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que é a dark web e por que ela é perigosa? 

A evolução tecnológica trouxe diversas vantagens, mas também criou brechas exploradas por criminosos cibernéticos. A dark web, parte mais oculta da internet, tem sido um ambiente propício para atividades ilícitas. A dark web é uma camada da internet que não está acessível por navegadores tradicionais e requer ferramentas específicas. Enquanto parte dela pode ser usada para fins lícitos, é amplamente conhecida por hospedar mercados de drogas, armas e serviços cibernéticos criminosos. De acordo com especialistas, a falta de regulação torna a dark web um ambiente ideal para o tráfico de informações pessoais roubadas e para a prática de fraudes sofisticadas.

Diferenças entre deep web e dark web

Apesar de muitas pessoas acreditarem que deep web e dark web são a mesma coisa, há algumas diferenças entre esses dois termos. A deep web engloba conteúdos não indexados por mecanismos de busca, como arquivos acadêmicos, registros financeiros e fóruns privados. Embora tenha usos legítimos, pode ser explorada para acessar conteúdos pirateados ou restritos. Já a dark web é uma parte da deep web acessível apenas por softwares específicos, como navegadores que garantem anonimato ao redirecionar o tráfego para servidores anônimos. A deep web é usada para armazenar informações sensíveis, proteger privacidade ou acessar conteúdos restritos, sendo, em sua maioria, legal. Já a dark web, embora também tenha usos legítimos, como comunicação segura para jornalistas e ativistas, é frequentemente associada a atividades ilícitas, como comércio ilegal e fóruns de hackers. Num geral, a deep web é mais ampla e acessível com navegadores comuns, enquanto a dark web é deliberadamente oculta e depende de ferramentas específicas para acesso anônimo.

Fraude de reconhecimento facial: um novo desafio 

Recentemente, hackers na dark web começaram a criar bases de dados de identidade usando imagens faciais capturadas ilegalmente, conhecidas como "Face ID Farming". Essa operação visa burlar sistemas de verificação biométrica, como os usados em bancos e instituições financeiras, explorando a popularização da biometria como método de autenticação. Pesquisadores do iProov identificaram uma operação criminosa que reúne documentos genuínos e dados biométricos correspondentes, criando pacotes de identidade difíceis de detectar por métodos tradicionais. Esses pacotes são usados para fraudes complexas, comprometendo a segurança financeira e facilitando crimes como roubo de identidade. Um aspecto alarmante é que muitos indivíduos, por ganhos financeiros imediatos, estão voluntariamente fornecendo suas informações, agravando os riscos de segurança. 

"O que é particularmente alarmante sobre essa descoberta não é apenas a natureza sofisticada da operação", disse Andrew Newell, diretor científico da iProov, "mas o fato de que os indivíduos estão voluntariamente comprometendo suas identidades para ganho financeiro de curto prazo. Eles estão fornecendo aos criminosos pacotes de identidade completos e genuínos que podem ser usados ​​para fraudes sofisticadas de representação". Com documentos e dados biométricos genuínos combinados, as fraudes tornam-se quase indetectáveis, representando uma ameaça à proteção de dados e à privacidade. Além de comprometer a segurança financeira de indivíduos, essas fraudes podem gerar impactos como roubo de identidade e uso indevido de imagens em atividades criminosas.

Impactos sociais e a vulnerabilidade dos mais jovens 

A exposição de crianças e adolescentes à deep web e à dark web representa um risco. Segundo especialistas, esses ambientes podem ser usados para aliciamento e exposição a conteúdos nocivos, além de aumentar a vulnerabilidade a crimes como o bullying e o assédio virtual. A falta de educação digital e a ausência de supervisão parental contribuem para o agravamento do problema. Essa preocupação ganhou destaque em 2019, após o trágico massacre na escola estadual Professor Raul Brasil, em Suzano (SP). No ataque ocorrido em 13 de março daquele ano, dois atiradores tiraram a vida de estudantes e funcionários. Segundo a polícia, um dos agressores utilizou a deep web para pesquisar, ao longo de mais de um ano, detalhes sobre ataques similares realizados em escolas dos Estados Unidos. Diante da gravidade do caso, o deputado Filipe Barros (PSL-PR) propôs uma audiência pública para debater o tema no Congresso Nacional, destacando a urgência de desenvolver políticas públicas voltadas à proteção digital e à prevenção de tragédias semelhantes.

Ministério da Justiça cria ferramenta para investigar dark web

A Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), vinculada ao Ministério da Justiça, investirá R$14,3 milhões no desenvolvimento de um sistema avançado para investigar crimes na dark web. Destinado ao Laboratório de Crimes Cibernéticos da Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência (Diopi), o sistema terá como foco rastrear atividades de facções criminosas envolvidas em tráfico de drogas, armas e outras práticas ilícitas. O projeto visa monitorar, coletar e indexar dados da dark web, como postagens em fóruns, endereços de IP, carteiras de criptomoedas e credenciais vazadas. Essas informações serão organizadas em um banco de dados acessível por palavras-chave e ferramentas de análise avançadas, como processamento de linguagem natural e aprendizado de máquina. O sistema também permitirá o monitoramento em tempo real, identificando ameaças e emitindo relatórios detalhados para os investigadores. Essa ferramenta será fundamental para rastrear e identificar responsáveis por crimes online, permitindo ações preventivas e aumentando a sensação de segurança na sociedade. Com dados detalhados, as autoridades poderão antecipar atividades criminosas e proteger a população de forma mais eficaz.

Crimes cibernéticos e a questão da regulamentação 

A crescente digitalização trouxe à tona a relevância de abordar os crimes cibernéticos, que utilizam redes de computadores para práticas ilícitas, incluindo ataques à honra e à liberdade sexual. Diferentemente de outros crimes informáticos, os cibercrimes frequentemente se baseiam na falsa percepção de que a internet é um espaço sem leis. No setor de seguros, a conformidade regulatória tem sido uma prioridade. Um estudo da Amp Corporate Communications revelou que 48% das empresas financeiras e de seguros têm preocupações sobre as repercussões do descumprimento das normas. O cenário digital, em constante transformação, exige o desenvolvimento de seguros cibernéticos abrangentes que enfrentem os novos desafios. No entanto, a falta de padronização nas políticas e nas práticas de subscrição gera inconsistências na cobertura, dificultando o entendimento por parte dos segurados e deixando brechas que podem comprometer a segurança. Essa realidade ressalta a necessidade de regulamentações mais precisas para proteger tanto as empresas quanto os consumidores diante dos riscos cibernéticos emergentes.

Tecnologias desempenham um papel fundamental na prevenção e no combate aos cibercrimes

As tecnologias desempenham um papel fundamental na prevenção e no combate aos cibercrimes, especialmente em setores sensíveis como o de seguros. Ferramentas de inteligência artificial e aprendizado de máquina são amplamente utilizadas para detectar padrões anômalos que indicam atividades fraudulentas ou ataques cibernéticos. Por exemplo, sistemas de monitoramento em tempo real podem identificar tentativas de acesso não autorizado, enquanto algoritmos avançados analisam grandes volumes de dados para prever ameaças emergentes. Além disso, tecnologias como blockchain oferecem transparência e segurança ao criar registros invioláveis de transações, o que é particularmente útil para evitar fraudes financeiras. A adoção de tecnologias de criptografia ajuda a proteger informações sensíveis de clientes e empresas, tornando-as inacessíveis mesmo em casos de interceptação de dados. 

Segurança digital é um escudo necessário na era da tecnologia avançada

Com os avanços tecnológicos, o mesmo espaço que possibilita inovação e conectividade também se torna um espaço para atividades ilícitas, com a atividade de cibercriminosos. Por isso, a segurança do usuário deve ser vista como prioridade, exigindo esforços conjuntos entre governos, empresas e cidadãos. Os perigos associados à dark web e à fraude de reconhecimento facial reforçam a importância de priorizar a segurança digital. Hackers na dark web têm criado bases de dados utilizando imagens faciais capturadas ilegalmente, explorando a popularização da biometria como método de autenticação. Essa prática compromete sistemas de verificação de identidade, colocando em risco tanto a segurança individual quanto a de instituições financeiras e serviços que utilizam dessa tecnologia. A criação de ferramentas inteligentes e a implementação de políticas regulatórias são passos indispensáveis. É sabido que tecnologias como a IA e a blockchain, embora vilãs em alguns cenários, podem fornecer suporte para dificultar a ação de criminosos e hackers. Afinal, o reconhecimento facial é uma ferramenta poderosa para autenticação e, por isso, é preciso adotar todas as medidas de proteção para que ela seja  efetivamente segura.

Postado em
13/1/2025
 na categoria
Tecnologia

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