necessidades dos clientes
Ana Luiza, diretora do Produto Auto da HDI, iniciou sua fala no painel “Tecnologia como caminho para o surgimento e melhora dos produtos”, fazendo uma provocação sobre a evolução dos produtos de seguros e se eles evoluem de acordo com a necessidade de consumo dos clientes. Ela ressalta que o processo de mudança tem três pilares que influenciam a indústria de bens de consumo e que sempre está pautado em produtos, processos e pessoas e pontua: “Muito simples. Mas, às vezes, a gente não faz essa pequena lição de casa de pensar: ‘Realmente as pessoas estão precisando daquela necessidade? A gente criou as necessidades para elas também precisarem disso?’ De repente, a gente vai evoluindo nos produtos dentro das nossas empresas e não é aquilo que o mercado queria. A gente até faz o processo acontecer: a gente evolui, automatiza, coloca mais tecnologia embarcada. Cria realmente coisas que vão fazer diferença nas nossas empresas, mas elas vão usar?”
Relação de causa e efeito
Como reflexão à provocação feita, a diretora da HDI, estabelece uma relação de causa e efeito entre comportamento social e evolução dos produtos de seguro:
“As culturas vão mudando, as gerações vão mudando, os comportamentos vão mudando e os desejos também. Então, a área de produtos e de negócios com tecnologia precisa estar sempre alinhada com essas mudanças”.
“Como eu consigo unir seguro e tecnologia para fazer uma sociedade mais tranquila e mais produtiva?”
Carla Almeida, diretora de P&C da AXA no Brasil, palestrou — no mesmo painel que Ana Luiza — sobre como conseguir unir seguros e tecnologia para construir uma sociedade mais tranquila e produtiva e sobre o cenário de elevação de riscos e a consequente demanda por proteção.
Ela disse: “Como eu consigo unir seguro e tecnologia para fazer uma sociedade mais tranquila e mais produtiva? Se a gente analisar o mundo que vivemos atualmente, a gente percebe que estamos vivendo num cenário de elevação de riscos. Hoje é muito mais frequente a gente encontrar, no nosso dia a dia, eventos climáticos. Antigamente, a gente conseguia prever em que região determinado evento climático iria acontecer (inundações, vendavais e tudo mais). Hoje, não. Hoje, qualquer lugar pode ser um lugar onde pode haver uma inundação”.
Eventos climáticos aumentaram 75 vezes na última década
Carla continua sua reflexão sobre elevação de riscos, destacando dados alarmantes: “Ano passado a Mckinsey trouxe um artigo que fala que, na última década, os eventos climáticos aumentaram em 75 vezes mais que na década anterior. A gente vivenciou isso aqui no Brasil. Sabemos que, nos últimos 3 anos, eventos catastróficos arruinaram o resultado do seguro agrícola. Foi a área de seguro mais afetada”.
Prejuízo dos ataques cibernéticos
“Outro evento que agora também faz parte do nosso dia a dia e que antes era mais afastado da gente foram os ataques cibernéticos. A gente imaginava que isso só acontecia em uma empresa e, na verdade, não. Hoje, a gente se preocupa com os ataques no nosso celular (...). Se a gente como pessoa física já tem um prejuízo com (a possibilidade de invasão) hacker no nosso celular, imagina o prejuízo de uma empresa…é enorme.”
Aumento da demanda por proteção oportunidade para o mercado
A diretora da AXA explica que, além do aumento da inflação que está acontecendo em regiões maduras como Europa e Estados Unidos que já vai trazer um impacto para o nosso mercado, tem também as crises sociais. Segundo ela: “A gente tem a grande guerra da Ucrânia, mas a gente não pode esquecer das guerras que estão ocultas e que estão espalhadas pelo mundo inteiro e que isso também vai trazer um impacto para o nosso mercado”. Com todo esse cenário, ela aponta uma tendência:
“A gente percebe que a demanda por proteção vai aumentar nos próximos anos e, nós, do mercado de seguros temos uma oportunidade ímpar de inovar e evoluir”.
A velocidade da evolução do mercado depende do uso inteligente dos dados
Carla continua fazendo provocações para reflexão do mercado:“Qual a diferença de hoje para o passado? O que vai fazer com que nosso mercado evolua na velocidade que a gente precisa? A diferença é a inteligência de dados. Hoje, todo mundo precisa de dados: nós, como pessoa física e as empresas, mais ainda. O problema e a chave aqui, é a gente saber como usar esses dados para avaliar risco, para precificar corretamente e melhor. Como vamos fazer o uso perfeito desses dados para o nosso mercado? É nisso que a gente tem que se concentrar”.
A subscrição do futuro
De acordo com Carla Almeida, a subscrição do futuro será baseada em 4 fases:
- Subscrição mais simples: “ A gente vê isso hoje no nosso dia a dia, que é o envio de informações por parte do corretor, informações mínimas necessárias, envia para a seguradora e pronto”.
- Fase mais ágil: “Onde a seguradora vai ter que utilizar a inteligência de dados e vai ter que buscar em bases públicas e privadas. Usar as informações internas que a seguradora tem para precificar o risco e enviar essa cotação para o mercado de forma rápida”.
- Fase mais estratégia: “É a fase que a gente microsegmenta a cotação internamente. E por que eu digo que é a fase mais estratégica? Porque todos os stakeholders que fazem parte desse processo precisam estar alinhados. É preciso ter conectividade com a área de sinistros, com a área de resseguros, com a área financeira”.
- Quarta fase: “Na quarta fase, o subscritor continua com um papel fundamental porque nas fases anteriores ele já recebeu a maior parte das informações do risco.Então, ele vai pegar esse risco e vai poder influenciar as melhorias primitivas que o segurado tem que implementar”.
A subscrição será muito mais rápida
Após explicar sobre a quarta fase, a diretora da AXA analisa ainda mais detalhes sobre a subscrição do futuro: “E aqui eu trago um outro aliado que é a tecnologia. A gente vai poder fazer inspeções através de drone. Então, o subscritor vai ter as informações sobre o risco de forma muito rápida. A gente vai poder também monitorar todo o atendimento de liquidações através de drones. Os drones vão poder ir ao local, tirar fotos e ver se o que recomendou e que o segurado disse que implementou, está realmente implementado. Vamos conseguir monitorar a evolução de uma grande obra através de satélite. Isso minimiza muita coisa para dentro da seguradora e potencializa o resultado da seguradora”.
A importância do evento para o mercado
Como maior evento Latino Americano de inovação em seguros, o “CQCS Insurtech & Innovation” reuniu muitas referências globais em inovação em seguros e proteção para compartilhar suas experiências e visões com o público presente.
Essa profusão de ideias e vivências agregam resultados à medida que esclarece e amplia abordagens sobre temas contemporâneos e afins para a categoria, bem como fortalece parcerias, amplia a rede de negócios, torna possível ter insights sobre novos produtos e serviços do mercado viabilizando, dessa forma, a evolução do ecossistema de seguros.