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brasileiro segue interessado na aquisição de veículos elétricos. Levantamento da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico) indica que, de janeiro a março de 2024, as vendas de eletrificados chegaram a 36.090. O número representa aumento de 145% sobre o mesmo período do ano anterior, quando foram vendidos 14.786 veículos (somando híbridos e 100% elétricos).

Mas como tem sido a experiência dos motoristas? Vale a pena trocar um carro a combustão por um totalmente elétrico? Como fica o seguro?

O analista de sistemas Alessandro Queiroz, 38, morador de Natal (RN), responde a essas perguntas e mais ao compartilhar a sua experiência como proprietário de um automóvel 100% elétrico no episódio desta quinta-feira (9) do “Tá Seguro?”, videocast do InfoMoney que descomplica o universo dos seguros. O programa já está disponível no YouTube e nas principais plataformas de podcast.

Alessandro conta que adquiriu o veículo no segundo semestre de 2023 e que, desde então, sua experiencia vem sendo “bem tranquila”. Ele relata que teve apenas um problema com o automóvel, quando por distração passou por cima de uma imperfeição entre a rua e o meio-fio, o que acabou danificando o pneu e a suspensão do carro. Por conta disso, deixou o carro na oficina até receber a peça que precisou ser trocada. “Até deveria ter acionado o seguro, mas devido à franquia ser mais alta do que o valor do reparo, então não valeu a pena, não acionei”, relata.

Na opinião do analista de sistemas, o custo alto da franquia (participação obrigatória do segurado no prejuízo e que é dedutível em cada evento de perda parcial) é o principal ponto negativo do seguro contratado para o elétrico. Ele também é proprietário de um carro à combustão e detalha a comparação com o custo do seguro de ambos.

“É um carro a combustão ano 2016, 2.0, que custa quase R$ 60 mil e ficou R$ 1.500 o seguro dele. Já no elétrico, ficou R$ 3 mil, mas como eu já tinha um seguro, eu não pude usar o bônus que eu tenho nesse, tive que fazer um seguro novo com bônus zero, sem nenhum tipo de desconto. Ficou o dobro, mas para um carro elétrico e que custa na faixa de R$ 150 mil reais, eu não achei caro. O que ficou caro nele, que eu já pesquisei, e não é só o meu perfil, é para todo mundo, é a questão da franquia, que está na casa dos R$ 7 mil”, exemplifica Alessandro.

De acordo com os especialistas, apesar de estar crescendo em número de vendas, o custo da franquia no segmento dos elétricos acaba sendo mais caro por alguns motivos:

  • ainda há poucos dados disponíveis para as seguradoras calcularem o custo médio de reparo e de tempo para a chegada das peças;
  • as tecnologias envolvidas também são mais caras;
  • há menos oficinais especializadas e habilitadas para fazer os reparos.

“Tudo que é novo tem um preço é mais caro e quem está disposto a pagar isso, os chamados ‘early adopters’, as pessoas que aderem primeiro a uma tecnologia, não se importam com preço de seguro nem com preço mais caro do carro, eles querem ter aquilo que é novidade”, comenta Carlos Augusto Roma, diretor da ABVE. “O veículo elétrico democratizou uma série de tecnologias que estavam presentes somente em ‘supercarros’”, acrescenta Roma.

De acordo com Geísa Pinheiro, coordenadora de Assistência e Sinistros da corretora de seguros Bancorbrás, a tendência é que o cenário mude e os preços reduzam em breve. “Até o mês de março tínhamos poucas seguradoras que aceitavam o veículo elétrico, mas hoje nós temos muito mais aceitando. Com o passar do tempo isso vai se normalizar. O valor da franquia vai reduzir, o prêmio [preço do seguro pago pelo consumidor à seguradora] também vai reduzir”, pondera.

Geísa explica também que outros fatores compõem o cálculo feito pela seguradora para cobrar o preço do seguro, como:

  • avaliação do perfil do cliente;
  • o modelo do carro;
  • histórico do condutor;
  • localização; e
  • valor das coberturas.

Segundo a coordenadora da Bancorbrás, a contratação de um seguro para o carro elétrico é muito semelhante ao “veículo convencional”. “O que nós temos de diferente é cobertura de bateria, do cabo de carregamento, carregador portátil”, pontua. Outra diferença é no serviço de assistência 24h, explica Geísa, já que pode ser disponibilizado um reboque para o ponto de recarga mais próximo ou até a residência do segurado que ficar com o carro sem bateria no meio do caminho.

Para evitar essa situação, Alessandro conta que sempre calcula o percurso total de uma viagem para que não ultrapasse a quilometragem da autonomia da bateria do seu carro, que é de 300 quilômetros.Eu acho a infraestrutura muito fraca ainda de carregamento. Aqui é uma capital, mas ainda assim tem poucos pontos”, diz, reforçando que não dá para ficar na expectativa apenas de usar os carregadores gratuitos disponibilizados pelas fabricantes em postos ou shoppings, por exemplo. “Mas são carregadores lentos, daqueles de corrente alternada, que dependendo da bateria que você tem, vai ficar lá 3, 4, ou 6 horas carregando. É inviável”, salienta Alessandro. Ele conta que instalou um carregador para si no condomínio onde mora justamente para não depender da disponibilidade de pontos na rua.

Para Carlos Roma, da ABVE, a infraestrutura de recarga é um “ponto em transformação”. “O que vem antes: a infraestrutura de recarga ou um carro barato? É claro que um carro barato, porque se você fizer uma infraestrutura de recarga de cobertura nacional, não vai ter carro suficiente para abastecer e essa infraestrutura custa muito dinheiro, você carregando ou não carregando ali”, observa.

Roma indica que, com a evolução do mercado, em breve não haverá mais postos de recarga gratuitos, assim como já não existe “gasolina ou diesel de graça”.

Postado em
9/5/2024
 na categoria
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