evento Insurtech Latam Fórum 2022, voltado para o ecossistema de inovação em seguros, chegou em sua quarta edição na última segunda-feira, dia 08/08/2022. O evento ocorre por 3 dias consecutivos (08,09 e 10 de agosto) , sendo os dois primeiros dias totalmente online e culmina com o 3º dia de evento presencial na cidade de São Paulo. O conteúdo dos dois primeiros dias ficará disponível na plataforma digital do CMS 365.
Com a apresentação de Elane Cortez, diretora de desenvolvimento corporativo Brasil do CMS Group, a Live apresentada às 20:00 horas da última segunda-feira, teve como tema: APIs: A tecnologia personalizada para todas as etapas do seguro e contou com a participação de Denise Oliveira, CEO & Founder da Fitinsur,
Giuliano Generali, Superintendente Executivo de Digital e CX do Grupo Bradesco Seguros, Ricardo Nishimura, Sócio da Suthub, Thiago Amorim, Risk Manager do iFood, Aldo Pires. CEO da .add.
O que é API?
Ricardo Nishimura abre o painel dizendo que a tradução do nome API (Interface de Programação de Aplicação) não esclarece muito bem do que se trata. Ele explica que “é um conjunto de normas que possibilita comunicação entre plataformas distintas através de uma série de padrões e protocolos que um sistema troca com o outro”. E acrescenta que é por meio dessas APIs que os desenvolvedores de softwares e aplicativos vão conseguir se comunicar com essas plataformas. A partir dessa explicação, o painel se propõe a debater a aplicabilidade das APIs no negócio do seguro, suas vantagens e todas as questões decorrentes do seu uso
Motor de transformação digital
Nishimura afirma que as APIs estão sendo chamadas atualmente de motor de transformação digital e pergunta para Denise Oliveira qual é a realidade delas para o mercado de seguros. Denise responde: “Hoje temos uma realidade diferente de quando o termo surgiu, mesmo sendo um termo antigo.Com essa nova roupagem que deram para as APIs, essa modernização, elas ganharam um contexto de negócios, mesmo. Então, quando falamos de APIs, a gente tá falando da exposição de um negócio da nuvem para que interessados neste negócio possam se conectar ali com aquela tecnologia. Quando eu olho para o mercado segurador, vejo uma evolução em relação ao que tínhamos há uns três ou quatro anos, mas ainda é bastante aquém do que pode ser.
“Eu não escolho pelo preço, escolho baseado na tecnologia que ela tem”
Quando questionado sobre qual o tipo de transformação que a economia de API proporciona para o segmento que ele atua, Thiago Amorim declarou: “O IFOOD é uma empresa de conexão, tecnologia e conexão e pra gente se conectar com os clientes, parceiros, entregadores, restaurantes a gente precisa ter grandes parcerias de conexões. Tudo isso é possível pra gente por conta das APIs. E entrando na questão dos seguros é o mesmo exemplo: então, hoje, a minha tomada de decisão para escolher uma seguradora para estar no nosso negócio, eu não escolho pelo preço, escolho baseado na tecnologia que ela tem. Se ele tem tecnologia para se conectar comigo no menor tempo possível, vai ser essa a decisão que a gente toma”.
Sem tempo para fazer qualquer coisa analógica
Ainda sobre escolher parceiros que priorizam as conexões tecnológicas, Amorim explica que por serem uma empresa de conexões, os parceiros e as seguradoras têm que estar prontos para se conectar com eles e pontua que o viés de tomar a decisão para escolher uma seguradora é a tecnologia embarcada que ela coloca no negócio. E finaliza: “É mandatório. Eu não tenho gente, braço e tempo para fazer nada analógico mais”.
Os APIs eliminam restrições
Quando questionado se acha que já houveram ganhos significativos com o uso das APIs ou se é algo que ainda vai demorar um pouco para engatar, Giuliano Generali, diz: “A questão da integração sempre foi um grande desafio para todo mundo. E quando você pensa em uma empresa do tamanho da Bradesco Seguros, que atua em todas as linhas de negócio, com diversos produtos e dentro da mesma linha de negócio tem produtos com sistemas diferentes, com estruturas que foram construídas há muitos anos, que foram sofrendo atualização, você tem uma série de restrições dessa arquitetura interna para viabilizar e acelerar a disponibilização de produtos e serviços e toda essa integração. E quando você traz essa questão das APIs, você elimina uma série de restrições sem ter que repensar a arquiteturalmente todo seu processo interno”.
Aproximação muito maior entre negócios e tecnologia
Giuliano continua explicando que “Essa mentalidade, essa forma de desenvolver software, é quase uma mudança cultural que a gente faz dentro da companhia.
Um dos grandes ganhos foi retirar as restrições e toda essa conexão cada vez maior entre negócio e tecnologia. Ou seja, a tecnologia se tornou pensada muito mais sob a ótica do negócio. Hoje a gente vê o time comercial pensando no produto, discutindo produtos junto com tecnologia e a forma como isso vai ser viabilizado do ponto de vista das APIs. Assim, você nota uma aproximação muito maior entre negócios e tecnologia”.
“A tecnologia da NASA não serve para nada se não for usada”
Denise faz uma reflexão sobre o grande ganho com o que chama de “apeização da vida e das coisas”. Ela disse: “Qual é a grande graça das APIs na minha humilde opinião? os produtos estão chegando para o consumidor na forma que tem que ser consumido. Isso porque a forma de produto não vê mais a tecnologia como uma barreira. Então, se a gente tem um grande ganho com a ‘Apeização’ da vida foi o pessoal sair da caixa e começar a desenhar um produto que o mercado quer consumir, não o produto da nota técnica. Portanto, você pode até ter a tecnologia da NASA, se ninguém usar, se ficar na prateleira, ela não serve para absolutamente nada”.
Mudança de mentalidade
Para Aldo Pires, a mentalidade das empresas mudou, as empresas entenderam que a área de tecnologia não é mais quem vai dizer se o projeto vai para frente ou não. Se a área de negócios anda e a tecnologia não responde, a cobrança é muito forte. Segundo ele: “Tem até alguns grandes movimentos que estão sendo feitos de uma maneira que ajuda isso. Por exemplo, o Open insurance.Muitas empresas pararam e pensaram ‘Pra que eu vou fazer isso?' Para que eu vou desenvolver um sistema que a própria Susep define como um sistema de seguros aberto, onde o segurado vai permitir que uma seguradora compartilhe seus dados de maneira que aqueles dados sejam usados pelo mercado inteiro para que desenvolvam novos produtos e serviços sem que o cliente precise preencher um formulário gigantesco toda vez que precisar fazer uma cotação?”.
Open insurance versus APIs
Aldo continua sua reflexão dizendo que quando a Susep coloca como um padrão, uma norma, que todas as seguradoras vão ter que compartilhar essas informações a partir de API, “você vê que quem está discutindo se isso é exequível ou não está em uma discussão que já ficou no passado há muito tempo”, diz ele. E continua: “Então, quando se fala de Open Insurance, a gente tá falando de Open Data. Ou seja, era a implementação de API. Na minha visão, todas as companhias entenderam a importância e a necessidade das APIs. A questão é: quantas delas estão conseguindo fazer essa implementação de forma adequada?”
APIs impactando a experiência do consumidor
Quando Nishimura levanta o questionamento sobre como a API está impactando a experiência do consumidor, Giuliano responde: “Tem uma discussão importante, na qual avançamos bastante que é: até que ponto deveríamos adaptar a jornada do cliente ao que temos desenhado na API ou vice-versa? Acho que precisamos achar o ponto ideal dessa discussão porque as duas coisas precisam ser consideradas”.
Omnicalidade
Segundo Giuliano, “Um ponto fundamental que vejo já gerando ganhos (em relação à jornada do cliente) é a questão da omnicanalidade principalmente do cliente poder começar uma transação em um canal e continuar no outro, seja na Web ou no mobile. Com inteligência artificial que usamos muito, as experiências precisam ser muito próximas para o usuário não ter descontinuidade e quando vc tem por trás um API que está fornecendo para mais de um canal o mesmo padrão de resposta, exigindo o mesmo tipo de comportamento do usuário, ajuda demais na experiência dele (cliente)”.
“Por que não existe o iFood de seguros ainda?”
Já Thiago Amorim, responde à pergunta sobre o impacto na jornada do cliente da seguinte forma: “Meu sonho grande está muito conectado na linha de seguros. Por que não existe o Ifood de seguros ainda? O iFood foi uma empresa que começou em 2011, mas seu primeiro milhão de pedidos no mês foi em 2015 e hoje, em 2022, já furamos a barreira de 66 milhões de pedidos por mês. Por que é um negócio cresce exponencialmente? Porque é fácil, é simples. Porque está na palma da mão do usuário.”
Falta simplicidade na aquisição do seguro
Ainda sobre a experiência do cliente, Thiago Amorim relata que “No seguro, sinto falta da simplicidade, da facilidade”. E emenda: "Meu sonho grande é que eu consiga me conectar com um parceiro, que eu consiga mandar para o meu cliente final uma possibilidade muito grande de fechar todos os meus negócios no local de distribuição. Temos mais de 40 milhões de clientes ativos por mês. Imagina se tu tivesse um grande Market Place de seguros conectado com meu aplicativo para entregar para esse canal de distribuição toda a possibilidade de seguros que ele pode ter na mão. Tem muitos produtos que já existem hoje no mercado que o cliente não tem essa facilidade de aquisição”.
API aplicado à personalização de produto
Giuliano falou sobre um case de sucesso no uso de APIs para personalização em alto nível de um produto. Ele relatou: “A gente trabalhou num produto de vida individual novo que tem um nível de personalização muito grande. Ao mesmo tempo que isso atende à necessidade do consumidor, ou mesmo dos nossos distribuidores e corretores, trás uma complexidade de como levar o produto para a ponta. Por isso, foram desenvolvidos um conjunto de APIs aqui, dentre outras iniciativas, que permitiu levar, dependendo do canal e do perfil, soluções e respostas diferentes utilizando o mesmo conjunto de APIs que foram desenvolvidas. Então, desde um corretor que tem ali no seu front de vendas toda a possibilidade de personalização do produto para customização, essa mesma API está sendo usada para entregar 3 ofertas combos personalizadas usando a mesma API. Se fôssemos fazer isso há um tempo atrás, provavelmente precisaríamos desenvolver soluções específicas para cada um desses canais. E finaliza: “Esse é um exemplo do que já estamos captando de valor desse movimento”.
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