PwC publicou, há alguns meses, os resultados da 9ª edição da pesquisa Banana Skins, que analisa os principais riscos que o setor de seguros enfrentará globalmente nos próximos três anos. O estudo, conduzido em parceria com o Centro para o Estudo de Inovação Financeira (CSFI) do Reino Unido, contou com a participação de 589 líderes empresariais de 39 países e ofereceu uma visão abrangente sobre as preocupações e desafios urgentes para a indústria de seguros.
Mudanças causadas pelos avanços da tecnologia e transformações na economia
Na última edição do estudo, o mundo estava em meio à pandemia de covid-19, enfrentando incertezas sobre seus impactos de longo prazo e a possibilidade de novas variantes e lockdowns. Dois anos depois, os entrevistados demonstram menos preocupação com os riscos ligados à pandemia. Apesar de os principais riscos globais permanecerem semelhantes aos do estudo anterior, houve mudanças importantes no modo como as pessoas trabalham. Estas alterações foram impulsionadas por rápidos avanços tecnológicos e grandes perturbações econômicas, conforme o estudo.
Riscos urgentes
Entre os riscos mais urgentes apontados pelo estudo, o crime cibernético apareceu na liderança tanto no Brasil quanto em outros países. Além dos crimes cibernéticos, o risco associado à tecnologia em si ocupa o quarto lugar globalmente; enquanto no Brasil é o segundo maior risco identificado.
O risco regulatório também figura entre as principais preocupações, ocupando o quarto lugar no Brasil e o segundo no mundo.
IA foi incluída pela 1ª vez como uma das principais ameaças em seguros
A IA generativa, pela primeira vez, foi incluída como uma das principais ameaças ao setor de seguros, posicionando-se em sétimo lugar globalmente e em sexto no Brasil. As mudanças climáticas também foram identificadas como um dos cinco principais riscos em todas as regiões pesquisadas, exceto no Brasil, onde ocupam a décima terceira posição. Essa discrepância pode refletir diferenças nas percepções regionais sobre a urgência e o impacto das mudanças climáticas nas operações e na estabilidade financeira das seguradoras.
Riscos múltiplos e complexos exigem uma abordagem tecnológica e inovadora das seguradoras
Diante desses riscos múltiplos e complexos, uma abordagem tecnológica e inovadora é essencial para que as seguradoras possam prosperar. A implementação de soluções avançadas de segurança cibernética pode ajudar a mitigar a ameaça de ataques cibernéticos, enquanto a adoção de tecnologias emergentes pode melhorar a transparência e a eficiência operacional. A análise de grandes volumes de dados e o uso de algoritmos de aprendizado de máquina podem permitir uma melhor gestão de riscos e personalização de apólices para os clientes.
IA regulamentada e utilizada corretamente
A inteligência artificial, se regulamentada e utilizada corretamente, pode transformar a maneira como as seguradoras avaliam riscos, processam sinistros e interagem com os clientes. O desenvolvimento de modelos transparentes e explicáveis (explainable AI) pode ajudar a superar os desafios associados aos modelos “caixa-preta”, proporcionando maior confiança e adotabilidade da tecnologia.
No que diz respeito à inteligência artificial, é necessário desenvolver frameworks éticos e transparentes, juntamente com regulamentações claras para garantir o uso responsável dessa tecnologia.
Sistemas sofisticados de cibersegurança e inteligência artificial defensiva
Para enfrentar o crime cibernético, as seguradoras devem investir em sistemas sofisticados de cibersegurança e inteligência artificial defensiva, capacitando suas equipes para responder rapidamente a ameaças emergentes. A adoção de modelos de negócios digitais e novas interfaces para clientes pode ser acelerada através de parcerias com empresas de tecnologia e startups inovadoras, facilitando a transformação digital sem comprometer a segurança.
Soluções de conformidade automatizadas e a implementação de plataformas de gestão de riscos regulatórios
No contexto regulatório, a digitalização pode facilitar a conformidade com as novas exigências, automatizando processos de relatório e garantindo a precisão e a transparência necessárias. A utilização de soluções de conformidade automatizadas e a implementação de plataformas de gestão de riscos regulatórios pode ajudar as seguradoras a manterem-se atualizadas e transparentes.
Tecnologias de monitoramento em tempo real, análise preditiva e inovação em seguros para a agenda ESG
As mudanças climáticas, embora menos prioritárias no Brasil, representam um risco globalmente. As seguradoras podem usar a tecnologia para desenvolver modelos preditivos mais precisos, ajudando a antecipar e mitigar os impactos dos eventos climáticos extremos. Para mitigar os impactos das mudanças climáticas também é importante que as seguradoras adotem tecnologias de monitoramento em tempo real e análise preditiva, permitindo uma resposta proativa e eficaz a eventos climáticos extremos. Soluções baseadas em IoT são eficazes para monitorar e gerenciar riscos em tempo real, proporcionando uma resposta rápida a desastres naturais. Além disso, a inovação em produtos de seguros pode ajudar a atender às demandas de sustentabilidade e responsabilidade social, alinhando-se às agendas ESG.
Integração de abordagens tecnológicas e inovadoras para enfrentar os desafios imediatos
A abordagem tecnológica e inovadora é fundamental para enfrentar os principais riscos identificados pela pesquisa Banana Skins da PwC. As seguradoras que investirem em tecnologia avançada, adotarem práticas inovadoras e se adaptarem às mudanças regulatórias estarão melhor posicionadas para navegar pelos desafios futuros e garantir sua sustentabilidade a longo prazo. Além disso, essas empresas estarão mais preparadas para atender às crescentes expectativas dos consumidores por serviços mais ágeis e personalizados. Com o cenário de riscos se transformando constantemente, a capacidade de adaptação e a inovação contínua serão os diferenciais que determinarão o sucesso e a resiliência das seguradoras no mercado global. Portanto, o compromisso com a transformação digital e a implementação de estratégias proativas ajudará a mitigar riscos e abrirá novas oportunidades de crescimento e competitividade para os players do setor.