O

Rio de Janeiro, que historicamente enfrenta desafios relacionados à segurança pública, tem assistido a um recrudescimento dos crimes contra o patrimônio, especialmente os roubos de veículos. Conforme matéria divulgada no G1, no início deste mês, o RJ teve mais de 800 veículos roubados em apenas 4 dias. Esse crescimento vertiginoso de ocorrências – com uma média diária de 206 roubos em apenas quatro dias – sugere que fatores estruturais, como a resposta do tráfico às operações policiais e a vulnerabilidade de determinadas regiões, impulsionam esse cenário. 

Uma das consequências da escalada da violência é a redução da acessibilidade ao seguro

Em 2024, a média foi de 90 roubos de carro registrados por dia, segundo dados do Instituto de Segurança Pública. Foram mais de 28 mil roubos, o maior número acumulado dos últimos 5 anos. A escalada da violência, além das perdas materiais, causa impactos sociais e econômicos, gerando um ciclo vicioso onde a insegurança encarece os serviços e reduz a acessibilidade ao seguro, criando um ciclo em que o receio de novos crimes influencia diretamente o mercado. Com mais veículos sendo roubados, as seguradoras elevam os preços das apólices para compensar o aumento dos sinistros, tornando o seguro mais caro para todos os motoristas. Em regiões com altos índices de roubo, algumas seguradoras podem até restringir a oferta de cobertura ou aplicar condições mais rígidas para aprovação, o que acaba excluindo parte da população do acesso a esse serviço.

Aumento dos roubos influencia diretamente as projeções de risco

Conforme apontado pelo estudo da Minuto Seguros divulgado pelo portal Infomoney, a alta nos preços das apólices reflete essa dinâmica de mercado. Em um intervalo de apenas um mês, entre novembro e dezembro de 2024, os valores médios dispararam, com aumentos superiores a 40% para determinados perfis de condutores. O motivo é claro: as seguradoras ajustam suas tabelas de preços com base em índices de sinistralidade e o aumento dos roubos influencia diretamente as projeções de risco.

Tecnologia e inovação são ferramentas eficazes na mitigação de prejuízos e na previsibilidade dos riscos

Em um panorama como esse, a tecnologia e a inovação no setor de seguros podem funcionar como ferramentas eficazes na mitigação de prejuízos e na previsibilidade dos riscos. As seguradoras, pressionadas a equilibrar rentabilidade e competitividade, buscam soluções que possam reduzir riscos e, consequentemente, os custos para o consumidor final. Entre essas inovações, destacam-se o uso de inteligência artificial para precificação mais eficiente, a ampliação da telemetria veicular e rastreamento em tempo real, além da popularização dos seguros baseados no uso – modelos que consideram o comportamento de direção do condutor para definir valores de apólice.

Por exemplo, seguradoras que adotam inteligência artificial podem analisar grandes volumes de dados para personalizar preços com base em fatores específicos, como histórico de direção e áreas frequentadas pelo motorista. Isso permite uma precificação mais justa e condizente com o perfil de risco real de cada cliente, reduzindo os custos para motoristas que dirigem de forma segura.

Internet das Coisas e Seguro pay-per-use também podem colaborar com a mitigação de riscos

A Internet das Coisas (IoT) é outra tecnologia muito colaborativa porque possibilita a implementação de dispositivos que tornam os veículos mais protegidos e monitorados. Por causa dessa tecnologia as seguradoras podem oferecer benefícios para clientes que adotam sistemas antifurto avançados, como bloqueadores remotos e sensores de localização, reduzindo as chances de perdas definitivas em caso de roubo. Alguns players já oferecem descontos para motoristas que utilizam rastreadores inteligentes, permitindo a recuperação rápida do veículo e minimizando os prejuízos.

Outro exemplo é o modelo de seguro pay-per-use, que utiliza sensores e telemetria para cobrar os segurados com base na quilometragem percorrida e nos hábitos de condução. Essa abordagem pode tornar o seguro mais acessível para motoristas que dirigem menos e de maneira mais segura.

Tecnologia pode colaborar para que o seguro não se torne um serviço restrito a poucos

A conexão entre segurança pública e o setor de seguros é estabelecida por uma via de causa e consequência e, diante do aumento nos roubos de veículos, a tecnologia é um recurso estratégico para mitigar prejuízos e melhorar a eficiência do setor. O desafio, agora, não se limita a desenvolver novas ferramentas, mas sim a garantir que essas soluções sejam acessíveis e aplicáveis na prática, tanto para as seguradoras quanto para os consumidores. Medidas como inteligência artificial para análise de risco, rastreamento avançado de veículos e parcerias entre o setor privado e o poder público podem ajudar a reduzir os impactos da criminalidade sobre o custo das apólices. Dessa forma, o uso da tecnologia fortalece a prevenção e a recuperação de veículos e pode contribuir para manter o seguro viável, evitando que ele se torne um serviço restrito a poucos.

Postado em
13/2/2025
 na categoria
Tecnologia

Mais sobre a categoria

Tecnologia

VER TUDO