arros autônomos e o cenário distópico de “Transformers”
No universo dos filmes “Transformers", carros que se transformam em robôs inteligentes e poderosos são mais do que simples veículos; eles são agentes de uma revolução. Na vida real, os carros autônomos não estão lutando batalhas épicas, mas estão desafiando as bases de indústrias inteiras – e o setor de seguros é um dos principais impactados. Assim como em Transformers, onde a tecnologia exige adaptação constante dos humanos, os carros autônomos e a economia compartilhada forçam as seguradoras a se reinventarem.
Essa transformação está em andamento. Com serviços como Uber e car-sharing influenciando o mercado, o futuro dos veículos autônomos e sua integração à mobilidade verde trazem oportunidades. Assim como Optimus Prime – o protagonista do universo Transformers – e sua equipe, o mercado de seguros precisa se preparar para um mundo onde tecnologia e sustentabilidade lideram o caminho.
Carros autônomos são mais seguros?
Uma pesquisa apontou que veículos autônomos oferecem maior segurança do que os dirigidos por humanos, mas apenas em condições específicas, como durante o dia e em trajetos que não exigem mudanças de faixa. No entanto, em situações como amanhecer, pôr do sol ou em trechos com curvas, os motoristas humanos demonstraram um desempenho superior. O estudo, liderado por Shengxuan Ding, doutorando da Universidade da Flórida Central, analisou dados de 2.100 acidentes envolvendo veículos autônomos e 35.133 com veículos conduzidos por humanos, ocorridos entre 2016 e 2022. Apesar de sua superioridade geral em segurança, os veículos autônomos apresentaram vulnerabilidades notáveis.
Iluminação e curvas: os desafios dos carros autônomos
Os carros autônomos apresentam um desempenho confiável em cenários cotidianos, como seguir o fluxo do tráfego ou permanecer na mesma faixa de rodagem. Conforme revelado no estudo mencionado acima, a probabilidade de esses veículos se envolverem em colisões traseiras é 50% menor em comparação com carros dirigidos por humanos. No caso de colisões laterais, a redução é ainda mais significativa, com uma chance 80% menor. No entanto, essas vantagens se tornam desafiadoras em condições de baixa luminosidade. Durante o amanhecer ou o pôr do sol, o risco de acidentes envolvendo veículos autônomos é 5,25 vezes maior em relação aos dirigidos por pessoas. Além disso, o desempenho desses sistemas automáticos é inferior ao fazer curvas, apresentando quase o dobro de chances (1,98 vezes maior) de cometer erros nessas situações quando comparados aos motoristas humanos. Esses dados indicam que, embora os carros autônomos sejam promissores em termos de segurança em situações padronizadas, ainda enfrentam limitações técnicas em cenários mais complexos.
O surgimento da economia compartilhada impulsionou a formulação de novas apólices
A crescente popularidade de serviços de economia compartilhada, como Uber, 99 e iFood, provocou uma reconfiguração no mercado de seguros, com o desenvolvimento de apólices adaptadas às necessidades desses modelos de negócio. Essas mudanças foram impulsionadas pela necessidade de proteger motoristas, entregadores e passageiros, além de mitigar riscos relacionados ao uso intensivo dos veículos e às atividades comerciais. Entre as soluções criadas, destacam-se os seguros que cobrem acidentes durante viagens, proteção contra danos materiais e corporais a terceiros, apólices sob demanda ativadas apenas durante o uso comercial do veículo e coberturas específicas para entregadores, incluindo proteção contra acidentes pessoais e roubo de mercadorias transportadas.
Essas inovações demonstram a capacidade de adaptação do setor de seguros frente a novas demandas e servem como inspiração para a criação de produtos específicos para tecnologias emergentes, como os carros autônomos.
Sustentabilidade como prática fundamental
Além da proteção individual, a evolução do setor de seguros também se alinha a tendências globais, como a sustentabilidade. A integração de veículos autônomos com tecnologias limpas, como motores elétricos e movidos a hidrogênio, promete reduzir significativamente a emissão de poluentes, contribuindo para metas globais de combate às mudanças climáticas e diminuição do impacto ambiental. Além disso, a tecnologia autônoma oferece uma gestão mais eficiente dos recursos energéticos, otimizando o consumo de combustível e reduzindo a necessidade de recargas frequentes, o que também minimiza o desgaste dos componentes do veículo. Assim, as seguradoras têm a chance de desenvolver produtos que valorizem a eficiência energética e contemplem custos de manutenção reduzidos. Isso pode incluir apólices específicas para veículos movidos a baterias ou hidrogênio, com coberturas direcionadas à proteção de sistemas tecnológicos avançados e práticas sustentáveis.
Flexibilidade e adaptação
A evolução dos veículos autônomos, assim como aconteceu com os serviços de mobilidade compartilhada, requer a criação de apólices que integrem novos riscos tecnológicos. Entre eles estão falhas de software, ataques cibernéticos e a redistribuição de responsabilidades entre fabricantes, proprietários e operadores. No contexto de sustentabilidade, essa transformação destaca a habilidade do setor de seguros em se adaptar, incentivando práticas mais conscientes e ecológicas enquanto desenvolve modelos de negócios inovadores. A busca por soluções sustentáveis e o avanço das tecnologias reforçam a necessidade de apólices flexíveis e personalizadas, que acompanhem as mudanças rápidas da sociedade. Essa flexibilidade torna os seguros mais acessíveis e alinhados às exigências contemporâneas, ajudando a moldar um mercado que prioriza tanto eficiência quanto responsabilidade ambiental. Assim, o setor de seguros se posiciona como um pilar essencial para a construção de um futuro mais sustentável e tecnologicamente integrado.
Sistemas de Armazenamento de Energia em Baterias (BESS) oferecem inovação em energia renovável
O afastamento dos combustíveis fósseis e a adoção de energias renováveis enfrentam o desafio da intermitência no fornecimento de energia limpa. O portal Proprietário Casualty 360 divulgou uma matéria em que defendeu os Sistemas de Armazenamento de Energia em Baterias (BESS) apresentam-se como uma uma saída interessante para a questão. Segundo o portal, entre 2021 e 2023, a capacidade global de energia renovável cresceu de 12 GW para 48 GW, impulsionando a integração de sistemas BESS. Eles permitem armazenar energia de fontes como solar e eólica, disponibilizando-a conforme necessário, o que os torna essenciais para sistemas de energia modernos. Estima-se que as instalações de BESS cresçam 13 vezes nos próximos anos, com mais de 181 GW de capacidade em construção ou planejada. Contudo, esse crescimento apresenta alguns desafios em termos de segurança e gestão de riscos, como o controle da "fuga térmica" — um fenômeno que pode causar incêndios, explosões e emissões tóxicas.
Como mitigar os desafios de segurança e gestão de riscos do BESS?
Para mitigar os desafios de segurança e gestão de riscos do BESS , sistemas de monitoramento robustos (BMS) são fundamentais, permitindo intervenções rápidas e automáticas em situações de risco. Para o mercado de seguros, a rápida evolução dos sistemas BESS exige novas abordagens. A falta de dados históricos e eventos críticos anteriores torna as seguradoras cautelosas. Entretanto, proprietários de ativos podem se beneficiar de uma gestão proativa de riscos, demonstrando monitoramento em tempo real e práticas de segurança rigorosas para atrair os subscritores e viabilizar o crescimento sustentável dessa tecnologia.
Contribuição para a segurança na mobilidade autônoma e expansão das oportunidades de negócios
A adaptação das apólices de seguros às demandas dos carros autônomos é uma necessidade inevitável em um cenário de avanços tecnológicos e busca por sustentabilidade. Assim como as seguradoras já evoluíram para atender ao mercado de mobilidade compartilhada, oferecendo coberturas específicas para motoristas de aplicativos e serviços de car-sharing, elas devem continuar inovando para lidar com os desafios únicos dos veículos autônomos. Conforme o mercado de veículos elétricos e autônomos continua a crescer, a necessidade de apólices que cubram os riscos associados a esses veículos se torna essencial. A capacidade das seguradoras de se adaptar e inovar em seus produtos será fundamental, inclusive para a promoção de um ecossistema de transporte mais seguro e sustentável. Para que essa evolução aconteça, as seguradoras vão precisar ter um entendimento profundo das necessidades do consumidor e a disposição para explorar novas oportunidades de negócio. Com a criação de apólices que considerem os riscos tecnológicos e a sustentabilidade, as seguradoras poderão contribuir de forma responsável para a segurança na mobilidade autônoma enquanto otimizam suas oportunidades de expandir seus negócios.