"

Os sem floresta” e os perigos da expansão para territórios naturais

Os efeitos do desequilíbrio ambiental causados pela ação humana podem levar a desastres graves e destruições expressivas. O longa “Os Sem Floresta” (2006) traz reflexões sobre o impacto dessas ações na fauna local. Na animação, a perda de habitat causada pela expansão humana e pela degradação ambiental expõe os desafios enfrentados pelos animais para sobreviver. De maneira análoga, no mundo real, as queimadas na Amazônia e no Cerrado são como uma continuação dessa narrativa de destruição, mas com consequências muito mais graves. Além de devastar a biodiversidade, esses incêndios intensificados pelas mudanças climáticas liberam grandes quantidades de carbono, agravando ainda mais a crise climática global. Como ilustrado no filme, os personagens, que são animais, lutam para se adaptar e sobreviver em um ambiente, onde as florestas e seus ecossistemas estão sob constante ameaça.

O aumento das queimadas no Brasil e seus impactos

Dados recentes revelam que os incêndios florestais no Brasil estão em níveis alarmantes. A Amazônia, considerada o "pulmão do mundo", tem sofrido com queimadas intensas que destroem milhões de hectares a cada ano, enquanto o Cerrado, a savana mais biodiversa do planeta, é igualmente ameaçado. Até julho, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 14.250 focos de calor na Amazônia, o maior número em duas décadas para o primeiro semestre, representando um aumento de 60% em relação ao ano anterior. Roraima lidera com 4.627 focos, 33% do total, devido à temporada seca prolongada. No Mato Grosso, os incêndios também batem recordes, afetados por estiagem severa e baixa umidade, que acumulam vegetação seca, facilitando a combustão. Em resposta, o governo do Mato Grosso destinou R$74 milhões ao combate ao desmatamento e incêndios, enquanto especialistas destacam a importância de mensurar as áreas queimadas para avaliar o impacto real. A gravidade da situação reforça a necessidade de ações estratégicas para conter as queimadas e proteger os biomas brasileiros.

Senado discute sobre medidas de combate e prevenção

No dia 26 de novembro, a Comissão Mista sobre Mudanças Climáticas (CMMC) promoveu uma audiência pública interativa para debater os impactos dos incêndios florestais nas emissões de gases de efeito estufa. O encontro, solicitado pelo senador Alessandro Vieira (MDB-SE), também buscou discutir medidas de prevenção e combate, além de possíveis ajustes legislativos ou políticas para enfrentar essa questão ambiental. Segundo Alessandro, relator da comissão, as emissões per capita do Brasil continuam acima da média global. “Em 2020, último ano com dados globais disponíveis, a média mundial de emissões per capita foi de 6,1 toneladas. No Brasil, as emissões brutas per capita em 2022 foram de 11,4 toneladas, e as líquidas, de 8,3 toneladas, ambas superiores à média global”. Ele reforçou a necessidade de alinhar os compromissos ambientais do país às estratégias para mitigar os impactos das queimadas, um desafio crescente no cenário das mudanças climáticas.

Incêndios florestais estão se tornando mais frequentes e devastadores

O problema dos incêndios florestais é global e tem causado preocupações ao redor do mundo, impactando ecossistemas, economias e vidas humanas. O agravamento das mudanças climáticas triplicou a duração da temporada de incêndios, elevando os custos econômicos. Regiões que antes eram consideradas seguras, agora estão sob risco. Conforme uma matéria do Insurance Thought Leadership, nos EUA foram registrados 89 bilhões de dólares em perdas, forçando seguradoras a abandonar áreas vulneráveis, como a Califórnia. 

Tecnologia geoespacial previne e combate incêndios

De acordo com o portal, a tecnologia geoespacial surge como uma ferramenta para prever, monitorar e mitigar incêndios. Modelos avançados analisam fatores como umidade, densidade vegetal e inclinação do terreno para prever surtos e alertar comunidades, permitindo respostas rápidas e eficazes. Dados de satélite ajudam a rastrear todo o ciclo dos incêndios, orientando a alocação de recursos, estratégias de combate e esforços de recuperação. Com os incêndios previstos para aumentar até 2050, o setor de seguros deve se adaptar, utilizando tecnologias avançadas para desenvolver soluções de gestão de risco e reforçar sua função social de estabilizar economias e proteger comunidades. A partir da tecnologia geoespacial, as seguradoras conseguem avaliar o risco de incêndios florestais, além de contribuir para estratégias de prevenção, uma vez que esses modelos consideram múltiplos fatores de risco, incluindo gradiente de terra, níveis de umidade e secura e densidade da vegetação. No Brasil, essas ferramentas podem auxiliar na proteção de regiões críticas, como a Amazônia, o Pantanal e o Cerrado.

Seguro florestal: proteção e recuperação

O seguro florestal pode ser uma solução importante para reduzir os impactos das queimadas, ajudando proprietários de terras a recuperar áreas afetadas com suporte financeiro para reflorestamento e proteção de áreas preservadas. O portal Notícia do Seguro da CNseg apontou que essa modalidade de seguro, parte do Seguro Rural, também cobre perdas econômicas de florestas destinadas à indústria madeireira, como eucalipto e pinus, permitindo o replantio em caso de desastres naturais ou acidentais. No Pantanal, por exemplo, os incêndios florestais atingiram números recordes, com 3.262 focos de calor registrados até junho, o maior índice desde 1988. Embora o seguro florestal seja uma ferramenta para mitigar perdas, a preservação dos biomas brasileiros exige políticas públicas eficientes e maior conscientização social, garantindo a conservação das riquezas naturais para as próximas gerações.

Ações conjuntas atuam na preservação de um futuro verde

Os incêndios florestais são uma ameaça crescente, agravada pelas mudanças climáticas e pela exploração predatória dos recursos naturais. Em meio a esse cenário, a tecnologia geoespacial pode ser um recurso transformador, oferecendo soluções avançadas para monitorar, prever e mitigar focos de incêndio. Combinando imagens de satélite, sensores e modelos de risco dinâmicos, essa tecnologia permite intervenções rápidas e planejadas, protegendo vidas, ecossistemas e economias regionais. No Brasil, onde biomas como a Amazônia e o Cerrado enfrentam recordes de queimadas, é mais do que urgente buscar soluções para preservar a biodiversidade e conter emissões de gases de efeito estufa. Além disso, instrumentos como o seguro florestal complementam esse esforço, ao garantir suporte financeiro para a recuperação de áreas degradadas e a continuidade da produção sustentável. Entretanto, o sucesso dessas iniciativas depende de uma abordagem integrada. Políticas públicas rígidas, investimentos em inovação tecnológica e a conscientização da sociedade são alicerces fundamentais. Mais do que combater os incêndios, o desafio é reverter o ciclo de degradação ambiental, promovendo um modelo de desenvolvimento que valorize os recursos naturais e assegure sua conservação para as gerações futuras.

Postado em
9/12/2024
 na categoria
Tecnologia

Mais sobre a categoria

Tecnologia

VER TUDO