biometria de voz e seu papel na segurança digital
A biometria de voz surge como solução de método de identificação supostamente mais seguro e prevenir fraudes em diversos setores. No Brasil, a startup Minds Digital lidera essa inovação, disponibilizando uma tecnologia capaz de reconhecer usuários por meio de mais de 400 características vocais, como tom, ritmo e entonação, em menos de três segundos. Essa solução, que pode ser aplicada em bancos e serviços de telemarketing, já despertou o interesse do mercado. Após um investimento de R$1,5 milhão em 2022, o grupo BR Angels decidiu reforçar seu aporte com mais R$1,5 milhão em 2024. Para Marcelo Peixoto, fundador da Minds Digital, a biometria de voz é uma resposta eficaz ao aumento das fraudes de engenharia social, golpe em que criminosos utilizam dados vazados para enganar clientes e acessar suas informações. Ele destaca que mais de 90% das fraudes no Brasil ocorrem dessa maneira.
Novo modelo de autenticação contribui para o fim das senhas tradicionais
A biometria de voz utiliza características únicas do som da voz de um indivíduo para autenticar sua identidade. Diferente de senhas e PINs, que podem ser roubados ou descobertos, a biometria de voz, assim como o reconhecimento facial, podem ser soluções mais eficazes e menos suscetíveis a fraudes, oferecendo um nível adicional de segurança. A tecnologia vem sendo empregada amplamente, e, no setor financeiro, a expectativa é que as senhas tradicionais desapareçam até 2030, segundo o presidente da Mastercard Brasil. A empresa aposta na autenticação biométrica, incluindo reconhecimento facial e comportamental, para oferecer mais segurança sem comprometer a experiência do usuário.
Como incorporar a biometria de voz nos serviços de seguros
As seguradoras podem incorporar a biometria de voz em diversos processos para garantir maior segurança aos clientes. Um dos principais benefícios dessa tecnologia está na autenticação de clientes durante os atendimentos. A biometria de voz também pode ser aplicada na prevenção de fraudes em sinistros, garantindo que apenas o verdadeiro titular do seguro tenha acesso ao processo de reclamação e evitando pagamentos indevidos. Fora isso, o acesso a dados sigilosos é um dos principais alvos de cibercriminosos, e a utilização da biometria de voz pode dificultar tentativas de invasão ou uso indevido dessas informações. Dessa forma, as seguradoras podem garantir maior segurança para seus clientes, reduzindo prejuízos financeiros e aprimorando a experiência do usuário. Em um cenário onde as ameaças digitais evoluem, a adoção de soluções estratégicas e efetivas se revelam indispensáveis para a manutenção da credibilidade e eficiência dos serviços de seguros.
Dispositivos que escutam: risco ou avanço tecnológico?
Apesar da biometria de voz ser mais segura do que outras formas de autenticação, no cenário atual – em que dispositivos eletrônicos estão cada vez mais presentes no cotidiano e muitas vezes nos escutam sem que percebamos – a segurança digital se revela uma preocupação. Embora não haja provas definitivas de que dispositivos escutam conversas, especialistas indicam que microfones podem ser ativados sem consentimento explícito. “Nossos telefones nos escutam, principalmente, por meio de ferramentas embutidas, como Siri ou Google Assistente”, alegou um representante do Compare and Recycle. “Para entender nossas vozes e solicitações com precisão, as aplicações precisam nos ouvir extensivamente. Isso significa que os aparelhos podem ouvir nossas conversas, mesmo quando não percebemos.” Ainda de acordo com ele, alguns aplicativos “escondem cláusulas nos seus termos e condições que permitem acesso ao microfone do celular e, como consequência, às conversas feitas enquanto o aplicativo está em uso”, o que pode favorecer a venda de informações para terceiros utilizarem como alvo de propagação de anúncios direcionados.
Fraudes por clonagem de voz e o impacto no setor de seguros
Outro fator preocupante é a possibilidade de clonar vozes, que indica um novo desafio para a segurança digital e, consequentemente, para esse modelo de identificação. Com uma estratégia de clonagem de voz, fraudadores já utilizam gravações manipuladas para enganar bancos e empresas, causando prejuízos. Um teste recente demonstrou que, por apenas cinco dólares, é possível criar deepfakes de voz a partir de um clipe de áudio de 30 segundos, em poucos minutos. Como gravações de voz podem ser facilmente obtidas — seja de figuras públicas, políticos ou executivos — o risco de fraudes e outros crimes cresce consideravelmente. Portanto, é preciso adotar medidas para impedir esse tipo de ação para que os usuários não sejam alvo de criminosos.
É importante verificar brechas para manter a segurança dos clientes
A biometria de voz se apresenta como uma ferramenta interessante, oferecendo um método de autenticação que vai além das senhas tradicionais, aproveitando as características únicas de cada indivíduo para garantir uma identificação mais segura. Contudo, mesmo com essas tecnologias avançadas, é de extrema importância que as seguradoras permaneçam vigilantes em relação às brechas de segurança que possam ser exploradas por cibercriminosos. À medida que a tecnologia avança, os criminosos também se tornam mais sofisticados em suas táticas. Por isso, as seguradoras devem implementar uma abordagem proativa na identificação e correção de vulnerabilidades. Isso envolve um investimento contínuo em inovação e na atualização de sistemas de segurança, além de promover a conscientização entre os clientes sobre os riscos associados ao uso de dispositivos que possuem assistentes virtuais e a importância de verificar os termos de consentimento. Assim, as seguradoras podem fortalecer sua reputação, criando um ambiente de confiança, onde os clientes se sintam seguros ao utilizar seus serviços.