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om o crescimento da presença virtual de indivíduos e empresas em todo o mundo,  a segurança dos dados é um assunto cada dia mais presente em esferas diversas da sociedade. Ainda que a preocupação já exista há algum tempo, o aumento da quantidade de dados sigilosos disponíveis aqueceu o debate social em torno do tema.  Recentemente, a forma como a Meta, empresa controladora do Instagram e Facebook, estava utilizando dados de usuários para treinar suas inteligências artificiais foi alvo de críticas e questionamentos. Esse fato trouxe ainda mais atenção ao debate sobre a privacidade e a segurança dos dados no país e, consequentemente, também levanta questões a esse respeito no que concerne ao setor de seguros, já que as seguradoras armazenam muitos dados sensíveis de clientes.

O principal ponto da contestação era a transparência e o consentimento

Segundo o Instituto de Defesa de Consumidores (Idec), a Meta estava utilizando informações publicamente disponíveis nas redes sociais, como fotos e textos compartilhados pelos usuários, excluindo mensagens privadas dessa coleta. A questão levantada era sobre a legitimidade desse uso, especialmente sem oferecer contrapartidas aos usuários ou detalhar onde e como essas ferramentas de IA eram usadas. O principal ponto de contestação era a transparência e o consentimento. 

A coleta dessas informações foi anunciada pela Meta no início de junho, sendo habilitada por padrão. Usuários que desejavam proteger suas fotos e vídeos precisavam seguir um procedimento específico nas configurações de suas contas. 

De acordo com a ANPD, a Meta dificultou o processo para que os usuários bloqueiem o uso de suas informações pessoais, o que seria uma violação à Lei Geral de Proteção de Dados. Por causa dessa prática, na ocasião o Idec alertou a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). 

Preocupações sobre a falta de clareza e controle por parte dos usuários sobre como seus dados eram utilizados

Na ocasião, a Meta se defendeu afirmando que o uso das informações para treinar suas inteligências artificiais era de interesse legítimo tanto para a empresa quanto para os usuários. A empresa declarou estar comprometida em desenvolver suas tecnologias de forma segura, responsável e em conformidade com as regulações de privacidade no Brasil. No entanto, essa posição não eliminou as preocupações sobre a falta de clareza e controle por parte dos usuários sobre como seus dados são utilizados.

Meta suspendeu recursos de IA generativa no Brasil

Ainda que tenha feito um posicionamento afirmando que tal ação tinha um foco legítimo nos seus usuários, na última quarta-feira, 17 de julho, a Meta anunciou que suspendeu seus recursos de IA generativa no Brasil após a decisão da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). Segundo a ANPD, a Meta não foi transparente quando começou a coletar informações de vídeos, fotos e textos de seus usuários para treinar seus modelos de IA. 

De acordo com uma matéria do SBT News, a Meta afirmou em nota que a pausa nos serviços de IA ocorreu para resolver as questões legais envolvendo a tecnologia.  Depois de reclamações de usuários sobre o recurso de gerar figurinhas no WhatsApp com IA não estar mais disponível, a Meta esclareceu também que algumas ferramentas que foram suspensas, como o gerador de figurinhas por IA, já estavam ativas no Brasil e que a suspensão não tem relação com o pedido da ANPD.

A segurança cibernética precisa andar de mãos dadas com a necessidade de inovação

No contexto da indústria de seguros, a necessidade de evoluir e inovar para enfrentar novos riscos é mais urgente do que nunca. No entanto, conforme demonstrado pelas notícias da Meta narradas acima, a segurança cibernética precisa andar de mãos dadas com a necessidade de inovação. As seguradoras lidam com informações altamente confidenciais, como dados pessoais, financeiros e de saúde, qualquer falha na proteção desses dados pode resultar em consequências severas, incluindo perdas financeiras e danos irreparáveis à reputação da empresa. Além disso, a conformidade com regulamentos como a LGPD é essencial para evitar penalidades e manter a confiança dos clientes.

Demanda por proteção contra ataques cibernéticos incentiva a inovação e a criação de soluções avançadas para a segurança de dados

Com o aumento dos riscos cibernéticos, surgem novas tecnologias que oferecem soluções para redução de riscos e reparação de danos. Isso também abre novas oportunidades de mercado para as seguradoras, que podem desenvolver novos produtos e diversificar suas carteiras de negócios. A crescente demanda por proteção contra ataques cibernéticos incentiva a inovação e a criação de soluções avançadas para a segurança de dados. É essencial que a inovação seja equilibrada com a responsabilidade regulatória, não apenas no setor de seguros, mas em todas as áreas. 

Inovação tecnológica deve ser acompanhada de medidas igualmente inovadoras de proteção e conformidade regulatória

A notícia de que a Meta suspendeu seus recursos de IA generativa no Brasil após órgão regulador apontar falta de transparência no uso de dados dos usuários das plataformas sociais da Big Tech ressalta a importância da segurança cibernética. No mundo dos seguros, é importante adotar essa notícia como lição já que, conforme novas tecnologias são integradas às operações das seguradoras, surgem transformações em termos de praticidade e eficiência, mas também muitos desafios relacionados à segurança dos dados. A inovação tecnológica proporciona avanços incontestáveis, mas deve ser acompanhada de medidas igualmente inovadoras de proteção e conformidade regulatória para garantir a privacidade e transparência no uso das informações sensíveis dos indivíduos e das empresas que confiaram seus dados sensíveis às entidades de seguros.

Postado em
19/7/2024
 na categoria
Tecnologia

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