problemática da segurança alimentar
De acordo com uma matéria da Veja, o crescimento populacional global torna a distribuição de alimentos mais desafiadora, impactando 2,4 bilhões de pessoas que enfrentam insegurança alimentar moderada ou grave, segundo a FAO (Food and Agriculture Organization). Além disso, 3,1 bilhões não conseguem pagar por uma dieta equilibrada. No Brasil, 65 milhões de pessoas vivem nessa condição e apesar da produção de alimentos ser suficiente, sua distribuição desigual gera fome e desnutrição. Fatores como conflitos armados, crises econômicas, mudanças climáticas e pandemias agravam o problema. Essa realidade corrobora o quadro de insegurança alimentar, que vai além da falta de acesso aos alimentos, mas percorre a baixa qualidade nutricional dos que são consumidos. A substituição de opções saudáveis por ultraprocessados gera uma nova forma de insegurança alimentar, onde a má qualidade nutricional compromete a saúde da população.
O cenário da insegurança alimentar no Brasil
Segundo o boletim informativo do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), 68% da população brasileira consome regularmente bebidas adoçadas e outros produtos de baixo valor nutricional. Essa tendência é preocupante, pois os alimentos ultraprocessados estão associados a uma série de problemas de saúde, como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares. Esses alimentos são caracterizados por conterem ingredientes artificiais, aditivos e uma quantidade elevada de açúcar, gordura e sódio, porém, por serem mais saborosos e acessíveis, acabam sendo escolhidos mais frequentemente para ocuparem os lares de boa parte da população. A matéria do CONASS também alerta que pesquisas indicam um aumento no consumo de ultraprocessados, especialmente entre adolescentes, e uma redução na ingestão de alimentos tradicionais como arroz e feijão. Dados da Secretaria de Saúde do DF mostram que, em 2022, 83% dos adolescentes acompanhados consumiram ultraprocessados, 41% comeram macarrão instantâneo ou salgadinhos e 55% consumiram doces e biscoitos recheados. O percentual de crianças e adolescentes com excesso de peso também tem crescido, e essa realidade, combinada com a desigualdade social e econômica no Brasil, agrava a insegurança alimentar.
Lupa de alto teor: novo alerta nutricional da Anvisa
A lupa de alto teor, aprovada pela Anvisa, é um símbolo obrigatório na rotulagem frontal de alimentos com altos níveis de açúcar adicionado, gordura saturada e sódio. Seu objetivo é alertar os consumidores de forma clara e direta, incentivando escolhas alimentares mais saudáveis. Segundo o Food Connection, estudos indicam que esse tipo de aviso visual influencia positivamente a decisão de compra e contribui para a redução do consumo de ingredientes prejudiciais à saúde. A medida faz parte da Instrução Normativa 75/2020, que define os critérios de rotulagem nutricional para produtos embalados. Alimentos como biscoitos, salgadinhos, refrigerantes e congelados, que normalmente contêm aditivos e conservantes, estão entre os principais alvos da regulamentação. A implementação da lupa busca reduzir o consumo de substâncias prejudiciais à saúde, além de fomentar a transparência na indústria alimentícia, trazendo maior consciência para o público consumidor.
A ação do Seguro Saúde frente à insegurança alimentar
Para enfrentar a insegurança alimentar e os problemas associados ao consumo de alimentos ultraprocessados, o setor de seguro saúde pode implementar várias estratégias:
- Educação nutricional: Promover programas de educação que informem os segurados sobre a importância de uma dieta equilibrada e os riscos associados ao consumo excessivo de ultraprocessados. Isso pode incluir parcerias com nutricionistas e workshops sobre alimentação saudável.
Cobertura de produtos saudáveis: Incentivar a inclusão de produtos saudáveis na lista de coberturas, como frutas, verduras e alimentos integrais, facilitando o acesso a opções nutricionalmente adequadas.
Políticas de incentivo: Criar programas de incentivo para segurados que adotem hábitos alimentares saudáveis, como descontos em mensalidades ou prêmios para aqueles que participam de atividades de promoção da saúde.
Parcerias com redes de apoio: Colaborar com ONGs e instituições de saúde para desenvolver iniciativas que abordem a insegurança alimentar em comunidades vulneráveis, promovendo o acesso a alimentos de qualidade.
Um aliado na busca por uma alimentação mais saudável
A dependência de alimentos ultraprocessados no Brasil e no mundo não é um problema nutricional exclusivamente, mas um reflexo da insegurança alimentar e das desigualdades socioeconômicas. Esses produtos, apesar de acessíveis e práticos, estão diretamente ligados ao aumento de doenças, impactando o sistema de saúde e a qualidade de vida da população. Diante desse cenário, o seguro saúde se fortalece como um agente na promoção do bem-estar. Além de garantir acesso a tratamentos, consultas e exames, ele pode assumir um papel preventivo, incentivando hábitos saudáveis por meio de programas de educação nutricional, acompanhamento médico e benefícios para quem adota uma alimentação equilibrada. A interseção entre nutrição, saúde e seguridade exige soluções inovadoras. Promover a conscientização sobre nutrição nas políticas de seguros ajuda a fortalecer a saúde de seus beneficiários, contribuindo para a redução de doenças crônicas associadas à má alimentação. Assim, o combate à insegurança alimentar vai além da mesa: passa também pela inovação no setor de seguros, transformando a cobertura em um agente ativo na construção de uma vida mais balanceada e, consequentemente, mais saudável.