D

os primórdios da civilização até hoje, a comunicação foi o que tornou possível a interação entre os seres humanos. Mesmo as formas mais rudimentares de transmitir informações, que incluíam gestos, posturas, gritos e grunhidos, tinha o objetivo de expressar um pensamento ou sentimento de modo a tornar comum determinada mensagem. Não à toa, a palavra comunicação deriva do latim communicare, que significa dividir alguma coisa com alguém, encerrando a ideia de que a comunicação no seu mais primordial significado presume que a mensagem passe do individual para o coletivo.

A comunicação no setor de seguros evoluiu bastante

Desde as priscas eras a comunicação evoluiu muito, sendo espelho dos indivíduos de sua própria contemporaneidade. No setor de seguros, não foi diferente: a forma de interagir com os clientes mudou drasticamente nos últimos 10 anos. Uma década atrás, o serviço ao consumidor no setor de seguros ainda se apoiava amplamente em formas convencionais de comunicação, incluindo chamadas telefônicas e correspondências escritas. Embora o uso de mensagens de texto (SMS) fosse menos frequente, ele já integrava os procedimentos habituais. Durante esse período, o contato direto e as interações pessoais predominavam, particularmente para negociações aprofundadas sobre apólices e temas mais intrincados.

Corretores dependiam de técnicas convencionais de comunicação

Há poucos anos atrás, era prática comum entre as seguradoras a solicitação de cartas autenticadas como parte dos procedimentos de seguro. Esses documentos serviam para validar informações importantes, tais como declarações de condições de saúde, mudanças de beneficiários ou outros detalhes pertinentes às apólices de seguro. A digitalização estava em progresso, contudo, muitos corretores continuavam a depender de técnicas convencionais para comunicar-se com os clientes. 

“Muita gente fala o mesmo idioma, mas não fala a mesma língua”

A mudança para ferramentas de comunicação mais digitais, como e-mails e mensagens instantâneas, evoluiu de forma gradual e,  nos dias de hoje, já alcançou a ubiquidade necessária. No entanto, ainda que o setor de seguros disponha de todos os recursos tecnológicos para chegar até o cliente, não significa que ele o faça de maneira suficiente, satisfatória, eficiente e, tampouco, em um estilo linguístico maleável que alcance as diferentes esferas e naturezas sociais que comportam os indivíduos na sociedade brasileira. É como bem sintetiza uma famosa frase da internet de um autor desconhecido: “Muita gente fala o mesmo idioma, mas não fala a mesma língua”.

Traduzir produtos para abarcar a diversidade cultural e social do público consumidor

Uma das principais barreiras na comunicação do setor de seguros é a homogeneização da linguagem, que muitas vezes não considera a diversidade cultural e socioeconômica do Brasil. Seguros que oferecem coberturas complexas ou termos técnicos podem ser inacessíveis para pessoas com menor grau de escolaridade ou que não estão familiarizadas com os jargões da área. É fundamental que as seguradoras invistam em estratégias de comunicação que descompliquem e traduzam seus produtos de maneira que todos os segmentos da população possam compreender.

A linguagem para o ambiente digital exige um formato mais direto e interativo

Apesar da prevalência de ferramentas digitais, a eficácia da comunicação não se limita à escolha do canal. Muitas seguradoras utilizam esses canais apenas para replicar as mesmas mensagens que antes eram enviadas por meios tradicionais, sem adaptar a linguagem para o ambiente digital, que exige um formato mais direto e interativo. Além disso, é preciso saber conectar o conteúdo transmitido com a maneira com a qual ele será comunicado. A estratégia de interação deve passar, obrigatoriamente, pelo entendimento de quem é o seu interlocutor. Se esse processo não for compreendido, pode resultar em uma falta de engajamento ou em mal-entendidos sobre as informações dos seguros oferecidos.

Personalizar a comunicação para alcançar diferentes públicos

Uma estratégia eficaz para alcançar diferentes públicos é a personalização da comunicação. Utilizar a análise de dados para entender as preferências e necessidades de diferentes grupos pode ajudar as seguradoras a desenvolver mensagens que ressoem em cada segmento social. Por exemplo, jovens adultos podem ser mais receptivos a mensagens que destacam a importância do seguro de vida como uma ferramenta de planejamento financeiro, enquanto famílias podem se interessar mais por seguros residenciais e de saúde. 

Comunicação bem direcionada e integrada com tecnologias digitais ajuda na inclusão de mais segmentos da população 

A integração eficiente de tecnologias digitais pode estreitar a comunicação com consumidores de baixa renda, uma demografia frequentemente desatendida por canais tradicionais. Empregando plataformas digitais e aplicativos móveis com um direcionamento estratégico na forma de se comunicar, as seguradoras podem fornecer informações e serviços diretamente nos dispositivos que esses consumidores já utilizam no dia a dia. O uso de linguagem simples e instruções passo a passo em vídeos ou formatos interativos pode transformar a forma como esses consumidores acessam e entendem os produtos de seguros. O Tik Tok pode ser uma excelente forma de se conectar, sobretudo com os usuários da geração Z. Essa aproximação pode resultar no aumento da confiança e na percepção de valor do seguro para esses consumidores, incentivando uma maior inclusão dos segmentos da população menos favorecidos economicamente .

Transformação das estratégias de comunicação vai melhorar alcance, inclusão e relevância das seguradoras no mercado brasileiro

O mercado de seguros precisa encarar o desafio de renovar suas estratégias de comunicação para atender de forma eficaz a uma sociedade brasileira diversificada. Não basta apenas adotar ferramentas digitais; é necessário repensar a própria linguagem utilizada. A adoção de uma comunicação mais clara, descomplicada e personalizada vai fazer com que o setor consiga alcançar uma fatia maior do público consumidor brasileiro e,ainda, transformar a maneira como os segurados percebem e interagem com os serviços de seguros. 

A partir do movimento de conscientização do setor em relação às várias abordagens linguísticas necessárias para alcançar os diferentes públicos que o Brasil compõe, as seguradoras irão adotar medidas para transformar suas interações de acordo com diferentes perfis e, assim, melhorarão sua relação com os atuais clientes e expandirão seu alcance, inclusão e relevância no mercado brasileiro.Afinal, para alcançar os clientes, é preciso encurtar distância e, para isso, é necessário falar a mesma língua.

Postado em
15/5/2024
 na categoria
Inovação

Mais sobre a categoria

Inovação

VER TUDO