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Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) anunciou recentemente a substituição do WhatsApp pelo aplicativo UNA como sua principal ferramenta de comunicação interna. A decisão, divulgada em 13 de janeiro, foi justificada pela preocupação com a segurança das informações compartilhadas entre membros da instituição e outras autoridades governamentais. De acordo com o presidente da ABDI, a troca reflete a necessidade de proteger dados sensíveis e evitar o uso de um aplicativo controlado por uma empresa estrangeira, especialmente em um momento em que mudanças nas políticas da Meta, controladora do WhatsApp, têm gerado debates sobre privacidade e moderação de conteúdo.

Motivos para a troca de aplicativo

Entre os motivos apresentados pela ABDI, está o receio de que o Brasil esteja excessivamente dependente de plataformas estrangeiras para a gestão de comunicações estratégicas. Essa preocupação ganhou força em agosto do ano passado, quando o presidente da agência declarou que o país estaria exposto ao continuar utilizando ferramentas que não garantem total soberania sobre os dados transmitidos. Ele afirmou: “O Brasil está absolutamente exposto. Não é razoável que altas autoridades da República ainda se comuniquem através de um aplicativo de mensagens proprietário de uma empresa estrangeira que representa interesses estratégicos estranhos ao interesse nacional”. O anúncio da Meta de flexibilizar os filtros e a checagem de conteúdos nas suas redes sociais aumentou as dúvidas sobre a segurança das comunicações realizadas via WhatsApp, incentivando a busca por uma alternativa mais alinhada às necessidades do governo.

Medida reforça um movimento estratégico para mitigar possíveis vazamentos de dados e fortalecer a soberania digital do país

O UNA, desenvolvido com foco em segurança e criptografia, foi escolhido para substituir o WhatsApp, justamente por oferecer maior controle sobre as informações transmitidas e eliminar riscos associados ao uso de ferramentas de empresas internacionais. Essa medida reforça um movimento estratégico para mitigar possíveis vazamentos de dados e fortalecer a soberania digital do país, colocando em pauta um debate mais amplo sobre a segurança da informação em tempos de digitalização. Esse contexto cria uma oportunidade para discutir os reflexos dessa decisão em setores sensíveis, como o mercado segurador, onde dados confidenciais e a gestão de riscos desempenham papel central nas operações.

Resposta direta a desafios contemporâneos

A decisão da ABDI vai além das questões tecnológicas. A medida aponta para preocupações mais amplas relacionadas à governança e ao gerenciamento de riscos em organizações, um tema que ganha relevância no setor segurador, especialmente diante da rápida digitalização das operações corporativas.

A adoção de um aplicativo desenvolvido com foco em segurança e criptografia reflete uma resposta direta a desafios contemporâneos. Com o avanço tecnológico, organizações públicas e privadas estão mais expostas a riscos operacionais associados a falhas de segurança, vazamentos de dados e ataques cibernéticos. No setor de seguros, essas vulnerabilidades representam não apenas riscos para as próprias empresas, mas também para seus clientes e parceiros, cujas informações sensíveis exigem proteção rigorosa.

Para as seguradoras, movimento da ABDI reforça a necessidade de avaliar as apólices de cibersegurança e os procedimentos internos de governança

O movimento da ABDI sinaliza uma tendência mais ampla de priorização de práticas que garantam a resiliência das operações. Para as seguradoras, isso reforça a necessidade de avaliar as apólices de cibersegurança e os procedimentos internos de governança de seus segurados. No mercado digitalizado de hoje, empresas que negligenciam a proteção de dados ou a gestão de riscos tecnológicos podem enfrentar dificuldades para acessar coberturas adequadas, além de comprometerem sua reputação.

Nesse debate, a governança corporativa é fundamental. No contexto da digitalização, ela deixa de ser um conceito abstrato e passa a exigir ações concretas, como auditorias frequentes, adoção de tecnologias seguras e formação de equipes especializadas em gestão de riscos. No caso da ABDI, a decisão de trocar de aplicativo demonstra como práticas de governança podem ser usadas para mitigar exposições e garantir maior controle sobre processos internos. No setor segurador, essa visão tem potencial para influenciar tanto o desenho de produtos quanto as exigências feitas a empresas que buscam proteção.

As tecnologias utilizadas no dia a dia das organizações devem atender a critérios rigorosos de segurança e alinhamento estratégico

O gerenciamento de riscos também deve ser destacado. Como as ferramentas digitais se tornaram indispensáveis, é necessário revisar constantemente as políticas de segurança e identificar vulnerabilidades antes que elas se transformem em incidentes. A decisão da ABDI reforça a percepção de que as tecnologias utilizadas no dia a dia das organizações não podem ser escolhidas apenas pela conveniência ou popularidade, mas devem atender a critérios rigorosos de segurança e alinhamento estratégico. Essa abordagem está diretamente conectada ao trabalho das seguradoras, que precisam calcular com precisão os riscos associados a tecnologias e práticas operacionais de seus clientes.

Decisão é exemplo sobre como as companhias precisam estar preparadas para recalibrar suas avaliações de risco

Além disso, a decisão é um exemplo para o mercado segurador em relação a áreas como seguros de responsabilidade civil para executivos e coberturas para riscos operacionais no seguinte sentido: se mudanças institucionais ou regulatórias podem alterar as condições de operação de uma organização, como ficou claro pela medida da ABDI, as seguradoras precisam estar preparadas para recalibrar suas avaliações de risco. Esse impacto pode ser ainda maior para setores que dependem de alta estabilidade e previsibilidade, como tecnologia, energia e infraestrutura.

Movimento de soberania digital pode criar novas oportunidades de parceria com empresas de tecnologia e inovação 

A troca do WhatsApp pelo UNA também destaca a importância da soberania digital. Embora esse seja um tema mais comumente associado a discussões políticas, ele possui implicações para o setor de seguros. A preocupação com o uso de ferramentas estrangeiras para gerenciar dados sensíveis pode estimular o desenvolvimento de soluções tecnológicas nacionais. Para as seguradoras, esse movimento pode criar novas oportunidades de parceria com empresas de tecnologia e inovação, além de fomentar a criação de produtos específicos para atender às demandas de organizações que buscam fortalecer suas práticas de segurança.

Decisões tecnológicas precisam ser respaldadas por uma visão estratégica e de longo prazo

A narrativa construída pela ABDI ao adotar o UNA também reforça a ideia de que decisões tecnológicas precisam ser respaldadas por uma visão estratégica e de longo prazo. Isso serve como um lembrete importante para o setor segurador, que muitas vezes precisa lidar com os impactos de decisões apressadas ou mal planejadas por parte de seus clientes. Nesse sentido, a postura da agência pode funcionar como um exemplo sobre como iniciativas preventivas podem evitar problemas futuros e reduzir custos operacionais.

É preciso contribuir ativamente para a criação de um ambiente corporativo mais seguro

A decisão da ABDI não deve ser analisada de forma isolada, mas como parte de um movimento mais amplo que pressiona empresas e governos a reverem seus processos e práticas no contexto da transformação digital. No mercado segurador, isso significa ajustar produtos e serviços para atender às novas demandas e também contribuir ativamente para a criação de um ambiente corporativo mais seguro. Afinal, a proteção de dados e a gestão de riscos não são apenas responsabilidades individuais, mas uma necessidade coletiva que precisa ser melhorada na medida em que tem se tornado parte essencial do cotidiano das pessoas e das empresas.

Postado em
28/1/2025
 na categoria
Tecnologia

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