rodução que aborda tema da obesidade é indicada ao Oscar
O filme "A Baleia” (The Whale), lançado em 2023 e dirigido por Darren Aronofsky, mergulha profundamente na vida de um homem que, enfrentando obesidade severa, lida com os desafios físicos, emocionais e sociais que a condição impõe. A produção, indicada ao Oscar, explora o impacto da obesidade na saúde e nas relações interpessoais do personagem, e também levanta questões mais amplas sobre os sistemas de cuidado, a falta de acesso a tratamentos eficazes e o estigma associado à condição. A história lança luz sobre um problema que afeta milhões de indivíduos em todo o mundo e revela a necessidade de refletir sobre os impactos da doença na qualidade de vida das pessoas. Assim, com os números de obesidade em ascensão global, as seguradoras enfrentam desafios, desde a alta nos custos de tratamentos e medicações até a necessidade de desenvolver soluções mais específicas.
Cenário de obesidade no Brasil
A obesidade deixou de ser um problema individual e se tornou um grande desafio para a saúde pública. No Brasil, projeções recentes indicam que, até 2044, quase metade da população adulta (48%) será obesa, enquanto outros 27% estarão acima do peso. Esses dados foram apresentados por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Congresso Internacional sobre Obesidade. A pesquisa utilizou modelos estatísticos para analisar o impacto de um Índice de Massa Corporal (IMC) elevado no desenvolvimento de doenças crônicas como diabetes, doenças cardiovasculares, câncer, cirrose e doenças renais. Além disso, o estudo destacou o aumento significativo nas taxas de mortalidade e nos casos incidentes dessas condições se as tendências atuais não forem revertidas. Diante desse cenário alarmante, especialistas apontam que somente medidas robustas podem frear esse avanço. “Com base nas tendências atuais, a carga epidemiológica e econômica do sobrepeso e da obesidade no Brasil aumentará significativamente, portanto políticas robustas precisam ser implementadas no país, incluindo o tratamento dos casos existentes e a prevenção do sobrepeso e da obesidade em todas as faixas etárias”, apontaram os autores do estudo.
As causas para o aumento
O crescimento da obesidade está ligado a uma combinação de fatores, como mudanças no estilo de vida, aumento do consumo de dietas inadequadas, sedentarismo, bem como aspectos genéticos e sociais. Nos Estados Unidos, por exemplo, uma pesquisa do International Food Information Council (IFIC) revelou que, embora muitas pessoas reconheçam os riscos de alimentos processados, 70% não sabem exatamente o que são esses alimentos. Além disso, a preocupação com a nutrição é significativamente menor em famílias de baixa renda, onde a praticidade de alimentos pré-embalados e a cultura do fast food prevalecem, contribuindo para a epidemia de obesidade. Conforme o Insurance Thought Leadership, uma outra causa, porém menos evidente, é a dificuldade de acesso a medicamentos para perda de peso. Muitas seguradoras não cobrem medicamentos aprovados pela FDA (Food and Drug Administration), tornando o tratamento financeiramente inviável para a maioria das pessoas. Mesmo quando há cobertura, são aplicadas restrições, como altos prêmios, autorizações prévias e requisitos de elegibilidade, limitando ainda mais o acesso. Essas barreiras reforçam a desigualdade no tratamento da obesidade, deixando grande parte da população sem opções eficazes para lidar com a condição.
Uso indiscriminado de medicamentos para o emagrecimento afeta os setor de seguros
O aumento da popularidade de medicamentos como o Ozempic, originalmente desenvolvido para o tratamento de diabetes tipo 2, tem levantado preocupações devido ao uso indiscriminado para fins de emagrecimento. Embora esses medicamentos possam ser eficazes na perda de peso, sua utilização sem orientação médica ou em situações inadequadas traz riscos à saúde e ao equilíbrio do sistema de seguro saúde. Também podem gerar dependência ou ser vistos como uma “solução rápida” para a obesidade, negligenciando a importância de mudanças sustentáveis no estilo de vida, como alimentação balanceada e atividade física. Do ponto de vista do mercado de seguros, o uso crescente de medicamentos como o Ozempic pode impactar os custos operacionais. Com a demanda aumentando, as seguradoras precisam avaliar se incluem esses tratamentos em suas coberturas. Quando o uso é inadequado ou excessivo, os custos podem ser elevados, pressionando os prêmios pagos pelos segurados. Além disso, o uso sem indicação médica pode gerar complicações de saúde que aumentam a necessidade de outros tratamentos, sobrecarregando o sistema.
Cobertura de tratamentos e o papel da legislação
No Brasil, o tratamento da obesidade já é contemplado em planos de saúde devido à sua classificação como doença pela OMS. Isso garante que procedimentos como a cirurgia bariátrica, além de consultas com nutricionistas e psicólogos, sejam cobertos por lei. Em 2012, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) definiu que a cirurgia bariátrica deve ser disponibilizada nos planos de saúde para pacientes com abdome em avental que apresentem complicações como infecções e hérnias. A prevenção da obesidade, tanto na infância quanto na vida adulta, é essencial para melhorar a qualidade de vida e reduzir os custos para o sistema de saúde. Para promover essas ações, a ANS lançou o “Manual de Diretrizes para o Enfrentamento da Obesidade na Saúde Suplementar Brasileira”, visando que as operadoras monitorem os fatores de risco relacionados à obesidade de forma abrangente. Entretanto, a inclusão de medicamentos modernos para o tratamento da obesidade, como o Ozempic, ainda enfrenta obstáculos regulatórios e orçamentários. Nos Estados Unidos, esse tema se tornou uma questão política importante, com iniciativas do governo Biden buscando ampliar a cobertura de medicamentos para a obesidade nos planos de saúde.
O que os planos de saúde devem considerar em casos de obesidade
A contratação de um plano de saúde geralmente busca garantir proteção financeira contra os altos custos de tratamentos médicos, especialmente para doenças graves e procedimentos complexos, que costumam ter prazos de carência mais longos. Por outro lado, serviços urgentes ou exames simples geralmente possuem cobertura imediata. No entanto, pacientes obesos enfrentam discriminação por parte de algumas operadoras, que aplicam coberturas parciais injustificadas, presumindo que eles tenham outras condições, como hipertensão ou doenças cardíacas. Essa prática é considerada abusiva pela Justiça, pois a obesidade, por si só, não implica automaticamente a presença de outras doenças. Com o avanço da ciência, o tratamento da obesidade tem se diversificado, incluindo cirurgias, medicamentos, terapias comportamentais e equipes multidisciplinares. Isso tem ampliado a demanda por cobertura nos planos de saúde. Apesar disso, é comum que operadoras recusem serviços sob a justificativa de que “obesidade não é uma doença”.
Caminhos para combater a obesidade e fortalecer a Saúde Suplementar
Com a previsão de que milhões de pessoas enfrentarão essa condição nas próximas décadas, é fundamental que operadoras de saúde reconheçam a gravidade da obesidade e adotem abordagens mais abrangentes no tratamento e na cobertura de medicamentos. A implementação de políticas que incentivem intervenções precoces, programas de bem-estar e educação sobre alimentação saudável, podem ampliar o alcance da discussão e trazer mais visibilidade à problemática. A obesidade é um desafio de saúde pública que demanda estratégias integradas e sustentáveis. No Brasil, avanços como a inclusão de tratamentos nos planos de saúde refletem um compromisso crescente com a saúde da população. No entanto, ainda há barreiras, como a ampliação do acesso a medicamentos e a necessidade de políticas preventivas mais abrangentes. Assim, a busca por soluções equilibradas e acessíveis pode fortalecer o combate à obesidade e o cuidado com a saúde, unindo esforços para conter uma das principais ameaças à saúde global.