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painel intitulado "Sandbox regulatório: próximo edital e lições aprendidas com as duas edições do programa", apresentado no evento “Insurtech Brasil 2024”, trouxe importantes reflexões sobre o papel da SUSEP e as inovações proporcionadas pelo Sandbox. Moderado por Roberto Panucci (advogado especialista em seguros), o debate contou com a participação de Daniele Dabus, Head of Legal & Compliance da Darwin Seguros e Júlia Normande Lins, diretora técnica da SUSEP. Os especialistas compartilharam ideias sobre a trajetória da Darwin Seguros e o impacto do Sandbox no mercado de seguros.

Confira abaixo alguns destaques do painel:

Espaço para novas entrantes se estabelecerem e testarem suas inovações

Júlia Normande Lins abriu o painel destacando a importância do diálogo contínuo entre a autarquia e o mercado. Ela explicou que o Sandbox regulatório foi concebido em 2019 para reduzir barreiras de entrada no setor de seguros, permitindo que novas empresas testem inovações sob uma autorização temporária de 36 meses. "O Sandbox é um espaço que oferece flexibilidade regulatória para permitir que novas entrantes possam se estabelecer e testar suas inovações", afirmou Júlia.

Iniciativa que fomenta a inovação no mercado de seguros

A iniciativa do Sandbox é essencial para fomentar a inovação no mercado de seguros, proporcionando um ambiente controlado onde startups podem desenvolver produtos e processos inovadores. Júlia enfatizou que a flexibilização regulatória, como a redução das exigências de capital, é de suma importância para que novas empresas possam operar sem causar riscos sistêmicos ao mercado financeiro. Este modelo permite que as empresas transformem suas licenças temporárias em definitivas após o período de teste.

Sandbox permitiu que a Darwin desenvolvesse soluções inovadoras sem as barreiras tradicionais enfrentadas por novas seguradoras

Danielle Dabus, da Darwin Seguros, compartilhou a experiência da empresa dentro do Sandbox. "O Sandbox cumpriu o papel de ser um berço regulatório para nós", disse Danielle. A Darwin começou suas operações dentro do programa, aproveitando a flexibilidade regulatória para desenvolver produtos específicos que atendiam às dores do mercado. Este ambiente permitiu que a empresa focasse no desenvolvimento de soluções inovadoras, sem as barreiras tradicionais enfrentadas por novas seguradoras.

Darwin já estava estruturada para operar como seguradora desde o início

A decisão da Darwin de sair do Sandbox foi estratégica. Danielle explicou que, apesar das vantagens do programa, as restrições, como o limite máximo de indenização, limitavam a capacidade da empresa de atender plenamente às necessidades dos clientes. "Identificamos que poderíamos ser mais efetivos fora do Sandbox, oferecendo um melhor serviço aos nossos clientes", explicou ela. A preparação desde o início para operar como uma seguradora completa facilitou a transição, apesar dos custos regulatórios e operacionais maiores.

Darwin conta com equipe diversificada e experiente para conseguir inovar e se adaptar

A executiva da Darwin também destacou a importância de ter uma equipe diversificada e experiente, combinando conhecimentos de tecnologia e seguros, para inovar e adaptar rapidamente. "Ter um time forte, com insiders e outsiders, foi vital para nossa jornada", afirmou ela. Esta combinação permitiu que a Darwin desafiasse as normas tradicionais e desenvolvesse um modelo de negócio inovador e eficaz.

"Estamos trazendo duas temáticas centrais para o novo edital: inovação tecnológica e sustentabilidade"

Roberto Panucci elogiou o sucesso do Sandbox em aumentar a competitividade no mercado de seguros e questionou Júlia sobre os desafios de fiscalizar um número crescente de novas seguradoras. Júlia respondeu que a Susep está aberta ao diálogo e à adaptação contínua do programa. Ela anunciou que o próximo edital do Sandbox trará um foco maior em inovação tecnológica e sustentabilidade, alinhando-se às estratégias do governo federal. "Estamos trazendo duas temáticas centrais para o novo edital: inovação tecnológica e sustentabilidade", afirmou Júlia. Esses critérios serão prioritários na seleção das empresas participantes, mas não mandatórios, segundo a diretora. “É óbvio que não vai ser obrigatório que a empresa tenha um desses dois quesitos para submeter a inscrição no programa ou ser aprovado, mas serão critérios que vamos trazer como critérios prioritários no edital”, disse ela.

Inclusão social e a viabilidade de acesso ao seguro são alguns méritos do programa

Júlia explica que a autarquia está dando esse espaço mais flexível, com algumas limitações, para abrir o mercado e aumentar a competitividade. Segundo ela, é preciso que os players de seguros explorem novos nichos de mercado. “Outros pontos importantes são a inclusão social e a viabilidade de acesso ao seguro. Exigimos um projeto inovador das empresas participantes, avaliando vários quesitos para permitir que se arrisquem em nichos inexplorados. Por exemplo, os motoboys, uma classe trabalhadora que teve seus direitos reduzidos ao longo do tempo. Embora o risco seja alto, o seguro pode oferecer proteção. Isso mostra como o Sandbox pode incluir nichos da população normalmente excluídos do mercado financeiro, o que é um grande mérito do programa”, afirma a executiva.

Setor de seguros pode ser protagonista em termos de inovação e de visibilidade internacional

De acordo com Júlia, o objetivo do foco em inovação tecnológica e sustentabilidade é incentivar comportamentos que promovam o desenvolvimento do mercado de seguros: “Entendemos que o setor de seguros é uma parte integrante do sistema nacional de inovação e ele tem um papel que pode ser protagonista nos mesmos moldes do que hoje é o papel do setor bancário em termos de inovação e de visibilidade internacional. Nós, de fato, confiamos na potencialidade do mercado de seguros para gerar inovação tecnológica”. 

Edital de fluxo contínuo para um processo de inovação ininterrupto

Uma das novidades mais relevantes é a introdução do edital de fluxo contínuo. Ele permitirá que as empresas amadureçam suas ideias antes de submetê-las, facilitando um processo de inovação mais ordenado. “O Sandbox será um edital de fluxo contínuo. Ninguém precisará correr para submeter seu projeto imediatamente. Isso facilita tanto para os empreendedores quanto para a Susep, permitindo um processo de inovação contínuo. Queremos que as pessoas olhem para o edital, se organizem, amadureçam suas ideias e apresentem projetos realmente inovadores, que avaliaremos internamente com cuidado e seguiremos com o tema”, disse Júlia.

Diálogo constante com o mercado para incluir novos produtos e práticas inovadoras

A diretora da SUSEP também ressaltou que a Susep está aberta a sugestões para aprimorar o programa, incentivando o diálogo contínuo com o mercado. "O diálogo é essencial para que possamos fazer as mudanças necessárias e incluir novos produtos e práticas inovadoras", disse ela. Este ambiente colaborativo é fundamental para a evolução do setor de seguros, permitindo a inclusão de novos players e a diversificação do mercado.

Roberto concluiu o painel destacando a importância da interação entre reguladores e o mercado para a evolução contínua do setor de seguros. Ele enfatizou que o sucesso do Sandbox em criar novas seguradoras e aumentar a competitividade é um exemplo de como a inovação regulatória pode beneficiar tanto as empresas quanto os consumidores. "O Sandbox foi um absoluto sucesso em fomentar novas empresas e aumentar a competitividade", afirmou ele.

Mais inovação, tecnologia e práticas sustentáveis no futuro do mercado segurador brasileiro

O debate entre os especialistas demonstrou como o Sandbox regulatório tem sido uma ferramenta imprescindível para fomentar a inovação no mercado de seguros. A experiência da Darwin Seguros ilustra os benefícios e desafios do programa, enquanto as novas diretrizes do próximo edital prometem continuar impulsionando o desenvolvimento do setor e abrindo novos nichos de mercado. Com um ambiente regulatório flexível e um diálogo contínuo entre a SUSEP e o mercado, haverá muito mais inovação, tecnologia e práticas sustentáveis no futuro do mercado segurador brasileiro.

Postado em
8/7/2024
 na categoria
Inovação

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