om a ascensão das plataformas digitais como principal meio de distribuição de obras artísticas, músicos e criadores enfrentam desafios inéditos na preservação e proteção de seus trabalhos. Em um cenário onde álbuns, videoclipes e outras expressões criativas são lançados exclusivamente no ambiente virtual, a dependência de tecnologias digitais expõe esses acervos a riscos como falhas técnicas, ataques cibernéticos e violações de direitos autorais. Apesar de sua relevância como patrimônio cultural e econômico, muitas dessas produções permanecem desprotegidas contra eventualidades. E é aí que deve entrar o papel dos seguros.
A ausência de proteções para esses ativos digitais ameaça os artistas e também a economia criativa
Enquanto obras de arte físicas contam há décadas com apólices específicas para sua preservação e proteção, como o Seguro Obras de Arte Tokio Marine, que cobre peças em museus, exposições e coleções particulares, os acervos digitais carecem de soluções comparáveis. Embora a digitalização tenha tornado o acesso à arte mais democrático (é possível, inclusive, fazer uma visita virtual ao famoso Museu do Louvre), ela também trouxe novos riscos. A ausência de proteções para esses ativos digitais ameaça os artistas e também a economia criativa como um todo, que depende da circulação contínua e segura dessas produções.
Instituto Brasileiro de Museus promove a construção de Acervos Digitais
Iniciativas como as do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) demonstram a relevância de proteger acervos digitais. Por meio de projetos como o Programa Acervo em Rede, que utiliza a plataforma Tainacan para digitalizar e divulgar coleções culturais, o Ibram busca preservar a memória e expandir o acesso ao patrimônio cultural. Contudo, mesmo iniciativas inovadoras enfrentam riscos inerentes ao ambiente digital, como obsolescência tecnológica e ataques cibernéticos. Sem medidas de proteção adicionais, como seguros, essas iniciativas podem ficar aquém de seu potencial em um contexto tão instável.
Prejuízos associados à falta de infraestrutura para proteger conteúdos digitais
Casos recentes demonstram os prejuízos associados à falta de infraestrutura para proteger conteúdos digitais. Em maio de 2022, a expiração de um certificado de segurança no Spotify tornou diversos podcasts temporariamente indisponíveis. Entre os programas afetados estava *The Joe Rogan Experience*, uma das produções de maior audiência da plataforma. A falha não apenas comprometeu a experiência dos ouvintes, mas também gerou impactos financeiros para o sistema de anúncios vinculado ao Megaphone, usado para monetizar os episódios. Esse exemplo reforça como a falta de garantias contra interrupções digitais pode gerar perdas financeiras e danos reputacionais para os criadores de conteúdo.
Oportunidade de desenvolver soluções inovadoras para proteger acervos digitais
Dada essa enorme carência de proteção nesse segmento, o mercado de seguros tem a oportunidade de desenvolver soluções inovadoras para proteger acervos digitais. Entre as coberturas possíveis estão apólices que garantam a recuperação de dados perdidos devido a falhas em servidores ou ataques cibernéticos. Além disso, poderiam ser incluídas compensações financeiras para os artistas em caso de interrupções que impeçam a distribuição de suas obras, ajudando a mitigar prejuízos decorrentes da falta de engajamento ou de problemas contratuais com patrocinadores.
Segurança adicional em um ambiente digital marcado pela reprodução não autorizada de conteúdo
Outra área essencial de atuação seria a proteção dos direitos autorais. Seguros específicos poderiam cobrir disputas legais relacionadas a cópias não autorizadas, pirataria ou violações de propriedade intelectual, incluindo os custos jurídicos e indenizações em caso de exploração indevida das obras. Isso proporcionaria aos artistas uma segurança adicional em um ambiente digital frequentemente marcado pela reprodução não autorizada de conteúdo.
Garantia de atualização de formatos digitais e manutenção da acessibilidade dos conteúdos
A questão da longevidade dos acervos digitais também deve ser abordada. Com o avanço da tecnologia, arquivos podem rapidamente se tornar obsoletos, colocando em risco o acesso a obras antigas. Apólices que incluam a garantia de atualização de formatos digitais e manutenção da acessibilidade dos conteúdos seriam fundamentais para preservar a relevância dessas produções ao longo do tempo.
Proteção para o ambiente de streaming que abrangesse riscos associados à interrupção de plataformas
Outra solução que pode ser interessante é a de seguros voltados para o ambiente de streaming que abrangessem riscos associados à interrupção de plataformas. A indisponibilidade de conteúdos digitais pode afetar contratos de monetização e causar prejuízos financeiros diretos aos artistas, o que justificaria a necessidade de compensações previstas em apólices específicas. Assim, o mercado de seguros poderia proteger os ativos digitais e fortalecer a profissionalização e a sustentabilidade da indústria criativa.
Seguros específicos para acervos digitais pode ser a rede de proteção necessária para garantir a segurança das produções e dos artistas
Em um mundo onde os lançamentos de obras artísticas ocorrem cada vez mais no ambiente virtual, os riscos associados à dependência de tecnologias digitais são inevitáveis. A questão é que esses riscos ameaçam a integridade dos acervos artísticos digitais e podem comprometer a trajetória dos artistas. Nesse sentido, a implementação de seguros específicos para acervos digitais pode ser a rede de proteção necessária para garantir a segurança dessas produções e resguardar os criadores em um mercado cada vez mais suscetível às incertezas tecnológicas. Trata-se de um passo necessário para acompanhar as transformações da arte no século XXI, preservando seu valor cultural e econômico diante dos desafios da era digital.