notícia recente sobre o desenvolvimento do computador quântico russo, fruto de uma colaboração estratégica com a China e de um investimento de 700 milhões de euros, demonstra como as potências globais estão convergindo para explorar as possibilidades do processamento quântico. Com capacidades que prometem revolucionar a criptografia, a inteligência artificial e a pesquisa científica, os computadores quânticos representam um potencial disruptivo para a segurança de dados, algo crítico para o setor segurador. Atualmente, muitas seguradoras dependem de sistemas criptográficos tradicionais para proteger informações sensíveis de clientes e processos internos. No entanto, alguns algoritmos quânticos poderiam, em teoria, quebrar esses sistemas com uma eficiência notável.
Necessidade de investimentos cibersegurança quântica e apólices ajustadas à nova realidade
Tal ameaça coloca o setor em uma posição de alerta. Além de aumentar os investimentos em tecnologias de cibersegurança quântica – incluindo a adoção de métodos criptográficos resistentes a ataques quânticos –, as seguradoras precisarão ajustar suas apólices para lidar com os riscos decorrentes dessa nova realidade. Os seguros cibernéticos, por exemplo, terão que ser reavaliados e reconfigurados para incorporar os impactos das vulnerabilidades quânticas. Além disso, a inteligência artificial impulsionada pela computação quântica poderá melhorar a modelagem de riscos e a precificação de seguros, aumentando a precisão e reduzindo ineficiências.
Segmento de seguros precisa ter ecossistemas tecnológicos que exigem novas abordagens de avaliação e cobertura de riscos
Dentro desse panorama de avanço tecnológico global, a Big Tech chinesa Huawei investiu na construção de uma força de trabalho tecnologicamente capacitada que pode influenciar economias e transformar indústrias. A empresa anunciou, no final do ano passado, que estabeleceu “academias” tecnológicas em 110 países para formar 300.000 engenheiros anualmente. A formação desses profissionais e a expansão de centros de pesquisa, como o de Xangai, reforçam a liderança tecnológica da China em semicondutores e dispositivos conectados. Para o setor segurador, esse esforço sinaliza a criação de ecossistemas tecnológicos mais complexos, que exigem novas abordagens de avaliação e cobertura de riscos.
Seguradoras precisarão desenvolver expertise em lidar com falhas sistêmicas complexas
Dispositivos de Internet das Coisas (IoT), redes sem fio avançadas e inovações em semicondutores, promovidas pela Huawei, podem gerar novos riscos associados à interconectividade e ao funcionamento de sistemas críticos. As seguradoras precisarão desenvolver expertise em lidar com falhas sistêmicas complexas, garantindo cobertura para danos que transcendem limites geográficos ou tradicionais. Por outro lado, esses avanços também oferecem oportunidades: a coleta massiva de dados e a melhoria das infraestruturas digitais permitirão às seguradoras personalizar apólices e prever sinistros com mais eficácia.
Impacto regulatório não deve ser subestimado
Além das diversas ações que o setor precisa adotar para encarar a influência da tecnologia quântica no segmento, o impacto regulatório também não deve ser subestimado. Governos e organismos internacionais, atentos aos avanços tecnológicos, certamente desenvolverão novas legislações e padrões que afetam tanto os provedores de tecnologia quanto as seguradoras. A cooperação entre esses setores será essencial para garantir que a inovação tecnológica, por mais disruptiva que seja, contribua para um ambiente mais seguro e resiliente.
O ramo segurador precisa reconhecer as influências que o segmento sofrerá e como lidar com essa transformação
Esses dois exemplos – o avanço russo em computação quântica e a iniciativa chinesa de capacitação tecnológica – mostram que o posicionamento do setor de seguros nessa nova realidade dependerá de sua capacidade de adaptação. Assim, enquanto o mundo observa as grandes potências tecnológicas disputarem a liderança em computação quântica e inovação digital, o ramo segurador precisa reconhecer as influências que o segmento sofrerá e como irá lidar com essa profunda transformação. Se, por um lado, a complexidade dos riscos cresce, por outro, a promessa de ferramentas mais avançadas e precisas para gestão de sinistros e modelagem de riscos pode contribuir com novas possibilidades para as seguradoras.