retorno dos dirigíveis ao debate sobre o futuro do transporte aéreo tem gerado curiosidade e expectativas. Aeronaves desse tipo, que marcaram a história da aviação, estão sendo projetadas para oferecer uma alternativa ecológica e eficiente, prometendo inovações em viagens de passageiros e transporte de carga. No entanto, ao revisitar os dirigíveis, é impossível ignorar o histórico de acidentes e os desafios associados, o que coloca o mercado de seguros, como rede protetora de pessoas e bens, em um lugar de apoio à sua viabilidade no mercado.
Explosão e colisão com a pista
Há 122 anos, a explosão do dirigível Pax em Paris, que vitimou dois ocupantes da aeronave, incluindo o brasileiro Augusto Severo, evidenciou os riscos de um projeto baseado em materiais inflamáveis. Décadas depois, episódios como o do Airlander 10 (à época reconhecido como o maior do mundo) que colidiu com a pista durante um voo experimental em 2016, reforçou a complexidade operacional dessas aeronaves, mesmo em versões modernas.
Acidente mais recente ocorreu este ano
O caso mais recente relacionado a esse tipo de aeronave foi registrado em setembro deste ano. Em Osasco (SP), o dirigível com o símbolo do São Paulo Futebol Clube caiu após o piloto perder o controle, de acordo com informações da Polícia Civil. O balão, que transportava duas pessoas — o piloto e um passageiro —, atingiu algumas residências. Ambos receberam atendimento médico após o ocorrido. Esses incidentes exemplificam os desafios históricos que ainda ressoam na percepção pública.
Novos dirigíveis projetados para inovar o transporte aéreo
Se muitas pessoas têm medo de viajar de avião, que é considerado o meio de transporte mais seguro do mundo, é de fácil conclusão que a resistência aos dirigíveis pode ser ainda maior. No entanto, desde os tempos áureos dos dirigíveis, surgiram novos materiais, como versões modernas de nylon ultraleve, que possibilitam a produção de um tipo renovado de aeronave. Além disso, a substituição do inflamável hidrogênio pelo hélio permitiu a construção de dirigíveis mais seguros, reduzindo o risco de tragédias como as citadas anteriormente. Os novos dirigíveis estão sendo projetados para inovar o transporte aéreo. Ou seja, apesar dos riscos e incidentes históricos, os dirigíveis voltaram a ser avaliados como uma alternativa viável para o transporte de pessoas devido aos avanços tecnológicos, somados à busca por soluções mais sustentáveis em um momento de transição para uma aviação de baixo carbono. Toda essa conjuntura têm levado engenheiros a reconsiderar o uso dos dirigíveis.
Alternativa para transporte de carga em regiões remotas e em operações de resgate durante desastres naturais
Com velocidades que variam entre 100 e 130 km/h, os dirigíveis não competem em rapidez com os aviões, mas estão sendo explorados como alternativas para viagens onde o foco está no conforto e na experiência, como ocorre com cruzeiros marítimos e trens noturnos.Thomas Thessen, especialista em aviação e professor da Universidade de Aalborg, destaca que a busca por diferentes tecnologias e abordagens é essencial para tornar o setor mais eficiente e sustentável. Ele observa que os dirigíveis modernos oferecem vantagens únicas, como a capacidade de permanecer no ar por longos períodos e realizar decolagens verticais, características que ampliam seu potencial de aplicação em nichos específicos, como transporte de carga em regiões remotas ou operações de resgate em áreas afetadas por desastres naturais.
Versões modernas dessas aeronaves são opção ecológica para o transporte aéreo
A sustentabilidade, de fato, está no centro do debate sobre os dirigíveis da nova geração. Projetados para consumir menos energia e operar com motores elétricos, eles são apresentados como uma opção de transporte aéreo com baixa emissão de carbono. Exemplos como o LTA Pathfinder 1, atualmente em testes nos Estados Unidos, reforçam essa tendência. Criado pela empresa LTA, de Sergey Brin, cofundador do Google, o dirigível utiliza hélio para flutuar e motores menores para propulsão, reduzindo a necessidade de combustíveis fósseis.
Desdobramentos para os Seguros
A retomada do uso de dirigíveis modernos e suas possíveis aplicações no transporte aéreo podem ter desdobramentos no setor de seguros. Historicamente associados a acidentes marcantes, como a explosão do dirigível Pax em 1902 e, mais recentemente, o incidente com o Airlander 10 em 2016, essas aeronaves ainda carregam a percepção de riscos operacionais que precisam ser analisados pelas seguradoras. Esses episódios destacam vulnerabilidades que incluem falhas técnicas e operacionais, dificuldades em condições climáticas adversas e, no passado, o uso de hidrogênio como elemento de sustentação, que aumentava os perigos de explosão. No entanto, os dirigíveis modernos apresentam características projetadas para maior segurança, como a substituição do hidrogênio pelo hélio, um gás não inflamável e o emprego de materiais mais resistentes e leves.
Análise detalhada para estabelecer apólices que considerem os avanços tecnológicos e os riscos inerentes ao transporte aéreo
Do ponto de vista do mercado de seguros, o retorno dos dirigíveis exige uma análise detalhada para estabelecer apólices que considerem os avanços tecnológicos e os riscos inerentes ao transporte aéreo. As apólices para essas aeronaves precisam abranger tanto a proteção das estruturas e dos equipamentos quanto a responsabilidade civil, especialmente em casos de incidentes que possam causar danos a terceiros, como o registrado em Osasco este ano.
Ampliação do escopo de cobertura necessário
O uso dessas aeronaves em contextos específicos, como o transporte de carga em áreas remotas e operações de resgate, amplia o escopo de cobertura necessário. A capacidade dos dirigíveis de operar em locais sem infraestrutura convencional, como pistas de pouso, pode ser uma vantagem operacional, mas também aumenta a complexidade para o setor de seguros, que precisa avaliar esses cenários de risco de forma criteriosa.
Apólices voltadas para tecnologias aéreas mais sustentáveis
A busca por soluções de transporte com menor impacto ambiental também pode trazer oportunidades para o mercado de seguros. O desenvolvimento de apólices voltadas para aeronaves com menor impacto ambiental se alinha às tendências globais de incentivo à sustentabilidade no transporte. Nesse contexto, o setor de seguros desempenha um papel estratégico, equilibrando os riscos históricos e os benefícios trazidos pelas novas tecnologias para viabilizar operações seguras e eficazes.
Equilibrar o impacto de novas tecnologias e o histórico de riscos desse tipo de aeronave
O renascimento dos dirigíveis é, portanto, um convite à adaptação de setores que darão suporte a essa nova fase da aviação. Entre eles, o mercado de seguros desponta como um setor de grande importância para garantir a confiança e a segurança necessárias para que essas aeronaves voltem a ocupar os céus de forma responsável e eficiente. Portanto, os players de seguros devem trabalhar para conseguir atuar de forma a equilibrar o impacto de novas tecnologias e o histórico de riscos desse tipo de aeronave, contribuindo para viabilizar o uso dos dirigíveis em operações seguras e eficazes.