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redução dos índices de violência no Brasil em 2023, conforme apontado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, parece ser um sinal positivo em um panorama geral ainda preocupante. Apesar da queda nas estatísticas, a sensação de insegurança permanece, colocando o Brasil ainda entre os países mais perigosos do mundo

Altos índices de violência aumentam sensação de ameaça e afetam saúde física e mental

A persistente sensação de ameaça afeta profundamente tanto a saúde física quanto mental dos brasileiros, influenciando desde respostas fisiológicas até o desempenho cognitivo, como detalha Christian Haag Kristensen, psicólogo e professor na PUC-RS. "Não só a violência direta, mas a própria percepção de que ela existe, impacta diferentes sistemas do nosso corpo - desde níveis fisiológicos até os cognitivos", disse ele, conforme reportagem publicada pela BBC. Essa realidade reflete a urgência de uma rede de suporte que transcenda a simples prestação de cuidados médicos emergenciais.

Violência atinge indivíduos de maneiras diferentes

De acordo com Kristensen, enfrentar o estresse e a tensão derivados da insegurança urbana pode ser particularmente desafiador para certos indivíduos. 'O impacto da percepção da violência pode variar de acordo com a maneira como cada um de nós lida com estressores", observa o psicólogo. Ele acrescenta que a resposta a esses estressores é moderada pela capacidade de cada pessoa em reconhecer e mobilizar recursos internos e externos para gerenciar o que é percebido como ameaçador. Segundo pesquisa de abril deste ano conduzida pelo Datafolha, a percepção de violência pode variar de acordo com alguns fatores como o gênero – 33% dos homens reportaram sentir-se inseguros em suas cidades, contra 45% das mulheres –, ou  com o ambiente em que cada pessoa vive.

Consequências da violência podem ser ainda mais extensas quando se trata da saúde mental

No âmbito da saúde mental, as ramificações da violência são amplas. Por exemplo, um estudo publicado na Social Science & Medicine, realizado por pesquisadores do Reino Unido e da Argentina, indica que indivíduos residindo em áreas consideradas mais perigosas têm uma propensão aumentada a desenvolver problemas de saúde mental, incluindo depressão e sofrimento psicológico.

Aumento na busca por Seguro Saúde é reflexo da crescente valorização da saúde pelos brasileiros

Paralelamente ao impacto negativo da violência na saúde das pessoas , houve um crescimento na busca por planos de saúde e Seguro Saúde. A expansão do mercado de seguros saúde é visível no aumento dos beneficiários em estados como Minas Gerais, Ceará, Goiás e Pernambuco. Minas Gerais alcançou 5,7 milhões de beneficiários, registrando um crescimento de 3% em comparação a janeiro do ano anterior; Ceará observou um crescimento de 4%, alcançando 1,4 milhão de beneficiários, enquanto Goiás também registrou um aumento de 3%, atingindo a mesma marca; já Pernambuco obteve aumento de 2,2%, alcançando 1,4 milhão de beneficiários. Este aumento é um reflexo da crescente valorização da saúde pelos brasileiros, especialmente em um contexto pós-pandêmico, onde a estabilidade e o acesso a serviços de saúde de qualidade se mostraram essenciais.

Plano de saúde figura entre as três principais necessidades do brasileiro

O relatório da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) apontou que o plano de saúde figura entre as três principais necessidades do brasileiro, ao lado da educação e da moradia própria. Este dado sublinha uma mudança de prioridades impulsionada pela pandemia de Covid-19 e destaca a saúde como um elemento central para a qualidade de vida. Consequentemente, isso impõe às operadoras e seguradoras de saúde um imperativo de inovação e adaptação às novas exigências de um público que agora valoriza, mais do que nunca, a segurança e a previsibilidade em sua cobertura de saúde.

Seguradoras e operadoras de saúde devem buscar soluções que atenuem os impactos psicossociais da violência

As seguradoras e operadoras de saúde, portanto, devem buscar soluções que integrem a compreensão ampliada de tudo o que constitui a saúde de um indivíduo. Isso pode incluir a oferta de programas que englobem tanto as questões médicas, como as de suporte psicológico, medidas de prevenção à violência e estratégias de bem-estar geral. Soluções que levassem em conta essa soma de fatores poderiam antecipar as necessidades de um público que busca proteção contra doenças e contra as adversidades de um ambiente que afeta sua integridade física e mental, o que poderia atenuar os impactos psicossociais da violência.

Operadoras e seguradoras de saúde podem colaborar para a construção de uma sociedade mais saudável e segura

Enquanto o Brasil avança no combate à violência e na expansão do acesso a serviços de saúde, as seguradoras e operadoras de saúde têm diante delas uma janela de oportunidade para atender às necessidades emergentes de um Brasil pós-pandêmico, o que inclui um enorme desafio em cuidar da saúde mental dos brasileiros (que piorou absurdamente durante a Covid-19 e continua com um quadro alarmante após o fim da pandemia). Portanto, adaptando-se às novas realidades e necessidades da população, operadoras e seguradoras da área da saúde podem colaborar para a construção de uma sociedade mais saudável e segura. O que faz pensar que um caminho promissor para o futuro do Seguro Saúde no Brasil pode muito bem depender da capacidade de olhar além dos planos convencionais e adotar uma visão mais holística da saúde e segurança.

Postado em
2/5/2024
 na categoria
Inovação

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