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uando o robô humanoide Elektro foi apresentado ao público na Feira Mundial de Nova York em 1939, sua exibição representava uma inovação impressionante para a época. No entanto, o que então parecia o auge da tecnologia seria apenas o início de uma longa trajetória de evolução desse segmento da tecnologia. Robôs humanoides avançaram da ficção científica para a realidade tangível, impulsionados por avanços em tecnologia de IA e robótica. 

Mercado de robôs humanoides deverá atingir um valor superior a US$1 bilhão até 2028

Atualmente, os robôs estão utilizando redes neurais avançadas e algoritmos de aprendizado de máquina para adquirir habilidades motoras a partir de informações visuais. A técnica, que se baseia na observação de situações reais, oferece aos robôs a capacidade de ajustarem suas ações de acordo com novas exigências, ampliando sua versatilidade em diferentes cenários. De acordo com estimativas da empresa de pesquisa Precision Reports, o mercado de robôs humanoides deverá atingir um valor superior a US$1bilhão até 2028. A gama de suas aplicações é ampla: eles podem ser construídos com pernas ou rodas e projetados para atuar em áreas que vão desde a educação e entretenimento até a exploração espacial, cuidados pessoais, operações de busca e resgate e relações públicas.

Robô humanoide que ajuda em tarefas domésticas e responde por comando de voz

Os robôs humanoides, que antes eram vistos apenas como experimentos científicos, hoje se tornaram parte de um setor tecnológico em plena expansão. Um exemplo disso foi a criação do robô Neo Beta para auxiliar em tarefas domésticas e industriais. A empresa responsável pela criação é a norueguesa 1X, que lançou recentemente um vídeo demonstrando o protótipo mais recente do robô em ação. O Neo Beta possui 1,65 metros de altura, pesa 30 kg e é capaz de carregar até 20 kg de carga, como itens domésticos ou compras. Alimentado por IA, o robô humanoide pode atingir uma velocidade de até 12 km/h ao correr e possui uma autonomia que varia entre duas e quatro horas por carga. Além das funções domésticas, o robô será futuramente implantado em linhas de fabricação, seguindo a tendência de outras empresas, como a Tesla. Os usuários poderão controlá-lo por comandos de voz, e, em caso de necessidade, um operador remoto poderá assumir o controle de sua visão e movimentos, segundo a 1X.

Robôs estão aprendendo tarefas humanas ao assistirem vídeos

Um outro indício do alto nível de desenvolvimento desse tipo de tecnologia é o fato de eles estarem melhorando a forma como aprendem. Pesquisadores da Carnegie Mellon University desenvolveram o modelo *Visual-Robotics Bridge* (VRB), que permite a robôs aprenderem tarefas domésticas simples assistindo a vídeos de pessoas realizando essas atividades, sem a necessidade de demonstrações ao vivo ou ambientes específicos. Ao contrário do modelo anterior, WHIRL, que exigia que um humano mostrasse a tarefa diretamente ao robô, o VRB permite que a aprendizagem ocorra de forma mais rápida e flexível, apenas observando gravações. Esses desenvolvimentos aproximam as máquinas da meta de desempenhar funções de assistência em um número crescente de atividades cotidianas.

Primeiro robô humanoide do Brasil tem objetivo de prever tragédias e dar suporte a pessoas com deficiência auditiva

O primeiro robô humanoide brasileiro, batizado de 14-bis, foi apresentado durante o Festival do Conhecimento da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que ocorreu em agosto deste ano e teve como tema “Inteligência Artificial para o Sul Global”. 

Nomeado em homenagem ao pioneiro da aviação, Santos Dumont, o robô 14-bis foi desenvolvido pelo pesquisador Joel Ramos, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Informática (PPGI) da UFRJ, com o objetivo de ser uma plataforma de pesquisa voltada para a educação e o suporte a pessoas com deficiência auditiva. De acordo com Ramos, a ideia era combinar a criação científica com a prestação de um serviço de utilidade social. Além de suas aplicações educacionais, o robô poderia ser utilizado em tarefas como a previsão de tragédias climáticas em áreas vulneráveis, como Petrópolis, contribuindo para a proteção e a segurança da população local.

Robô recepcionista e acompanhante para pessoas com necessidades especiais

Outro marco importante no desenvolvimento dos robôs humanoides é o projeto Nadine, criado em 2015 pela Universidade Tecnológica de Nanyang, em Cingapura. Desenvolvida para ser uma réplica da professora Nadia Magnenat Thalmann, Nadine foi projetada como um robô social, capaz de reconhecer rostos, emoções e gestos, além de interagir socialmente de forma eficiente. Sua função principal é atuar como recepcionista ou acompanhante para pessoas com necessidades especiais, fornecendo apoio em diversas atividades do dia a dia. Nadine, equipada com câmeras 3D, microfones e sensores de movimento, é um exemplo de como os robôs estão sendo projetados para interagir diretamente com seres humanos, especialmente em áreas que exigem empatia e suporte, como o cuidado com idosos e pessoas com deficiência.

Novas oportunidades começam a surgir para as seguradoras a partir dos avanços na robótica

A partir de todos esses exemplos, é possível vislumbrar o impacto que a robótica pode ter em diversas áreas da sociedade, incluindo a de seguros. Com os robôs humanoides ganhando espaço em setores como educação, saúde, assistência domiciliar e eventos, novas oportunidades começam a surgir para as seguradoras. As seguradoras terão que acompanhar de perto a crescente implementação dessas tecnologias para desenvolver apólices específicas que cubram os riscos associados ao uso de robôs em diferentes contextos.

Robôs como plataformas de desenvolvimento na educação e suporte a pessoas com deficiência auditiva

No campo da educação, robôs como o 14-bis, projetados para apoiar pessoas com deficiência auditiva, abrem novas frentes para seguros relacionados ao ensino assistido por tecnologia. Seguradoras poderiam oferecer produtos específicos que garantam a continuidade dos serviços educacionais em caso de falhas no funcionamento dos robôs, ou que cubram incidentes relacionados à segurança de alunos e educadores no uso desses sistemas. Além disso, os robôs podem ser utilizados como ferramentas para prevenir riscos, como no caso do 14-bis, que pode atuar na previsão de desastres climáticos. Seguradoras que trabalhem com seguros de catástrofe poderiam incluir esses robôs como parte de suas estratégias de mitigação de riscos, protegendo comunidades vulneráveis com a ajuda da robótica.

Coberturas que considerem desde danos aos robôs até os riscos associados à segurança do usuário

Em relação à assistência doméstica e ao suporte a pessoas com necessidades especiais, os robôs humanoides oferecem uma gama ainda maior de oportunidades para o setor de seguros. Robôs como Nadine e Neo Beta, que podem realizar tarefas domésticas ou fornecer suporte emocional e prático a pessoas com deficiência, criam a necessidade de apólices que protejam tanto o usuário quanto o equipamento. A possibilidade de falhas técnicas ou problemas operacionais exige que as seguradoras desenvolvam coberturas que considerem desde danos aos robôs até os riscos associados à segurança do usuário.

Coberturas que protejam contra erros de operação, falhas no atendimento e até riscos de cibersegurança

Outro campo que apresenta potencial para o setor de seguros é o da saúde. Robôs humanoides podem atuar como auxiliares em hospitais, clínicas e até mesmo em domicílios, realizando tarefas de monitoramento e assistência a pacientes. Seguradoras poderão explorar esse novo mercado desenvolvendo coberturas que protejam contra erros de operação, falhas no atendimento e até riscos de cibersegurança, dado que muitos desses robôs funcionam por meio de redes conectadas.  Além disso, à medida que esses robôs forem sendo integrados em cuidados de longo prazo, principalmente para idosos e pessoas com mobilidade reduzida, os seguros de saúde e vida precisarão se adaptar, oferecendo produtos voltados à interação com robôs assistentes.

Seguros para proteger organizadores de eventos contra possíveis falhas no funcionamento dos robôs ou acidentes causados por eles

O setor de eventos, por sua vez, também pode se beneficiar do uso de robôs humanoides, como aqueles projetados para atuar como recepcionistas ou guias. A presença de robôs em grandes eventos, como feiras e conferências, abre espaço para o desenvolvimento de seguros voltados para proteger os organizadores contra possíveis falhas no funcionamento dos robôs ou acidentes causados por eles. A interação entre máquinas e humanos em espaços públicos requer uma cobertura de responsabilidade civil abrangente.

A interação entre máquinas e humanos em espaços públicos requer uma cobertura de responsabilidade civil abrangente, considerando os riscos potenciais envolvidos. Eventos que utilizam robôs como guias, recepcionistas ou assistentes de segurança, por exemplo, precisam garantir que, em caso de falhas operacionais ou acidentes, tanto os organizadores quanto o público estejam devidamente protegidos. O uso de robôs humanoides em conferências, feiras e outros grandes eventos pode trazer eficiência e inovação, mas também demanda um planejamento cuidadoso das seguradoras, que precisam desenvolver apólices que cubram incidentes relacionados a problemas técnicos, interações inadequadas e até mesmo questões relacionadas à privacidade, já que muitos desses robôs possuem câmeras e sistemas de reconhecimento facial.

Aumento da necessidade de seguros para proteção contra ciberataques

Outro aspecto importante que as seguradoras devem considerar é o aumento dos riscos cibernéticos. Com o uso de robôs alimentados por inteligência artificial e conectados à internet ou redes locais, a vulnerabilidade a ataques cibernéticos se torna uma preocupação relevante. Robôs humanoides, especialmente aqueles usados em ambientes domésticos e de saúde, podem armazenar dados sensíveis ou acessar redes críticas, o que eleva a necessidade de seguros que protejam contra ciberataques. Apólices de cibersegurança voltadas especificamente para robôs devem incluir a cobertura contra a perda de dados, interrupções de serviço e até mesmo ataques que possam comprometer a segurança física de pessoas que interagem com esses robôs. Assim, as seguradoras precisarão se adaptar a esse novo cenário, desenvolvendo produtos que ofereçam proteção adequada tanto para as empresas que produzem e operam os robôs quanto para os usuários finais.

Seguros específicos para cobrir reparos ou a substituição do robô em caso de danos

A crescente popularidade e adoção dos robôs humanoides também podem impulsionar o surgimento de novas modalidades de seguro, como apólices que protejam contra danos aos próprios robôs. Robôs como o Neo Beta, que são utilizados para tarefas domésticas ou industriais, podem sofrer avarias durante o uso, seja por falhas mecânicas ou acidentes. O alto custo desses equipamentos exige que os proprietários contem com seguros específicos para cobrir reparos ou a substituição em caso de danos. Além disso, o uso prolongado dos robôs, especialmente em fábricas e ambientes comerciais, pode aumentar o desgaste dos componentes, o que demanda apólices de manutenção e garantia estendida, cobrindo a deterioração natural das máquinas.

Seguradoras precisarão criar produtos que ofereçam cobertura para danos acidentais causados por robôs em ambientes domésticos

No contexto doméstico, o seguro de responsabilidade pessoal pode ser estendido para incluir incidentes envolvendo robôs assistentes. Se um robô, ao realizar uma tarefa, causar danos à propriedade ou ferir alguém, o proprietário pode ser responsabilizado. Isso abre uma nova frente para as seguradoras, que precisarão criar produtos que ofereçam cobertura para danos acidentais causados por robôs em ambientes domésticos. Além disso, conforme os robôs se tornam mais autônomos, pode haver questões legais sobre a responsabilidade em caso de acidentes, o que torna ainda mais essencial que as seguradoras se preparem para esses cenários.

Questões sobre regulamentação e segurança precisam ser ponderadas ao criar apólices

A inclusão de robôs humanoides em diversos setores da sociedade também levanta questões sobre a regulamentação e a segurança. Para que as seguradoras desenvolvam produtos eficazes, será necessário um acompanhamento atento das legislações que governam o uso de robôs em ambientes públicos e privados. Regulamentações sobre a operação de robôs em fábricas, hospitais e residências podem variar de acordo com o país ou a região, e as seguradoras terão que estar em conformidade com essas leis para oferecer proteção adequada. Além disso, a certificação de segurança dos robôs, realizada por órgãos reguladores, pode se tornar um critério importante na criação de apólices que garantam a confiabilidade dessas máquinas em diferentes contextos.

Players de seguros precisarão criar produtos que atendam às necessidades tecnológicas vigentes

O avanço dos robôs humanoides apresenta uma série de oportunidades e alguns desafios a serem ponderados pelo setor de seguros. Desde a educação e saúde até a assistência em eventos e tarefas domésticas, os robôs estão rapidamente se integrando ao cotidiano humano. As seguradoras e insurtechs devem estar atentas a essas mudanças e começar a desenvolver apólices que cubram os riscos associados ao uso dessas tecnologias, contanto que elas estejam ancoradas no preparo técnico e regulatório, já que isso será essencial para proteger tanto os usuários quanto os fabricantes e operadores dessas máquinas. Assim, com o mercado de robótica previsto para crescer substancialmente nos próximos anos, os players de seguros precisarão se adaptar a essa nova realidade, criando produtos que atendam às necessidades tecnológicas vigentes e garantam a segurança e a eficácia da interação entre humanos e robôs em diversas áreas da sociedade.

Postado em
8/10/2024
 na categoria
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