a sexta-feira (28), o Banco Central autorizou a implementação do PIX por aproximação, um novo formato de pagamento que permite transações sem a necessidade de QR Codes ou acesso direto ao aplicativo bancário. O recurso, que inicialmente está disponível apenas para dispositivos Android via Google Pay, propõe um avanço na experiência de pagamentos eletrônicos, tornando as transações mais rápidas e acessíveis. No entanto, essa inovação levanta reflexões sobre a abertura de algumas janelas perigosas, especialmente no que diz respeito à segurança digital e à proteção contra fraudes. Além dos impactos no cotidiano dos consumidores, esse novo modelo de pagamento levanta reflexões sobre suas implicações para o setor de seguros, que pode precisar se adaptar a novas demandas por proteção, sobretudo em ambientes de grandes aglomerações, como o Carnaval e eventos de grande porte.
A disponibilidade do PIX por aproximação depende da atualização dos terminais de pagamento nos estabelecimentos comerciais
No dia a dia, a facilidade de pagar por aproximação tende a acelerar as transações e estimular a adesão ao PIX em diferentes camadas da população. Apesar da autorização do Banco Central, essa modalidade de pagamento ainda não está disponível porque a implementação depende da atualização dos terminais de pagamento nos estabelecimentos comerciais, um processo que pode levar algum tempo para ser concluído em todo o país. Mas, como essa modalidade tem menos barreiras para o pagamento, a expectativa é que esse meio seja incorporado de maneira ampla no comércio.
"Fraudadores podem explorar essa facilidade para gerar cobranças indevidas em locais movimentados”
Apesar das facilidades oferecidas por esse meio de pagamento, quando se trata dos meios digitais, quanto maior é a simplicidade da operação, maior também é a preocupação com a segurança das transações. Thiago Amaral, professor na FGV/SP e no Insper, especializado em Meios de Pagamento e Fintechs, afirmou em entrevista ao portal O Tempo que a crescente adoção de meios de pagamento digitais, aliada à distração dos usuários, aumenta o risco de fraudes nesse período.
"Fraudadores podem explorar essa facilidade para gerar cobranças indevidas em locais movimentados. Além disso, caso um celular desbloqueado seja roubado, o criminoso poderá realizar transações antes que a vítima consiga bloquear o aparelho",disse ele.
Seguradoras devem revisar seus modelos de proteção contra fraudes bancárias
Essa nova funcionalidade pode exigir que seguradoras revisem seus modelos de proteção contra fraudes bancárias, uma vez que o risco de golpes e uso indevido dos dispositivos de pagamento se amplia. O ponto mais suscetível é a possibilidade de uso indevido do celular em caso de furto ou roubo. Como o PIX por aproximação elimina a necessidade de senha para valores menores, criminosos podem realizar transações antes que o dono do aparelho perceba a situação e consiga bloqueá-lo. Para as seguradoras, isso significa um possível aumento na demanda por coberturas voltadas à proteção contra fraudes financeiras, que garantam a devolução de valores pagos indevidamente. Além disso, cresce a necessidade de produtos que protejam o próprio dispositivo, considerando que ele se torna um meio direto de acesso a recursos financeiros.
Perigo se torna maior em eventos com grandes aglomerações
O impacto se torna ainda mais expressivo em eventos de grande porte, como o Carnaval. Nessas situações, onde há grande circulação de pessoas, o risco de furtos e golpes aumenta exponencialmente. Distrações momentâneas podem ser o suficiente para que um celular seja subtraído e, em poucos segundos, utilizado para transações não autorizadas. Além disso, em meio a multidões, criminosos podem usar maquininhas adulteradas para capturar dados de pagamento, tornando a transação digital um novo alvo para fraudes sofisticadas.
Tentativas de invasão de carteiras digitais ensejam a ampliação de coberturas de seguro voltadas à proteção contra crimes digitais
A questão da segurança cibernética também se insere nessa equação. A possibilidade de vincular contas bancárias a carteiras digitais abre margem para tentativas de invasão e exploração de vulnerabilidades no sistema. Para o setor de seguros, isso pode significar a necessidade de ampliação de coberturas voltadas à proteção contra crimes digitais, além da criação de soluções mais robustas para monitoramento e prevenção de riscos financeiros.
Novas métricas precisarão ser consideradas para entender os perfis de consumo e a exposição a fraudes
Outro ponto que pode impactar diretamente o mercado de seguros é a adaptação dos critérios de análise de risco. Com pagamentos cada vez mais ágeis e automatizados, novas métricas precisarão ser consideradas para entender os perfis de consumo e a exposição a fraudes. A coleta e a análise de dados financeiros podem se tornar ferramentas fundamentais para seguradoras no desenvolvimento de novos produtos e na precificação de apólices.
Algumas medidas podem ajudar a minimizar riscos
O fato é que tanto os usuários quanto o mercado de seguros precisarão se adaptar. Medidas como a configuração de limites de transação, autenticação em dois fatores e a ativação de notificações em tempo real podem ajudar a minimizar riscos. Em relação às seguradoras, uma possibilidade interessante é buscar parcerias com bancos e fintechs para desenvolver mecanismos mais eficazes de segurança digital, garantindo proteção ampliada aos clientes.
Inovação e segurança devem caminhar lado a lado para as seguradoras
O impacto do PIX por aproximação no setor de seguros não se resume a uma questão de adaptação pontual, mas sim a uma mudança estrutural nas dinâmicas de proteção financeira. O crescimento dessa modalidade exigirá um olhar atento das seguradoras, que precisarão oferecer coberturas compatíveis com os novos padrões de risco e com as necessidades dos consumidores, afinal, a segurança é um fator determinante para a confiabilidade das transações digitais. Para os usuários, isso implica em uma maior responsabilidade na proteção de seus dispositivos e no uso consciente da nova ferramenta. Para as seguradoras, significa que a inovação e segurança devem caminhar lado a lado para garantir um mercado mais preparado para o futuro dos pagamentos digitais.